Democracia e América Latina

Política - A democracia é sempre um termo empregado pela mídia como a concretização de um mundo de igualdades e liberdades. Difícil pensar em uma sociedade livre, considerando as milhares de amarras econômicas, políticas e culturais existentes. Na América Latina a vitória de líderes, tidos como de esquerda e socialistas, gera o debate sobre a formação política de uma região que caminha para o autoritarismo. Mas quando é que por aqui se houve, de fato, esta democracia que tanto se discute e defende nas páginas de jornais e nos palanques eleitorais? Infelizmente ao longo da história, os países latinos conviveram com a escravidão, a espoliação de suas culturas e riquezas. O resultado foi pobreza, marginalidade e corrupção. Verdade é que se o sistema democrático existisse como se apregoa, dificilmente haveria necessidade de surgimento de novas lideranças em meio a uma guerra de estímulo para a manutenção de uma estrutura milenar e conservadora.

A vitória de Evo Morales, na Bolívia; Rafael Correia, no Equador; Fernando Lugo, no Paraguai; Hugo Chaves, na Venezuela e ainda o presidente operário Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil representa a necessidade da tomada de um quinhão do poder político e econômico pela população, sem recursos e marginalizada ao longo de vários séculos. Os Latino-americanos na década de 80 se viram tão preocupados com o domínio dos meios de comunicação de massa, defensores da democracia de mercado, na região que se reuniram apressadamente no sentido de promover a busca de uma nova ordem que preservasse a cultura dos países à mercê da indústria do entretenimento e futilidades.

Como se vê na contemporaneidade, os países dominantes não tinham razão sobre seu modelo de democracia, pois, em pleno século das tecnologias da informação, são responsáveis por uma crise que leva o caos a diversas economias mundiais , muitas vezes obrigadas ao remédio amargo das receitas prontas de nações centrais. O consenso de Washington foi um desastre pouco discutido, seus reflexos podem ser sentidos literalmente. Assim, afortunados de um lado, mesmo diante da crise, e países na periferia econômica, obrigados a medidas duras para se livrarem do pesadelo do desemprego e empobrecimento da população. Alguma coisa, então, sempre esteve fora do lugar, e há muitos séculos. A tomada de decisão de alternativas no poder, mesmo considerando, um discurso radical torna-se uma saída para a sobrevivência. Desta forma, o alto índice de aceitação destes líderes não-democráticos advém da capacidade exagerada de grupos minoritários da ordem em centralizar recursos e capital.

Na berlinda ficam muitos líderes que repetem as fórmulas já desgastadas de uma democracia de mercado, redução do estado, fim da história. No Brasil, existem muitos parlamentares desta linha de pensamento que tentam mudar o discurso para manter tal ordenamento. Alinhados com esta determinação reacionária vêm veículos de comunicação de massa e intelectuais que não apearam do poder centralizado, que espera conscientizar a massa, vista como ignorante. Eis o começo de uma outra história.

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