Redes sociais, o fora e dentro do poder

Há uma frase com sentido que diz: “Fora Marconi”; cabe ao governo se mostrar o “Dentro Marconi”, o que exige ações e comprometimento com a coisa e opinião pública

Política regional – A internet ainda é meio de comunicação que precisa ser entendido na sua inteireza, quanto às possibilidades de mobilização e informação. No entanto, em Goiás se mostra efetiva e com resultados que precisam ser considerados.

A manifestação no centro da capital do Estado, em torno do palácio do governo estadual, simbolicamente onde atua o poder político, oferece a condição para tentativa de entender a opinião pública regional, e a participação de grande parte de populares nas decisões sociais.

O “Fora Marconi” chamou a atenção das mídias, mesmo que alguns veículos preferiram tratar o assunto como apenas um movimento de esquerda radical, ou, no caso de jornais nacionais, fez de conta que nada existiu.

Os movimentos sociais, às vezes, silenciosos se formam a partir de um consenso das várias pessoas que entendem viver injustiçada pela atuação de seus representantes eleitos, o que gera uma sensação de ter cometido erros, tendo sua consciência atingida, no sentimento de confiança partidária e liderança.

A resposta do público se mostra cada vez mais imediata e, por vezes, necessária. Embora haja a imprensa que se volta para as massas, o público se mostra heterogêneo e crítico, quando há acontecimentos que o atinge, com se vê, sobretudo no político.

A quantidade de pessoas que fizeram parte do movimento não dá conta de todo o significado do evento – mais de três mil pessoas, conforme alguns jornais da capital -, pois certamente seria apenas a ponta de um iceberg, com inúmeras outras que não estiveram ali, mas fazem parte do consenso.

As manifestações exige atenção dos políticos quanto a sua visibilidade dos dias atuais, com as mídias sociais e novos meios de informações que surgem, dentre eles os blogs, além da imprensa tradicional, e a postura crítica de uma sociedade que convive com frequência sob injustiças, locais e globais.

Há uma frase com sentido que diz: “Fora Marconi”; cabe ao governo se mostrar o “Dentro Marconi”, o que exige ações e comprometimento com a coisa e opinião pública.

Blogueiros progressistas

Outro evento importante em Goiânia, realizado no auditório da Câmara Municipal, foi o debate sobre tema ‘‘O Estado, a Lei e a ação social – a força do ativismo em prol da democratização das comunicações, nos termos da lei e das políticas públicas vigentes’’.

Sendo uma discussão nacional, o encontro na capital do Estado, revela a busca de dar fluxos à informação pública. Como objetivo permitir mais acesso à população as mensagem sobre os acontecimentos sociais em diferentes regiões.

O aumento na quantidade de fontes na comunicação se revela um dos pontos a serem atacados para uma comunicação verdadeiramente democrática. Longe de ser uma questão simples, trata-se de um assunto que deve continuar em pauta para o bem da humanidade que se comunica.

Jornalismo, entre o discurso e a prática

Se realmente as análises são pertinentes, corroborando com o pensamento da editora-chefe, com as novas mídias de informações e ampliação da comunicação na sociedade, o jornalismo oficial vai perdendo terreno e sendo questionado pela opinião  pública

Imprensa regional - A análise da Jornalista e editora do jornal O Popular de Goiânia é muita lúcida, de questionar o uso excessivo de fontes oficiais na imprensa brasileira, regional e local. Uma discussão difícil para se chegar a um consenso, mas é possível observar que algumas empresas, apesar de não admitir atitude de conivência com governos, o fazem com frequência.

O maior jornal de Goiás realmente dá mostras de seu interesse em tratar a operação Monte Carlo, mas há sempre a dúvida qual a linha editorial do jornalismo, quando a opinião pública não está sensibilizada, como é o caso do momento, em que o Brasil está informado sobre as relações ilícitas de partes da política Goiânia e Brasília. As informações tem fluxo de externo para o externo e vice-versa.

Acreditar em imprensa revolucionária não seria de fato prudente, nos dias que seguem. A rigor, as transformações sociais se relacionam exatamente com a comunicação e não com movimentos violentos, fomentados por jornais radicais – sempre raros. O debate e mudanças passam pela participação social e mobilização da opinião pública, pela informação e tomada de decisões.

Neste terreno jornais como o Popular ganham importância e pode, em determinados momentos, não responder à tentativa de alternância no poder. Aqui há uma discussão difícil sobre a questão “negócio” da empresa de comunicação, que afeta as redações. Mas este não é o único ponto a ser analisado.

Como entende-se, já senso comum, não há veículos de comunicação neutros ou que definem a objetividade como meta, pois não existe – talvez o que se busca é o mais próximo do objetivo. A definição de uma matéria em rodapé, como é o caso das manifestações em praça pública, definem a posição da editoria de política.

Outro fator importante, que o Popular negligencia, é a falta de uma opinião eclética, pois o seu editorial e as opiniões se isentam das discussões em pauta. O debate precisa ser feitos, com ampliação de vozes no jornalismo.

Em tempo, o Jornal O Popular, não há dúvida, tem grande importância para o debate público. Afinal é o mais lido pelos formadores de opinião, o que no final apenas ratifica a abordagem crítica, inclusive feita pela jornalista.

Se realmente as análises são pertinentes, corroborando com o pensamento da editora-chefe, com as novas mídias de informações e ampliação da comunicação na sociedade, o jornalismo oficial vai perdendo terreno e sendo questionado pela opinião  pública.

Notória a dificuldade de sobrevivência de algumas empresas de comunicação neste “mercado de ideias”, como é o ícone deste processo do americano New York Times, que sofre com a perda de audiência no seu jornal tradicional e caminha para o nervoso do mundo digital.

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Jornal O Popular / Opinião
Da redação
Cileide Alves

Imprensa e crises

A Operação Monte Carlo, desencadeada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) em 29 de fevereiro, revelou ao Brasil o esquema grandioso montado por Carlos Augusto Ramos, o Carlos Cachoeira, para sustentação de jogos ilegais e também de uma teia envolvendo autoridades no lobby de negócios milionários de empresas com governos e prefeituras.

A complexidade dessa ramificação, que levou o PF e o MPF a denunciá-lo e a mais 80 pessoas não apenas por contravenção, mas também por corrupção ativa e passiva, tem surpreendido a sociedade. Entretanto, quem acompanhou O POPULAR nos últimos anos tinha noção dos interesses e da forma de agir do empresário.

Em 7 de dezembro de 2005, O POPULAR publicou a reportagem Denunciada venda de sentença para Cachoeira, informando sobre denúncia contra um juiz, um procurador de Justiça aposentado e Cachoeira, acusados de compra de sentença favorável à Gerplan, empresa de loteria do empresário. O jornal acompanhou essa denúncia, que segue sem decisão e em segredo de Justiça no Tribunal de Justiça de Goiás.

Em 21 de maio de 2006, O POPULAR mostrava em Os negócios suspeitos do lixo que licitações irregulares, contratos superfaturados ou não executados e troca de favores no jogo político eram vícios comuns na prestação terceirizada de serviços de limpeza urbana e que uma empresa do empresário estava entre as beneficiadas nessas licitações em Goiás.

A suspeita de envolvimento de policiais militares com o esquema de jogatina montado pelo empresário também já foi muito retratada pelo jornal. Caso da reportagem, Bingos funcionam sob vista grossa da polícia (19/12/07), com flagrantes fotográficos de carros da polícia dando proteção a casas de jogos em Goiânia. Novamente o assunto apareceu em Policiais coniventes com jogatina estão impunes (5/1/08).

Esse histórico mostra a gravidade do assunto, a necessidade da defesa da legalidade e do Estado de Direito e a relevância do assunto para a sociedade goiana. Por isso, desde que a Operação Monte Carlo foi desencadeada, O POPULAR tem dedicado intensa cobertura do caso e em 46 edições impressas desde então ele foi manchete 29 vezes. Nos dias em que não foi manchete, ganhou chamada de destaque na capa do jornal. A maioria com informações inéditas.

A imprensa precisa aprimorar-se, encontrar caminhos para fugir do oficialismo, da burocratização e da inércia, males que ainda assolam muitas redações. Há pelo Brasil veículos que se enquadram no primeiro time, como também veículos que buscam aperfeiçoar-se e fazer um jornalismo que seja cada vez mais relevante para seus leitores e para a sociedade. O POPULAR, que completou 74 anos dia 3 de abril, se inclui neste segundo grupo.

Censura, que viver verá

O coronelismo eletrônico ainda não veio a óbito, mas está enfraquecida em vários lugares no Brasil. A tendência otimista é que a comunicação permita mais participação social, o que aumenta a visibilidade e atos de corrupção e ilegalidade
 
 Jornalismo em questão – A operação Monte Carlo instalou em Goiás criou uma instabilidade política jamais pensada pelos críticos do jornalismo, nem mesmo pelos mais pessimistas. A exploração das denúncias pegou de surpresa grande parte da opinião pública e evidenciou, por sua vez, a fragilidade da imprensa regional. Cada vez mais comum ouvir entre colegas a dificuldade de tratar do assunto em alguns veículos de comunicação, sem ser advertido.

Pode ser que, diante da dependência financeira do Estado, alguns órgãos prefiram sacrificar o funcionário com demissão a perder sua cota de publicidade institucional. Condição que coloca alguns jornalistas em alerta durante a apresentação de seus programas “jornalísticos” e mesmo de entretenimento.

Os sinais de autocensura da imprensa regional demonstra a falta de uma política democrática, com direito a liberdade de expressão que chegue à população. Caso a mídia seja cerceada, por dentro de suas redações, evidencia os intransponíveis filtros que se estabelecem nos meios de comunicação. Ainda pior, alguns profissionais são contratados conforme seu posicionamento político e confiabilidade de sua fala, quanto ao grupo no poder, em sintonia. Lastimável.

Mas há um fato que precisa ser evidenciado, as informações sobre Monte Carlo chegam ao Estado agendado por diversos veículos de comunicação – revistas e jornais – de outras regiões, inclusive de blogs com alto índice de audiência. A rigor, não é possível nem em Goiás e outras regiões acreditarem numa política apenas localmente. As informações fluem formando redes de interesses, ademais, com partidos cada vez mais dependentes de suas relações regionais. Os movimentos são rápidos.

O coronelismo eletrônico ainda não veio a óbito, mas está enfraquecida em vários lugares no Brasil. A tendência otimista é que a comunicação permita mais participação social, o que aumenta a visibilidade e atos de corrupção e ilegalidade.

Os governos – políticos especialmente, mas representantes sociais – estão cada vez mais vigiados do que em tempos dos coronéis do sertão. Num olhar pessimista, há ainda os líderes políticos que acreditam na falta de informação para a perenidade no poder. Quem viver verá!

Escola para o jornalismo

Alguns veículos exageram, transformando suas páginas em apenas assessoria de governo. Uma lástima
Imprensa – Os brasileiros que se informam diariamente mantém uma questão que se arrasta por séculos: o jornalismo é realmente isento? Responde a jogo de interesses, principalmente nos campos político e econômico? A dificuldade da resposta está exatamente no sim e não, pois a imprensa deve buscar constantemente a ética, ou seja, tratar os fatos objetivamente, mesmo considerando a subjetividade do jornalista e empresa. No entanto, um meio de comunicação não sobrevive, nos dias atuais, sem recursos públicos e das empresas – sua fonte de renda.

Parece óbvio, mas nem sempre foi assim, em muitos casos, a imprensa viveu na dependência de partidos políticos. De fato, não é o caso dos dias contemporâneos, de mercado e riquezas capitalistas.

O mais importante, portanto, é saber que não é possível viver sem os meios de comunicação, diante de um mundo cada vez complexo e rápido. Entretanto, entender como se constituem a grandes imprensas é uma tarefa obrigatória do leitor/espectador/consumidor. No interior do Brasil, por exemplo, é consenso dos profissionais midiático a dificuldade de perseverar no setor sem verbas públicas, o que no final amarra linha editorial e políticos de plantão – nem sempre com interesses públicos, mas particulares.

Alguns representantes políticos, por seu turno, usam deste mecanismo para impedir o livre fluxo de informação que chega à população, e diz respeito às críticas contra o seu governo. Alguns veículos exageram, transformando suas páginas em apenas assessoria de governo. Uma lástima.

Mas e os grandes jornais, dos grandes centros econômicos? O esquema aí é outro: a relação se dá com a política, evidentemente, mas se relaciona profissionalmente com as grandes indústrias, empresas tradicionais e comércio, de onde saem os seus recursos. Desta forma, são ressalvados os interesses, o que tem reflexo no território político.

A revista Veja, para citarmos apenas um exemplo, é emblemático, pois na sua defesa está o liberalismo econômico globalizado, o qual angula suas matérias, conforme a predisposição do mercado. Contudo, não se pode desprezar sua importância e capacidade para formar opinião. Deste modo que, insistimos, deve-se conhecer suas prerrogativas de relações.

Evidentemente que isso não ocorre em São Paulo e Rio de Janeiro, mas em Goiás, Brasil. Neste sentido, o pesquisador da comunicação Pedrinho Quareschi tem razão, toda criança deveria ter na escola uma disciplina que estudasse a mídia. Certamente, haveria mais participação e exigência dos direitos de consumidor e cidadão.

Crise política e a legimitidade das fontes no jornalismo

Não é verdade, contudo, que o jornalismo seja apenas interesses políticos e econômicos. Mas entender de mídia certamente deveria fazer parte da educação de um país como o Brasil
 
Comunicação democrática – Para as pessoas mais atentas um fato chamou a atenção sobre o caso Monte Carlo, que envolve o senador da oposição Demóstenes Torres (DEM): a credibilidade das fontes. Se o democrata passeou pela mídia conservadora, de um instante para outro se transformou, com o escândalo, no ícone da falta de moral, comprometimento com a ilegalidade e desrespeito com a coisa pública.

O que se percebe, então, é que há um contrato tácito que se diz: “apoiamos o seu discurso, mas a responsabilidade é inteiramente sua, caso algum dê errado vou dizer que suas afirmações foram realmente levianas”. Entretanto, o jornal folha lamentou a perda de poder do político, quando afirma, em editorial na edição de 30 de março, que:  “A legenda perderia um de seus principais quadros, mas essa decisão cabe apenas ao DEM”. Evidentemente não ao jornal paulista.

Com exceção de Carta Capital que se posiciona crítico aos partidos conservadores de direita, as demais linhas editoriais da imprensa brasileira manteve relações estreitas com o democrata, capaz de criar constrangimento ao governo petista no senado, com repercussão nos jornais, das capitais, posteriormente com notícias agendadas para o “interior” brasileiro.

Assim, com uma oposição sem capacidade para se mobilizar, o discurso categórico do senador ganha notoriedade e apoio na comunicação midiática das grandes empresas. Caso emblemático ficou por conta das denúncias da proximidade de jornalista da revista Veja com a fonte ilustre, em Brasília.

Talvez seja mesmo tempo de prestar atenção nas vozes das fontes, ou seja, quem está permanentemente falando nos jornais. Será que a entrevista é decidida pelo jornalista ou segue uma linha editorial pré-definida por um grupo comunicante com o poder, conforme estratégia política? Portanto, as pessoas que passeiam na mídia revela a política do veículo, mas que convive com o insuportável peso da audiência, chamada de opinião pública.

Não é verdade, contudo, que o jornalismo seja apenas interesses políticos e econômicos. Mas entender de mídia certamente deveria fazer parte da educação de um país como o Brasil, em desenvolvimento social e cultural. Uma nação, que por direito, precisa ser pensada por todos, o que passa pela polifonia nas mediações – democráticas

Caso Demóstenes, falta a palavra que elucida


A representação política não existe no silêncio tedioso

Política de Goiás – Os últimos acontecimentos políticos, que tem Goiás como pano de fundo no debate, é no mínimo estarrecedor. A percepção é de terra arrasada, diante da gravidade das denúncias que vão arrebanhando tudo pelo caminho. À cada escuta telefônica feita pela Polícia Federal sobre o caso Cachoeira, a tensão aumenta em virtude da relações políticas que estão na estrutura institucional.

A pergunta é o que sobrará em pé quando a tsunami passar? A percepção, entretanto, é que o céu continua carregado de nuvens espessas, que vão desaguar a qualquer momento.

Diante da catastrofe seria sensato ouvir a voz das principais autoridades, cumprindo mandato no Estado. A rigor, a mídia nacional traz uma avalanche de informações a todo instante.

O posicionamento do governador de se dizer rigoroso com as licitudes não desanuvia o tempo. A capa da revista Carta Capital, por si já implica em questionamento justo pelo eleitor: “O crime domina Goiás”, com as imagens ao fundo do senador Demóstenes Torres (DEM) e Marconi Perillo (PSDB), apreensivos, tendo Carlos Cachoeira em primeiro plano. O mais grave entretanto está no texto abaixo do título principal: “Relatório inédito da PF mostra como o bicheiro Cachoeira manipulava Demóstenes e influia no governo de Marconi Perillo”.

Em fala pelo Twitter, Perillo afirma que vai defender sua honra na justiça contra as denúncias feitas na mídia, mas toma por ora medida convencional – o que é de direito. Falta, entretanto, o poder das palavras,  em praça pública que será destaque nos jornais nacionais, diante do calor dos fatos, para aplacar as dúvidas dos espectadores apenas das mídias.

Assim, poderia apresentar para a população as contra-evidencias publicizadas pelas revista Carta Capital, deste final de semana – e Época, em semanas anteriores, com material que trata do assunto, republicado pelo jornal O Popular.

Não somente. Os candidatos à prefeitura de Goiânia deveriam apresentar suas plataformas de campanha e esclarecer sobre procedimentos no que diz respeito às suas relações partidarias, empresáriais e propostas de gestão administrativa. Afinal, o pleito eleitoral será movido também pelo debate sobre a operação Monte Carlo.

A representação política não existe no silêncio tedioso.

Antes apoio, agora crítica a Torres

Em nome dos valores tradicionais da sociedade, muitos se serviam dos discurso do Senador Goiâno para defender suas causas, para comunicar a ordem. Agora as empresas de comunicação repetem suas críticas ao democrata.

A mídia, que agenda as outras mídias, temerosa de perder audiência e credibilidade está em busca pelo eticamento correto, numa sociedade em que as diferenças sociais eleva a luta, de maneira a evidenciar os riscos do desequílibrio.

Exemplo está o texto de artigo de Eliane Cantanhêde, do jornal folha de S. Paulo deste domingo:

Desalento

BRASÍLIA – Difícil descrever o estado de ânimo dos senadores estreantes Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) diante das relações perigosas do colega Demóstenes Torres (DEM-GO) com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Perplexidade? Decepção? Irritação? Talvez um pouco de tudo isso.

Taques, procurador, e Randolfe, senador mais jovem (38 anos) e professor de direito constitucional, formavam um trio com o veterano Demóstenes, promotor. Eles conhecem o sistema, apresentavam projetos, sugeriam mudanças. Para dar nisso? O “ético” Demóstenes tem de explicar três mimos recebidos de Cachoeira. Primeiro, o fogão e a geladeira importados, de presente de casamento. Depois, um telefone Nextel, aparentemente imune a grampos (para fugir da polícia?). Agora, o pedido de R$ 3.000 para pagar o aluguel de um jatinho.

Isso, de um lado. Do outro, a PF gravou conversas em que, segundo seus relatórios, Demóstenes repassava informações sigilosas para o amigão bicheiro -que, aliás, está preso. Fechando as duas pontas, tudo indica intimidade e sugere toma lá dá cá. Com os políticos sob profundo descrédito, o Congresso em pé de guerra com o governo, Dilma mais ocupada em reuniões com empresários, Demóstenes é mais um que cai, deixando um rastro de desânimo.

Pedro Taques e Randolfe, como muitos de variados partidos, candidataram-se e elegeram-se com o discurso de que a política move o mundo e transforma a realidade. Mas estão vendo, na prática, que o poder também corrompe e deforma. Multiplicam-se as histórias de jovens promissores e idealistas que se desvirtuaram tanto a ponto de se tornarem irreconhecíveis até no próprio espelho.
Demóstenes coloca Taques, Randolfe e um punhado de estreantes diante de três opções: resistir bravamente, desistir da política ou aderir ao jogo -como a maioria.

Goiânia e as “novidades” políticas

Eleições municipais – O escândalo “cachoeira” que está nos jornais locais e brasileiros traz uma discussão que vale a pena ser feita em Goiás: onde estão os novos políticos? A renovação é indispensável para a democracia, de maneira que haja a relação experiência e novas ideias.

No final, o que se percebe são prerrogativas quase feudais de instituições do Estado para a manutenção do tradicional, com todos os seus vícios, que no final dá resultados, mesmo que não atendam a grande maioria. Talvez esta seja a razão do excesso e falta de novidades.

Demóstenes Torres (DEM) apostando no conservador, defensor da ordem, no início da campanha, surgiu, naquele momento, como o melhor nome para a prefeitura da capital. Parte dos postulantes, entretanto, tradicionais nos pleitos políticos do Estado, passa a desfilar nas páginas dos jornais uma torrente de denúncias na busca de recurso para campanha e apaniguados. Possivelmente aqueles, que neste perfil, seriam os destaques da campanha da capital.

Possivelmente haja no espaço público nomes capazes de representar com honradez, desenvoltura e competência a grande maioria dos eleitores. Entretanto há aqueles que não conseguem mostrar seu discurso, por falta de oportunidade, mediante o peso dos coronéis. Ainda, outros que apesar de surfarem nas ondas partidárias preferem o distanciamento da comunicação pública, dos jornalistas.

Em ocasiões oportunas os novos homens que desejam à liderança, na esfera pública usam de linguagem livresca, que mais afasta do que aproxima dos eleitores.No final, se posicionam mais ao lado dos políticos tradicionais ao invés de permitirem, exatamente, a inovação. O novo fica para a posterioridade, eternamente.

As pesquisas eleitorais servem neste momento para apresentar aos eleitores o nome dos candidatos, e entre eles, qual seria de seu agrado para representá-lo no governo da principal cidade do Estado. Desta forma, sem contrariedades aparentes sinaliza que qualquer um está bem. Talvez realmente faltem às novas lideranças projetos que levem ao desejo, de fato, do voto e da representação. A tendência é a falta de sintonia entre o poder social do voto e as eleições.

A democracia passa pela política e representação, não basta o simples sentimento de participação …

Negociação política















Poder político – O mundo político é bem diferente dos espaços da realidade que se quer de modo particular, como se as decisões que se toma em casa fosse possível nas relações sociais. À medida que aumenta o número de pessoas, a complexidade aumenta na mesma proporção.

Neste contexto que vive a presidente do Brasil, Dilma Rousseff (PT), com visão eficiente de gestão, mas antes é preciso ampliar o diálogo com os pares e o Congresso Nacional.

No entanto, a sensação que se tem é a de uma presidente que acredita estar na condição de mudanças radicais na política, cujas raízes estrategicamente estão bem profundas, com interesses de grupos que estão distante do ideal de uma sociedade democrática.

A negociação neste contexto torna inescapável e necessária, caso contrário pode criar mais constrangimentos, para resultados nem sempre satisfatórios. No campo político as diferenças estão condizentes com as diferenças sociais.

A busca por resultados de políticos se um faz caminho seguro para sua perpetuação no poder, atendendo suas bases e com visibilidade. Além do que o tradicional afago nas relações partidárias tem lá sua importância. Parece este não ser o comportamento idealizado pela presidente – talvez haja alguma carta na manga de Lula, a quem Rousseff recorre constantemente.

No que se refere ao apoio da grande mídia brasileira a satisfação demonstrada pode esconder interesses políticos, de maneira a incentivar um quadro truncado e um governo que perde prestígio e depois popularidade. A rigor, 2012 é um ano eleitoral, o que torna o cenário mais complicado e implicado. Administrar também é fazer política.

Dura dita da tortura


Tempos em tempos surge na mídia o período emblemático dos governos militares no Brasil, demonstrando o grau de impotênciaidade de uma nação que viveu as dores das torturas, ao que parece sem autores, somente com vítimas. O caso é sempre tratado com reservas e preocupações. O que se esconde?


A rigor, pensar em justiça no país não é uma tarefa fácil, considerando  os desgastes das  instituições que deveriam se posicionar em favor da sociedade, quando na realidade está mais para grupos com status econômico e político. A ditadura brasileira ainda hoje permite exaltar uma figura deplorável de tempos de resistência às mudanças democráticas. Condenados pelo discurso fantasmagórico do comunismo, milhares de pessoas morreram como se estivem na defesa de um sistema perverso e destruidor.

Na verdade intelectuais, jornalista, estudantes lutavam pela igualdade, o que exigia um discurso e posicionamento contrário às propostas vigentes, antes e depois de 64.

Apoiados por empresários brasileiros, estrangeiros e donos de meios de comunicação os militares de linha dura impuseram uma condição de guerra e tortura, em um Brasil que já vinha lidando com as divisões internas entre muito pobres, pobres, medianos e poucos muito ricos.

Portanto, o sofrimento de uma maioria se mostrou visível, para instituições que visavam à busca de um diálogo externo, de maneira submetida aos desígnios das nações de primeiro mundo. A reboque da ordem global se definiu a perspectiva nacional.

Entretanto, antes do apagar das luzes de um regime maquiavélico formalizava-se “oportunamente” a Chamada “Lei da Anistia” (promulgada pelo presidente Figueiredo em de 28 de agosto de 1979).  Sob seu manto se institui a justiça e a paz, sobretudo, para os algozes. Em consequência, mesmo diante do entendimento dos órgãos internacionais de punição para determinados torturadores, forma-se um consenso sarcástico de que hoje pode somente apontar para os agentes, mas nunca levá-los aos tribunais.

Cabe uma ressalva, no Brasil o judiciário sempre se fez de morto para não enfrentar a força dos fantasmas, que teimam em sair do armário. Pelo que se pode deduzir os movimentos de resistência contavam com uma base sólida, como um iceberg.

Neste prisma a “Comissão da Verdade” tem apenas um caminho: criar polêmica, sem no final zelar, de fato, pela justiça – certamente melhor do que nada, mas não o bastante para o esclarecimento. Em tempo, a Argentina e Chile fizeram sua parte ao dizer não a condição de plena injustiça. Muitos dos autores de torturas se tornaram conhecidos e passaram pela reclusão, além de dar explicações de seus atos, entre eles Augusto José Ramón Pinochet Ugarte, o Pinochet.

Está tudo dominado e os cães ladram

A sensação no final, a que fica, é que “está tudo dominado”. O povo  se “lasque”, esperando-se dele é a passividade e aceitação. Nesta lógica, se assim for, os escândalos se tornam ocultos, a caravana passa e os cães ladram
Política – Goiás por muitos dias é destaque em alguns jornais e revistas nacionais, além do grande fluxo de informações na rede social. Aparecem nas denúncias não somente políticos de pequena monta, mas aqueles com evidente representação social, sobretudo para o Estado. Portanto, responsável pelo seu desenvolvimento regional; e nacional. Ademais, a cada movimento se observam parlamentares aparecerem na mídia local como defensores públicos, da responsabilidade civil, das instituições. No final, se for dimensionar há um escândalo cravado na superfície da política, na região central do Brasil, que diz respeito aos interesses sociais.

A sensação de quem está do lado de fora é de total abandono dos chamados “mitos” públicos eleitos, mas com dedicação permanente em seus interesses particulares, considerando suas investidas na política, como lugar de resultados práticos e crescimento pessoal e de familiares. Ora, não há dúvida que a política não se organiza através de regras instituídas que favorecem quem está no poder por muito tempo. Mas a contribuição a agentes determinados, que avançam sobre os cofres estatais não seria a forma genuína de tratar a coisa pública.

Figuram nos jornais, com amplo desgaste, o Senador Demóstenes Torres, visto como conservador e defensor da lei e da ordem, aparece com aparelho de telefone registrado fora do país, para evitar escutas externas. Como são poucos equipamentos, sobra à impressão que aquele que o recebe está conivente com as ações ilícitas, e servem de instrumento para resultados do grupo pego pela justiça.
O próprio governador surgem nas matérias citado na imprensa que trata do assunto.  Como destaca nesta semana a revista Época, veículo das organizações Globo: “A Operação Monte Carlo mostrou que as ligações de Cachoeira com autoridades do governo de Goiás, hoje dirigido pelo tucano
Marconi Perillo, continuam fortes”.

Surpreendentemente o Deputado Petista Rubens Otoni não escapa. No Jornal o Estado de S. Paulo denuncia-o ao apresenta-lo em gravações, com diálogo sobre verbas de Carlos Cachoeira. Segundo Época “Depois da prisão de Cachoeira, tornou-se público um vídeo em que ele (Cachoeira) promete contribuição, via caixa dois, para a campanha a prefeito de Anápolis, Goiás, em 2004”, do deputado federal Rubens Otoni (PT-GO)”.

Nem mesmo Maguito Vilela, prefeito de Aparecida, do PMDB fica fora da lista de suspeito de relação com o empresário preso.  Membros da Justiça do Estado tem de responder para os jornalistas sobre denúncias. Os professores em greve por meses fazem críticas ao governador em ato público, questionando seu comportamento político. Na Assembleia Legislativa grupo político ligado à gestão atual do Estado usa da maioria para o jogo político. Sem novidade há décadas.

Pode não ser evidente, mas Goiás vive suspeita de intensa crise política, mesmo que em alguns jornais locais a realidade seja outra. Entretanto, o que chama mais a atenção é a falta de voz das novas lideranças – (a)parece inexistente – e da própria oposição, com seu discurso – qual é? A sensação no final, a que fica, é que “está tudo dominado”. O povo  se “lasque”, esperando-se dele a passividade e aceitação. Nesta lógica, se assim for, os escândalos se tornam ocultos, a caravana passa e os cães ladram.

Somente fotografias e nada mais

A postura, certamente é de relações políticas que cabe aos dois agentes públicos, sem a necessidade de a construção de uma realidade inexistente
 
Amizade política! – No mínimo estranha a posição do governador goiano Marconi Perillo (PSDB), quando usa todos os mecanismos de comunicação, que dispõe, para aparecer em relação de amizade com a presidente Dilma Rousseff (PT) – em atos públicos. No que se vê há um desconforto de ambas as partes, pois os sorrisos que os jornais goianos selecionam, estão em contextos que não dizem respeito à realidade.

A petista verbalmente já se pronunciou, mais de uma vez, afirmando suas mágoas com então senador tucano. O líder ilustre do PT e ex-presidente faz questão de deixa transparecer sua postura de críticas e posicionamento quanto à imagem política do representante de Goiás. Nem mesmo a população, medianamente informada, acredita nas boas relações entre as gestões Goiana e federal.

A postura, certamente é de relações políticas que cabe aos dois agentes públicos, sem a necessidade de a construção de uma realidade inexistente. O PT é oposição ao PSDB nas principais cidades brasileiras – sobretudo em São Paulo, ninho dos tucanos de boas plumas.

Rousseff, mesmo não sendo umbilicalmente ligada ao partido está sob o manto das cores vermelhas e da estrela dos trabalhadores. Nas eleições para a prefeitura isso está claro e ficará mais explícito, de modo que a tática de Perillo parece não dar resultados. Ou talvez seja mesmo o interesse da mídia que o acompanha.

Política das sombras

Em essência, a defesa do liberalismo e moralidade por parte de importantes agentes públicos se relaciona com interesses particulares, mas submetidos a propostas alheias. O que importa, ao que parece, é apenas o poder e o calor do sol, para uma maioria que aceita viver nas sombras

Política partidária – A condição do senador goiano Demóstenes Torres (DEM) se agrava ao maior fluxo de informações sobre o caso na mídia nacional ao trata de sua relação com Carlos Cachoeira, denunciado por prática de jogos ilegais, sobretudo em Goiás – o estado está em destaque nas páginas política-polícia. Neste sentido, são denuncias que atingem também, diretamente, um partido que vem tentando se erguer, diante de um discurso conservador que visa à moralidade e melhoria da qualidade de vida, de uma população pobre, em decorrência de uma política secular no Brasil, liberal e de direita – um paradoxo, devemos admitir.

No final, a mensagem que fica é: aqueles que defendem o politicamente-correto, apenas usam de sua retórica, sem esforço para beneficiar “o povo”, mas muito pelo contrário. Nesta caminhada, resta apenas uma alternativa ao partido de Torres, a junção com os tucanos paulistas.

Verdade que as campanhas tem altos investimentos, até mesmo por conta de interesses particulares daqueles que desfrutam do poder político e econômico, faz bom tempo, no sentido de uma prévia seleção dos postulantes. Sabe como é com política e público não se deve brincar. Magalhães Pinto, um nato representante da direita dizia que as circunstancias eleitorais mudam como as nuvens; no céu. Não vale a pena se arriscar.

Mas há uma segurança tremenda dos velhos políticos ao enveredar por determinados caminhos, sem temer ser flagrados com atos ilegais, como se vê pelo Brasil afora. Neste sentido, há tanto caciques que se dizem socialistas como os tradicionais/conservadores coronéis.  A rigor, por este país o discurso, vem se tornando de conveniência, de maneira que debaixo do véu político está alguém que busca proteção econômica, sem atacar suas propostas de bem comum – o fazer político.

Em essência, a defesa do liberalismo e moralidade por parte de importantes agentes públicos se relaciona com interesses particulares, mas submetidos a propostas alheias. O que importa, ao que parece, é apenas o poder e o calor do sol, para uma maioria que aceita viver nas sombras.

Jornalismo político partidário


Deixar de apresentar os fatos torna-se quebra de contrato entre jornal e leitor/espectador. O poder não está só do lado da instituição, mas também do público organizado


Comunicação Social – Constantemente surge a dúvida sobre a falta de informação sobre assuntos importantes nas mídias locais ou regionais. Há uma impressão, honesta, de que os meios de comunicação estão sempre com relações próximas com os governos municipais e estaduais (seja quais forem), de modo a impedir a publicação de notícias que desagradem os governantes de plantão, com a caneta administrativa e chaves do cofre.

Muitas vezes as informações sobre “eventuais” escândalos são fracamente tratados pelos veículos, o que gera o sentimento de falta responsabilidade com a divulgação dos fatos importantes para o esclarecimento público. Certamente a questão é mais complexa, inclusive pode-se aventar que existe partidarização das empresas de comunicação.

Razoável pensar que o problema é do estado onde vivemos, mas no final, há um a consenso midiático, pois recentemente Amaury Ribeiro Jr., no “livro Privataria Tucana”, destacou a relação próxima entre o jornal Estado de Minas (Diários Associados) com o Ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB). No relato do jornalista, ocorreu confronto entre o Estado de S. Paulo (família Mesquita) e diário de Minas Gerais, por conta da candidatura a presidência postulada também – e novamente – na época pelo tucano José Serra, abertamente apoiado pela empresa paulista.

Outra figura midiática importante é Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o qual passeia pelos jornais de São Paulo em tempos de críticas da oposição, principalmente em períodos eleitorais – muito bem visto pelos donos de jornais brasileiros. Neste momento, por exemplo, assiste-se o excesso de visibilidade positiva de Serra, com manchetes evidentes de apoio. O que vem se tornando constante em outros veículos do Estado, como a revista Veja, principal veículo do segmento no país.

Ainda há um agravante que se deve considerar. Se nos grandes centros econômicos a trocas de gentilezas políticas estão nas propostas aceitas pelas empresas de comunicação, as quais poderiam sobreviver sem verbas públicas – em casos excepcionais -, possivelmente não seja a mesma condição de grande da mídia nos demais Estados brasileiros.

Sabedor desta estrutura o governador faz o seu jogo, em reuniões e conversas com setor de publicidade e direção dos meios. Neste sentido não escapam até mesmo profissionais que são sagados de suas funções, em decorrência de interesses financeiros/políticos, como já houve denuncia nos jornais de oposição destes grandes centros.

Em contraposição, não se pode esquecer que as empresas jornalísticas não fazem filantropia e nem tem interesse esquerdista de transformação da estrutura social. Possivelmente o liberalismo econômico satisfaça seus interesses enquanto empreendimentos.

Ademais, antes jornalismo politizado do que sem qualquer matiz ideológica, de maneira que a informação se torno insipida. Mas vale pelo menos uma advertência: deixar de apresentar os fatos torna-se quebra de contrato entre jornal e leitor/espectador. O poder não está só do lado da instituição, mas também do público organizado.

Comunicação, em nome da liberdade


Não seria um exagero imaginar que os próprios donos das emissoras não convidariam seus nobres amigos para assistir determinados programas de finais de semana, ao sabor do tradicional vinho de dezenas de dólares
Informação – Nada mais comum em editoriais dos veículos de comunicação a defesa da intransigência da liberdade de expressão/comunicação, com o sentido de ser a pedra de toque de um mundo da democracia e liberdade. Difícil acreditar que são homens da comunicação que produzem e acreditam no produto que vendem, todos os dias, na tela da televisão – em particular – brasileira como algo de primeira grandeza e fundamental para o progresso de uma país. Com convicção.

As palavras ganham novas concepções no sentido empresarial, de modo que não deve impedir a liberdade de mercado, a rigor, muitos atrativos da telinha são de péssima qualidade, inclusive no jornalismo. Contudo, evidentemente, não se deve generalizar, bom que se diga.

O triste período militar no Brasil (1964-1985), em que jornalistas e intelectuais morreram ou foram torturados por uma ditadura efetivamente torpe, mereceu apoio de parte de nossa grande mídia, em um primeiro momento. Depois, como o acordo da retomada da “democracia” liberal foi rompido, a máquina voltou-se contra o governo; emergem, neste momento, as tradicionais defesas da liberdade de expressão. O sentimento é que a busca é por palavras e não ações concretas – meus amigos que me perdoem.

Não seria um exagero imaginar que os próprios donos das emissoras não convidariam seus nobres amigos para assistir determinados programas de finais de semana, ao sabor do tradicional vinho de dezenas de dólares. Se assim for, pão e circo para as massas e o poder para os empreendedores/políticos.

Imprensa

O jornalismo por sua vez também precisa ser observado com cautela, pois o que apresenta nos grandes jornalões está em sintonia com o propósito de formação da opinião pública, conforme interesses obscuros, particulares. Desta forma, tem-se uma comunicação que é feita para as massas, mas que no final atinge metas singulares, sobretudo político.

A discussão sobre liberdade de expressão/comunicação precisa ser feita a partir do bom senso, com objetivos sociais, de maneira honesta e sincera. A academia tem responsabilidade nesta crítica, pois há alguns nomes importantes, que obtêm resultados ao aderir à filosofia dos status quo, concernente ao modo de operação do sistema. Não por convicção, mas em nome da felicidade.

Monte Carlo e a operação política

Se a média do país convive com vencimentos que não ultrapassam parcos salários, a aquisição de bens que atingem as cifras dos milhões, apenas revela as maracutaias sem freio e elegância

A operação Monte Carlo, que colocou em dúvida questões relativas a nomes da política goiana, serve de alerta para entender as lógicas eleitorais brasileiras. As milionárias campanhas tornam líderes refém de grupos empresariais que visam prioritariamente interesses particulares – marginalizando os eleitores na democracia. As negociações que ocorrem na calada da noite atingem o cidadão comum, acostumado à dura realidade da ausência de credibilidade e compromisso com a coisa pública.

Neste sentido, aos representantes que tiveram sua conduta aprovada pelo voto tem agora a responsabilidade de, publicamente, apresentar suas explicações cabais.

Questões como telefonemas para lá e cá, com publicidade em forma de texto jornalístico pela mídia demonstra que o jogo político vai além das aparências, do bom mocismo e honestidade apregoada. Os diálogos confidenciais entre amigos põem do lado de fora os interesses reais de uma maioria da sociedade, que vê apenas as migalhas do poder político e representativo – quase nada.

Não seria possível entender as transações entre “parceiros” que envolvem milhões, cujo objetivo maior seria as boas ações públicas. Se a média do país convive com vencimentos que não ultrapassam parco salário, a aquisição de bens, que atingem as cifras dos milhões, apenas dá visibilidade as maracutaias sem freio e elegância.

Quanto tempo as dúvidas vão pairar no ar? Será possível contar eternamente com a falta de memória dos eleitores e o desejo pelos mitos da sociedade vista como atrasada? Há heterogeneidade na massa, entretanto.

Justiça observada

A rigor, a democracia somente será possível com a participação da sociedade na política. A indiferença leva a apenas um lugar: a aceitação e perenidade no poder de nomes que carregam para a imortalidade heranças clássicas do governo das massas. De modo que, a falta de decoro parlamentar de alguns, não retrata toda a realidade vista.

Mas é fato que o excesso de informações sobre determinadas figuras do mundo partidário não faz transparecer a seriedade e os interesses sociais. Por debaixo do que é visível há o modo de operação dos esquemas para a representação popular.

Cabe ainda destacar o momento em que passa a própria justiça, fazendo vazar por entre os dedos sua própria moral defendida, contrária a um mundo de injustiça e altos salários, nem sempre honestos, se comparados com a média nacional – e ainda mais. As explicações de grupos deica transparecer a falta de honestidade na prática possível pelo apadrinhamento das lideranças no poder, que deseja se perpetuar amigavelmente – a proposta que sobra é mudar para nada transformar.

Então não resta alternativa? O caminho se relaciona com mais informação, conhecimento e participação do coletivo. Contudo, podem-se observar ligeiros e firmes movimentos na política, apesar das representações de poucos que perseveram em manter sua filosofia de ordem. O tempo dirá.

Espera pelos políticos mortos

Realmente, um jogo duro, no qual faz parte todos que trabalham e estão neste mundo, intrincado – a população, transformada em massa
 
Política – Um título ambíguo para destacar o excesso de informações sobre lideranças políticas que passam por problemas de saúde – não somente uma metáfora, portanto. O intrigante é imaginar que não se trata simplesmente da morte de um nome, mas de sua herança política, que evidentemente depende da existência física do líder. Assim, se passou pela família Kirchner na Argentina, ex-presidente Lula e Dilma Rousseff no Brasil, Fidel Castro em Cuba e, sobretudo de Hugo Chaves na Venezuela.

Nos veículos de comunicação há apostas feitas ao vivo sobre as mudanças políticas em função da ausência de representantes políticos. Mas por que tanta preocupação?
Talvez fosse correto avaliar que não há estabilidade em um mundo tão complexo – e da comunicação mediada -, de maneira que a política seria a base de sustentação de um sistema que se ordena por determinadas lógicas e leis, que permitem a continuidade de lideranças sociais no poder – seja no campo econômico ou político. No sistema capitalista, a lógica é da acumulação de bens e propriedades.

A comunicação torna-se fundamental nesta prerrogativa, os jornais são meios de comunicação que permitem ver a realidade organizada previamente. Pode não ser evidente, mas sumariamente importante para a sociedade. O homem não vive sem ela, o qual depende de tecnologia, usada pelas empresas para levar informação. Mas é preciso perceber quais notícias estão sendo oferecidas – agendadas.

Neste contexto, a desconstrução de imagens de políticos que oferecem perspectivas de mudanças na ordem social passa por duas fases: fazê-lo impopular, no sentido de obter apoio da maioria da sociedade contra governo ou ideais; ou a sua própria extinção, fisicamente. No final, a morte, em ambas as condições. Realmente, um jogo duro, no qual faz parte todos que trabalham e estão neste mundo, intrincado – a população, transformada em massa.

Sobre Chávez, são inúmeras as informações que ele morrerá antes das eleições. Cotidianamente houve-se pelas rádios dos grandes centros comentários que dão conta da metástase do câncer do Venezuelano, mas logo em seguida a dúvida. Afinal, é preciso tomar algumas decisões: investir na política de formação de pensamento do eleitor ou aguardar o seu fim natural. As duas alternativas tem a mesma finalidade.

Assim, pode-se afirmar que há um campo em que luta, com lados distintos. A rigor, a América Latina certamente é o lugar onde tais discussões estão mais em voga neste momento. Uma pergunta: por que será?

Diálogo possível entre governo e professores

O campo da pesquisa tem seus discursos e determinações. Ninguém melhor para conhecer a educação do que o docente. Nem só de méritos vive um Estado, as pessoas fazem parte dele


Educação - No mínimo é sensata a atitude do governador do Estado de Goiás Marconi Perillo (PSDB) de ser reunir, ouvir e dialogar as reivindicações dos professores da rede pública de educação. As medidas de cortes de salário e defesa de um sistema de ensino que não observa as especificidades da escola, sobretudo, não seria suficiente para resolver um problema grave de qualidade escolar.

Neste quesito o secretário, Thiago Peixoto (PSD), não tem sido eficiente, sem traquejo para tratar de política com grupos politizados e formadores de opinião.

Nas ruas pode se ver afixado nos para-brisas adesivos que pode se ler: “sou educador, Marconi nunca mais”. Antes de ser apenas uma frase, talvez esteja evidenciando o sentimento de partes da sociedade, no que refere à educação. Não se trata de criar constrangimento com famílias impedidas de levar as crianças para a sala de aula, mas diz respeito a uma categoria que vive e está na base do ensino. Não se pode pensar escola sem professores.

Não há dúvida que a meritocracia não serve aos princípios educacionais, sendo indispensável o incentivo à titularidade, exatamente, pelo esforço e dedicação à pesquisa e conhecimento. Inquestionáveis as dificuldades enfrentadas pelos professores-estudantes de pós-graduação para obter o seu título, seja de mestre ou doutor. Simplesmente, os que tornam a sala de aula com ensino de melhor qualidade.

O campo da pesquisa tem seus discursos e determinações. Ninguém melhor para conhecer a educação do que o docente. Nem só de méritos vive um Estado, as pessoas fazem parte dele.

Os Serras da mídia

A figura de Serra representaria, neste contexto, a liderança e manutenção de um modelo de governo, que interessa a considerável parte da sociedade

 
Política – As análises nem sempre são pertinentes, pois ao tornar consenso determinadas afirmações chegam-se às verdades que se contestadas tornam o escritor simples, errático, ingênuo. Não há interesse em determinadas discussões, assim seria uma perda de tempo insistir com obviedades irrefutáveis – mas pelo sim pelo não, corremos o risco. Exemplo é o excesso de matérias sobre a campanha para as eleições da cidade de São Paulo nos jornais brasileiros. A sensação é que vivemos as prévias das campanhas presidenciais. Mas tal discussão é pertinente.

Não seria de assustar que jornais das pequenas cidades do país destacassem em suas manchetes o título “Serra aceita disputar a prefeitura paulista”, como se fosse o assunto mais pertinente para os moradores municipais, que sequer tem bons hospitais, escolas… Talvez por detrás dos apelos midiáticos esteja o futuro político do Brasil.

 Afinal, Fernando Haddad do PT é o candidato de oposição – apoiado pelo ex-Lula -, o que levaria a maior cidade brasileira e grande fluxo de capital para outros caminhos, que não o do liberalismo econômico – com a força das medidas apenas econômicas. O que por si só é um erro de análise. O PT, faz muito tempo, deixou de ser um partido de ideologia esquerdista, por razões óbvias, garantir a sobrevivência – mediante a verdade estabelecida na comunicação para “as massas”.

Entretanto, o que há de consenso no meio empresarial brasileiro é de que devemos nos aprofundar nas lógicas capitalistas, sem entraves burocráticos e abertura para interveniência da voz rouca das ruas – sem hospitais, escolas, segurança… Um perigo eminente que vem se descortinando dos grandes centros, com movimentos populares nos Estados Unidos e Europa, com efetivo descontentamento com um projeto financeiro, sobremaneira excludente – cuja lema é 99% versus 1%, sendo que a massa é formada por maioria no mundo e não os ricos.

Voltando para as eleições brasileiras, a figura de Serra representaria, neste contexto, a liderança e manutenção de um modelo de governo, que interessa a considerável parte da sociedade. A manutenção de determinados líderes na ordem do dia e no debate público torna-se vital para a sobrevivência dos ideais de uma sociedade apenas liberal. Portanto, como se vê a política passa pela mídia, formação de pensamento do público e que não exclui ninguém do embate. Quem fica fora do imaginário social, sequer tem direito a ser personagem na história.

As narrativas estão sendo feitas. Qual o final? Boa pergunta.

Política e poder da informação

No Brasil, torna-se cada vez mais patente a dúvida e a falta de interesse dos eleitores pela redução do Estado-do-Bem-estar-social

Sociedade - Se vivemos o tempo do carnaval da alegria das passarelas e avenidas dos municípios brasileiros, os jornais do país extravasam, e cada vez mais, com discurso em apoio ao Brasil privatizado. Na grande imprensa, acompanhada de maneira alienada pelos jornais regionais, a nota é uma só: a única saída para uma nação desenvolvida se dará pela lógica do mercado, pois são empreendedores privados os capazes de promover o progresso. Numa espécie de seleção natural, os melhores sobressaem, como se nessa afirmação contivesse toda a verdade, que no final descreve todo interesse para a administração de um território, o qual deve gravitar em torno de um poder.

Puxado pelos políticos tucanos que representam os interesses neoliberais, as informações jornalísticas – sobretudo nas editorias de opinião – analisam que tudo que o setor privado toca vira ouro, instantaneamente, embora os formadores de opinião esquecem-se dos grandes problemas provados pelo excesso de poder, que culminou com pobreza e perda de controle político nos principais centros econômicos mundiais, como Estados Unidos e Europa.

Na Grécia, Espanha e Portugal, para ficarmos em alguns exemplos, vivem os piores dos seus dias, com população que se depara com a destruição da esfera política e pública. Em contraposição promovem movimentos cotidianos em defesa da democracia e autonomia interna, que se esvai.
No Brasil, torna-se cada vez mais patente a dúvida e a falta de interesse dos eleitores pela redução do Estado-do-Bem-estar-social.

Partidos como PSDB e DEM, em função da falta de apoio popular vão abrindo espaço para legendas com ideologia mais socializantes – mesmo que isso não se revele tão transparente. Não se trata de formar uma nação comunista ou do gênero, mas a busca da opinião da “massa” é pela segurança do público, quanto aos seus interesses elementares, como se alimentar e boa educação para os filhos.

Neste sentido é cada vez mais difícil para as lideranças de partidos que se posicionam contra o Estado ganharem terreno na arena política – apenas sendo ponta de lança de um sistema global. Nacional ou local a administração destes partidos, neste espectro, se submete à administração de falcões dos temidos centros econômicos. Cabe destacar a força do setor diante do apoio financeiro de seus parceiros, que vislumbrar uma ordem brasileira e global, conforme modelo financeiro.

Numa análise, que seja superficial, é notório que quanto mais forma-se uma opinião pública mais participativa e contestadora, os textos de partes da mídia aperta o cerco contra a defesa do Estado. Cada vez menos esconde suas propostas e objetivos, afinal enquanto empresas estão no topo de uma hierarquia de poder.