Jornalismo político partidário


Deixar de apresentar os fatos torna-se quebra de contrato entre jornal e leitor/espectador. O poder não está só do lado da instituição, mas também do público organizado


Comunicação Social – Constantemente surge a dúvida sobre a falta de informação sobre assuntos importantes nas mídias locais ou regionais. Há uma impressão, honesta, de que os meios de comunicação estão sempre com relações próximas com os governos municipais e estaduais (seja quais forem), de modo a impedir a publicação de notícias que desagradem os governantes de plantão, com a caneta administrativa e chaves do cofre.

Muitas vezes as informações sobre “eventuais” escândalos são fracamente tratados pelos veículos, o que gera o sentimento de falta responsabilidade com a divulgação dos fatos importantes para o esclarecimento público. Certamente a questão é mais complexa, inclusive pode-se aventar que existe partidarização das empresas de comunicação.

Razoável pensar que o problema é do estado onde vivemos, mas no final, há um a consenso midiático, pois recentemente Amaury Ribeiro Jr., no “livro Privataria Tucana”, destacou a relação próxima entre o jornal Estado de Minas (Diários Associados) com o Ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB). No relato do jornalista, ocorreu confronto entre o Estado de S. Paulo (família Mesquita) e diário de Minas Gerais, por conta da candidatura a presidência postulada também – e novamente – na época pelo tucano José Serra, abertamente apoiado pela empresa paulista.

Outra figura midiática importante é Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o qual passeia pelos jornais de São Paulo em tempos de críticas da oposição, principalmente em períodos eleitorais – muito bem visto pelos donos de jornais brasileiros. Neste momento, por exemplo, assiste-se o excesso de visibilidade positiva de Serra, com manchetes evidentes de apoio. O que vem se tornando constante em outros veículos do Estado, como a revista Veja, principal veículo do segmento no país.

Ainda há um agravante que se deve considerar. Se nos grandes centros econômicos a trocas de gentilezas políticas estão nas propostas aceitas pelas empresas de comunicação, as quais poderiam sobreviver sem verbas públicas – em casos excepcionais -, possivelmente não seja a mesma condição de grande da mídia nos demais Estados brasileiros.

Sabedor desta estrutura o governador faz o seu jogo, em reuniões e conversas com setor de publicidade e direção dos meios. Neste sentido não escapam até mesmo profissionais que são sagados de suas funções, em decorrência de interesses financeiros/políticos, como já houve denuncia nos jornais de oposição destes grandes centros.

Em contraposição, não se pode esquecer que as empresas jornalísticas não fazem filantropia e nem tem interesse esquerdista de transformação da estrutura social. Possivelmente o liberalismo econômico satisfaça seus interesses enquanto empreendimentos.

Ademais, antes jornalismo politizado do que sem qualquer matiz ideológica, de maneira que a informação se torno insipida. Mas vale pelo menos uma advertência: deixar de apresentar os fatos torna-se quebra de contrato entre jornal e leitor/espectador. O poder não está só do lado da instituição, mas também do público organizado.

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