A rede; indústrias para um mundo mais complexo

Portanto, estes são apenas os reflexos da organização de uma estrutura que começa a se desorganizar. Um ponto importante: o controle do social vai se tornando cada vez mais complexo. Ponto
 




Comunicação  – A atitude política tomada pelos países centrais, da Europa e os Estados Unidos, dão mostras claras dos novos tempos da Indústria da Cultura, que envolve entretenimento, informação e mensagens em tempo real. Na base da discussão está o fato da dificuldade dos Estados-nações em conseguir em dar fluxo ao seu material produzido, com eficiência econômica, em primeiro lugar, o que os tornam vulneráveis, com perdas de poder financeira das suas principais conglomerados de comunicação.

Por outro, a redução da força da difusão do saber social através de suas produções. Portanto, a relação entre o econômico e a comunicação está em sintonia com o poder e domínio. Sem novidades, portanto.

Notória a grande dificuldade de países conhecidos por sua força global investindo em sua organização política, no sentido de normatizar a internet, de maneira a preservar prioritariamente o econômico. Não se trata de interesse simplesmente de determinadas empresas, mas a estrutura de sociedades que dependem de suas indústrias de comunicação para difundir modelos de comportamentos. Pois, com o sistema capitalista atual sendo questionado, tornam-se necessárias atitudes rápidas de seus players.

A política que está em trâmite nestas nações gera conflitos com as indústrias modernas formadas especialmente por Google, Facebook, Microsoft, Twitter que embora americanas, veem oportunidades de negócios e faturamento minguados, com perdas de sua atração maior que é o sistema de acesso a programa, notícias, entretenimento e imagens comercializadas pelas tradicionais e seculares megaempresas. Não há dúvida, porém, que existem muitos “forasteiros” no meio desta negociação, quando sites “descolados” permitem download de materiais comercializados, mas gratuitamente.

Sociedade mais complexa

Na realidade, a internet constrói uma sociedade mais complexa, diante de informação ilimitada. Desde sua origem o direito autoral sofreu alterações em suas concepções, o que faz surgir uma nova forma de tratar os textos publicados e produções. Se continuar assim, haverá mudanças no cenário político e econômico internacional, com perdas sucessivas para populações cada vez mais conectadas.

A questão não termina por aqui, pois como exemplo, o Brasil tem apenas cerca de 40% de pessoas com acesso à rede. Agora imagine quando houver possibilidade para o mundo inteiro estar conectado?

Nesta nova sociedade da informação é preciso realmente, como sempre, pensar que a ordem social demanda poder e domínio de grupos sociais, os quais mesmo com modificação da sociedade não permitirão rupturas acentuadas neste quesito. Portanto, estes são apenas os reflexos da organização de uma estrutura que começa a se desorganizar. Um ponto importante: o controle do social vai se tornando cada vez mais complexo. Ponto.

Pinheirinho hoje, Parque Industrial faz aniversário

A política conservadora não teve dúvidas quem tinha razão, pois a capital do Estado não se pode deixar invadir pelo antissocial, portanto, a ordem é a maneira de evitar a perda de controle
 
Sociedade – A invasão da polícia na área conhecida como pinheirinho, domingo (22), na cidade de são José dos Campos em São Paulo, continua repercutindo amplamente nas mídias tradicionais e rede social. O favorecimento do prefeito da cidade, Eduardo Cury, do governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, ao megainvestidor Naji Nahas, em detrimento de cerca de seis mil famílias, virou escândalo nacional. Uma realidade que Goiás conhece muito bem, pois em fevereiro de 2005, aproximadamente 12 mil famílias passaram pelo mesmo ato de violência na capital do Estado. No governo estadual na época estava Marconi Perillo (PSDB) e  na prefeitura Iris Rezende (PMDB).

Depois de vários dias de terror, usados como instrumento para assustar moradores, a política tomou a área conhecida como Parque Industrial, onde havia o residencial, denominado pelos moradores, de “Sonho Real”. Evidentemente, que a repercussão não teve o mesmo tom que se vê hoje, ocorrido no Estado paulista. Contudo, passará para a história como o maior campo de guerra brasileiro envolvendo polícia e sem teto.

Nestes dias as autoridades responsáveis pelo comando da invasão do terreno em São Paulo estão sendo hostilizadas por populares, que fogem dos eventos públicos, temendo constrangimento, ofensas e até violência física.

Sobre o caso, a justiça paulista se mostrou favorável à tomada da área, mesmo considerando o posicionamento contrário da justiça federal e do próprio do governo de Brasília. No final, a área se transformou em um campo de guerra, a exemplo do que ocorreu em Goiás. Prosseguindo neste raciocínio, cabem algumas comparações.

Na época parte da imprensa que se mostrou comportamento dúbio, com material que seguia o discurso de grupo da sociedade que defendia a ordem, sobremaneira. Entretanto, contrabalanceado o noticiário com informações sobre a angústia dos moradores em meio à desordem e o fim do sonho da moradia. Chegou-se na época a defender o argumento, publicado em jornais, de ser um movimento feito por especuladores de poder aquisitivo. Mas o que estava por trás da defesa de lideranças empresarias e parte da sociedade civil era o de que, se as invasões não fossem contidas, Goiânia se tornaria uma espécie de Rio de Janeiro das favelas.

Portanto, a força seria necessária para o bem de todos. A política conservadora não teve dúvidas sobre quem tinha razão, pois a capital do Estado não se pode deixar invadir pelo antissocial, portanto, a ordem é a maneira de evitar a perda de controle.

Se em São Paulo foram cerca de seis mil pessoas, em Goiás o número foi o dobro, aproximadamente 12 mil, mas com o mesmo fim, o favorecimento ao dono do terreno com dívidas a serem quitadas com os órgãos públicos. Assim, ao contrário das famílias que perambularam por lugares sem insalubres, com direito a doenças por umidade em ginásios poliesportivos, os proprietários da área resolveram suas pendências, ao que parece, de modo a favorecer lhes, como ocorre com o especulador paulista Nahas. Mas de fato, sobre o Parque Industrial, no que diz respeito às negociações com os devedores do Estado ainda continua sem muitas informações.

A pergunta que se faz é: haverá algum reflexo para a imagem dos políticos envolvidos no massacre paulista? Nas próximas eleições serão candidatos, com discurso social e receberá a credibilidade por parte do eleitor? Neste sentido, os resultados poderão ser sentidos na campanha a prefeitura da capital. Com José Serra (PSDB) Fora do páreo, aumenta-se as chances da oposição, neste caso capitalizado por Fernando Haddad (PT). O caso, portanto, não cessará durante o período eleitoral, especula-se.

O leitor fora de Goiás deve perguntar: quais foram as consequências do escândalo do Parque Industrial? A política continua a mesma, o caso passou para a história. Pois é.

O que dizer sobre o mutirama?

Comunicação é fundamental para dar segurança e tornar uma personalidade (re)conhecida. O obscurantismo não serve à política

Justiça – Em período eleitoral é notório o enrijecimento as denúncias de lados políticos, que se enfrentam e lutam pelo poder. Desta forma, uma obra capaz de oferecer resultados eleitorais para um torna-se perda de votos para o outro grupo, exigindo a busca de brechas que possam ofuscar os resultados esperados pelos empreendedores. A medida torna mais visível a ação dos postulantes a cargos públicos e mais pautas de denúncias na mídia. Neste sentido, até mesmo a justiça passa a ter mais participação nas páginas dos jornais. O caso mutirama, contudo, chama a atenção pelo excesso de críticas e irregularidades apresentadas pela oposição desde o início das obras.

Como já destacamos neste espaço a política é uma arte da representação de uma comunidade, considerando sua complexidade, o que exige comunicação e discursos (posicionamentos) que traga tranquilidade aos representados. Caso contrário, a falta de transparência momentânea pode se transformar em grande problema posterior, apesar de reconhecimento no futuro,  pós eleições – então tarde demais.

A participação da justiça permanentemente no questionamento sobre a aplicação de recursos na obra do mutirama causa dúvidas sobre a população, o que torna fundamental o esclarecimento do governo municipal, com certa rapidez. A demora em se pronunciar, sobre o assunto, aumenta mais as especulações.

As falas do prefeito Paulo Garcia por Twitter e de maneira cifrada, com imagens das obras em desenvolvimento, apenas respondem de maneira direta a poucas pessoas, do ciclo da rede social. A instituição precisa ter porta-vozes capazes de dar conta de esclarecer sobre os fatos denunciados, que sucedem na imprensa.

Embora se perceba que na política o embate está muito mais nos partidos, com respostas aos adversários, no ano eleitoral, seria producente dizer a opinião pública os procedimentos do empreendimento questionado, com o objetivo de transparente com a comunidade. Comunicação é fundamental para dar segurança e tornar uma personalidade (re)conhecida. O obscurantismo não serve à política.

Política brasileira e as classes sociais

O investimento em publicidade é fundamental em uma campanha, mas sozinha não decide o voto, pois o carisma, com a capacidade de comunicação, muitas vezes, feita diretamente com os grupos sociais, torna-se fundamental 














Análise políca – A política parece um território fácil de dominar, bastando para isso um partido forte, no poder, um discurso que se pareça inteligente e, evidentemente, muito recurso econômico e tudo está resolvido. Sem dúvida são pontos importantes a serem considerados, mas falta ainda avaliar a circunstancia social, o movimento das classes sociais e carisma, o que significa dizer competência para atrair pessoas para seus projetos. Neste sentido, condições financeiras se resolvem quando o postulante se apresenta com possibilidade de vitória.

A ideia de mito do passado, dos coronéis, pais dos pobres, de fato já ficou no tempo, com mudanças substanciais no campo político, quando milhares de pessoas passaram a ter liberdade de escolha e maior percepção da realidade que está submetida. Os meios de comunicação que serviram a regimes fechados, com ideologias que defendiam modelo social resistente, vão perdendo poder de definição de nomes que vencem eleições.

Como exemplo a últimas campanhas presidenciais, quando ficou evidente o apoio tucano dos grandes empresários da comunicação – com jornal defendo em seus editoriais José Serra (PSDB). No entanto, venceu Lula, posteriormente, Dilma, presidente que consegue hoje 59% de aprovação – Lula sai do governo com 85%. Com maior incidência das classes de menor poder aquisitivo nas questões políticas, portanto.

Desta forma, o investimento em publicidade é fundamental em uma campanha, mas sozinha não decide o voto, pois o carisma, com a capacidade de comunicação, muitas vezes, feita diretamente com os grupos sociais torna-se fundamental. A assessoria de comunicação, portanto, ganha terreno, com estratégia de aproximação com o eleitor e um discurso que seja de resolução dos problemas das novas classes sociais, “D” e principalmente “C”- como vem sendo discutido por intelectuais mundo afora-, isto também em Goiás.



Política local

Se Paulo Garcia (PT) e Marconi Perillo (PSDB) continuem em disputa pelo apoio da forte classe social de alto poder econômico podem estar na contramão da politica que se desenvolvem na ordem global e local, como se analisa – em disputa a prefeitura da capital, Goiânia.

Ainda cabe mais uma observação os tucanos sempre se posicionaram para o liberalismo econômico, talvez seja a razão pela qual o partido se fortalece em centros econômicos como São Paulo e tem perdas em outros estados de menor poder econômico. No entanto, os petistas, mesmo que não seja plenamente a realidade de grande número de partidários, existem em torno da classe trabalhadora.

Portanto, relacionado com as grandes lutas sociais. Os discursos políticos se relacionam com ideologias, e serão aceitos conforme circunstancias sociais.

Apesar das dificuldades de um terreno fechado e minado para o novo, ainda assim, novidades surgem. O que é bom.

Censura ou controle da internet?

Ademais, não se trata de comportamento a serem empreendidos somente em um país, mas nos diversas nações mundo afora. Em torno desta questão está a complexidade de uma comunicação em rede, por natureza não-autoral e subversiva

Comunicação em rede - Nos Estados Unidos dois projetos polêmicos percorrem o parlamento do país que objetivam o controle da internet, o Sopa – que visa o contra da pirataria na rede - e o Pipa - em defensa da propriedade intelectual. Não seria seguro acreditar que se trata de movimentos políticos que tendem a efeitos somente internos, atingindo os limites da nação norte americana, pois, a web é feita de ramificações, sem um centro efetivo, de tal ordem que os acessos dependem e são feitos de diferentes lugares.

Assim, no Brasil haverá reflexos da lei se aprovada nos EUA, como é o caso do fechamento do site Megaupload, com assinantes nacionalmente que não mais terá o serviço de download. Sucessivamente, o mundo vai sendo rastreado pelas grandes empresas de comunicação, as maiores perdedoras de uma internet livre. Afinal, são milhões de dólares que os megaempreendimentos de cinema, música e editoras de livros – para citarmos apenas alguns - em todo mundo. Importante acrescentar que são negócios que se ramificam numa política global. Portanto, ninguém escapa do controle financeiro.

Na realidade não se trata de censura, como vem sendo destacado pelas grandes novas empresas online, como Google, Facebook e Wikipédia, por exemplo, as mais prejudicadas com a medida. Em torno das disputas estão milhões de dólares para um lado e outro, pois com a retirada de endereços de sites, que permitem baixar material de produção, acarretará perdas para principalmente os motores de buscas da internet – resultando em diminuição de recursos recebidos da publicidade – a rigor, o jornalismo global está de olho nas medidas.

No que diz respeito aos internautas redução da liberdade de acesso a grande produção na rede, que ao longo do tempo deverá sofrer com mais restrição aos materiais publicados na rede, como os da informação de revistas e jornais. Seria uma forma de controlar a internet com base na estrutura econômica. Uma forma de manutenção da ordem vigente, com informações sendo disponibilizadas com alto preço, o que segrega milhares de pessoas, em favor das grandes corporações financeiras.

Estratégias comunicacionais

Em essência, em determinado período histórico as empresas de comunicação eram subsidiadas pelos governos das nações imperiais, mas com o advento da tecnologia, percebeu-se que a estratégia levava-se a prejuízos com o surgimento de mídias alternativas, as quais geravam formação de grupos com pensamento distintos dos grandes centros econômicos. Então, muda-se o comportamento com a liberalização de tecnologia para o aumento de meios de comunicação nos diversos países, mas sob o controle das nações imperialistas, que vendem tecnologias e linguagens. Como se vê ao perder o controle sobre o acesso as grandes produções fonográficas, cinematográficas e literárias o rendimento culminou com acentuadas perdas de capitais, tendo como resultados desemprego e pobreza nestes países.

Não se trata somente de censura, que a rigor nunca deixou de existir também na internet, seja na disseminação dos principais órgãos de comunicação, que estão na rede e são re-produzidos na web também, uma espécie de agendamento dos meios, efetiva-se o controle na base da estrutura econômica. Se assim for nada mais previsível que tal medida, que merece alarde no sentido de chamar a atenção da opinião pública, embora uma realidade há séculos. Ademais, não se trata de comportamento a serem empreendidos somente em um país, mas nos diversas nações mundo afora. Em torno desta questão está a complexidade de uma comunicação em rede, por natureza não-autoral e subversiva.


Perillo sem nome para enfrentar Garcia

Preciso que se coloquem as cartas na mesa e comecem as jogadas estratégicas, o que torna o jogo imprevisível, diante de uma opinião pública com comportamento político difícil de observar com antecedência


Foto Juventino Neto / Panoramio 
Eleições municipais – As campanhas municipais a partir deste mês ganham mais estrutura e debate em todo Brasil. Se na política as negociações partidárias nunca cessam, em ano eleitoral é razoável sua efervescência e investimento em nomes e projetos, principalmente nas grandes cidades, a rigor, nas capitais. Em Goiânia, chega-se a esse tempo sem definição dos nomes da oposição ao atual prefeito Paulo Garcia (PT), que de fato faz parte da estratégia da cúpula pestista de ter o seu representante no executivo municipal. Afinal, o partido dos trabalhadores está há três mandatos no Palácio do Planalto, como vice e governo em Goiânia, portanto, com a força da máquina federal e agora municipal nas mãos.

No momento a leitura que se faz é uma disputa entre o prefeito e Demóstenes Torres (DEM), sendo este o principal nome da oposição para o cargo de executivo. Entretanto, na dúvida do democrata de sair candidato, não há definição de quem estará no páreo no embate com o atual chefe do executivo municipal.  Nomes existem, a maioria sem expressão ou liderança capaz de sinalizar condições de enfrentar a missão. A busca no momento é ganhar a atenção do governador Marconi Perillo (PSDB), personagem importante nestas eleições contra a força de PT-PMDB.

Embora existam pesquisas publicadas sobre a popularidade dos candidatos na mídia local, com Torres à frente e com ampla vantagem, não significa que teria, caso fosse candidato, uma campanha fácil. A rigor, nem sempre quem sai com vantagem vence no final. Preciso que se coloquem as cartas na mesa e comecem as jogadas estratégicas, o que torna o jogo imprevisível, diante de uma opinião pública com comportamento político difícil de observar com antecedência.

Contra a oposição está a dificuldade do governo estadual em alguns setores, como saúde, rodovias e educação. Nesta última a discussão é infindável com os sindicatos dos professores sobre questões salariais e meritocracia. De fato, Perillo se define como um governo com administração vislumbrando o liberalismo, com prioridade à participação do menor estado nos empreendimentos e mais privatizações; segue a cartilha do partido.

Desta forma, na dúvida sobre a candidatura de Torres, o candidato de oposição terá que demonstrar sua capacidade de uma gestão que seja social e promova a qualidade de vida da população. Além de aglutinar politicamente. Difícil

No que diz respeito a Paulo Garcia, deve levar em conta o discurso conforme ideologia do PT, defendendo com prioridade o social, as famílias carentes, educação de qualidade e inclusiva e economia que favoreça os trabalhadores. Na contramão, a cidade possui atento grupo empresarial que tem força política e poder sobre investimento na campanha. Além de uma classe média conservadora, longe de uma visão de esquerda socializante. Neste quesito pontos para o PSDB. Portanto, a vida de um pestista em Goiana não é uma tarefa fácil no intuito de definir o seu discurso.

Além do mais a oposição já faz o discurso previsível, Garcia está mais preocupado com a beleza do centro da cidade a resolver questões sociais, como por exemplo, a condição das pessoas excluídas do centro da cidade; ou mesmo a facilitação de terrenos centrais para as grandes empresas imobiliárias. Assim, a parte fraca do atual prefeito candidato é o social, que rende muitos votos, mas perde adeptos da região central. Não é um jogo fácil para ambos os lados, com máquinas a serviço da situação e oposição. Um azarão seria inconveniente. Aguardar para ver.

Polícia e democracia

A resolução passa por outros caminhos, como por exemplo ações de assistência social ou mesmo distribuição de renda

 

Sociedade – Visivelmente em alguns estados brasileiros aumentou-se a intolerância contra pessoas em condição de marginalidade, que residem nos centros urbanos, principalmente nas grandes capitais, como é o caso de São Paulo e Goiânia. Não se trata de uma novidade, em decorrência da dificuldade de convivência entre integrados e não integrados ao sistema social. A rigor, os desconectados da ordem idealizada e estabelecida provocam suspeita e sofrimento ao dar visibilidade aos seus reflexos negativos, em quantidade. Melhor não ver, mas que transborda para o cotidiano.

Muito já se discutiu em séculos anteriores sobre as cidades dos excluídos em decorrência de doenças incuráveis, que ofereciam riscos à sociedade – com seres humanos obrigados ao confinamento. Certamente, na atualidade, apesar do avanço da medicina, o problema se agrava, não exatamente pelas enfermidades contagiosas, mas pela falta de política pública.

Se não se trata de medidas novas, diante dos recursos para a qualidade de vida, incluindo a medicina e riquezas produzidas, em decorrência das tecnologias, o aumento da exclusão está em sintonia com excesso de individualismo, desejo de riquezas centralizadas em grupos de poder, culminando com forças repressivas para a organização. No final resta observar a falta de democracia, o que depende de ações políticas, cujas lideranças sofrem pressões de grupos com status políticos e econômicos.

Assim, quando falta representação da coletividade, no sentido de observar as diferenças individuais, gerando preconceitos, sobra coação e mesmo autoritarismo.

Como se observa nas afirmações de especialistas retirarem de modo agressivo pessoas que se quer fora dos centros urbanos são ações inglórias, pois não é com armas simplesmente que resolverá o problema da exclusão social, que tanto assombra a ordem nas grandes cidades, aterrorizando a população que passam pelos centros ou vivem dele, com a exploração do comércio.

A resolução passa por outros caminhos, como por exemplo ações de assistência social ou mesmo distribuição de renda. Como já foi discutido amplamente por pessoas da área médica, a vida na rua distancia as pessoas da realidade vivida pela sociedade ordeira – enlouquece, se analisado de maneira rasteira. Ou seja, a inclusão pode ser a única forma para se minimizar problemas que, se continuar assim, será eterno e visível. Logo, a solução será a sempre o estado de guerra.

Fukuyama, classe média conservadora assegura o capitalismo

Longe do fim da história avaliada por Fukuyama, a história que se desenrola tem muitas rupturas a serem construídas. Como diz o próprio autor, as erupções estão ocorrendo.

Política Global – A revista estadunidense Foreign Affairs (negócios estrangeiros) trouxe um emblemático texto de Francis Fukuyama sobre o futuro do capitalismo, em tempos de dúvidas e incertezas, com os movimentos sociais, diante da aceitação da concentração de riquezas, que deixou de ser local para fazer parte de um sistema global.

Fukuyama que se mostra como um intelectual defensor da formação de uma sociedade com base nos atuais princípios econômicos, aos moldes da industrialismo global. Por outro lado, se insurge contra os ideais socialistas, evidenciando a certeza de um mundo separado pelas diferenças inevitáveis entre as classes sociais, independentemente das relações sistêmicas, embora a manutenção da ordem de desenvolvimento se condiciona as definições político-econômicas.

Se num primeiro momento foi possível acreditar que o capitalismo global seria o único lugar para a existência social, neste artigo esclarece que a economia mundial pode entrar em colapso, ante uma classe média empobrecida. Portanto, a salvaguarda do sistema estaria na condição, da política dos países centrais de levarem em conta os desejos dos trabalhadores, aqueles com razoável renda e pequenos empresários.

Em resumo, com o advento das novas tecnologias, que geram desemprego e, portanto, centralização econômica, haverá, conforme o pensador, uma crise social que atingirá as bases capitalista neste século. A solução estaria em distribuir renda com esta classe em específico, pois sendo conservadora, beneficiada pelo atual sistema, não abriria trincheiras contra a economia global. Mas sem vislumbrar resultados, diante da concentração econômica em torno de algumas famílias globais, a atual política global estará em risco.

A visão de Fukuyama se estende aos intelectuais de esquerda, ao afirmar que não conseguem defender bandeiras, promovendo mudanças sociais pragmáticas, com resultados para a sociedade contemporânea; sempre dependentes de teorias ultrapassadas como o marxismo, da era da revolução da massa operária. Sem discurso e apoio da classe média, sobra desconfiança sobre os acadêmicos socialistas, então fora do tempo da história.

A China, por sua vez, seria apenas um modelo político impossível de ser copiado por outras nações, devido sua cultura milenar e peculiar, de um Estado de grupos fortes no poder (comunismo), que permite a ascensão de grande números de pessoas, que querem se inserir no capitalismo ocidental.

Não seria justo e ético desqualificar o intelectual norte americano, que apresenta pontos importantes para discussão. Primeiro, a rigor, até mesmo os pensadores conservadores, defensores de um sistema econômico global, concordam com a fragilidade do capitalismo global na atuaidade, que cada vez mais se concentra e põe em risco seu modelo atual – baseado nas especulações financeiras e não produtivas.

Depois, analisar com precisão as diferentes culturas globais pode levar a erros catastróficos. Difícil encontrar acadêmicos sérios capazes de análises responsáveis sobre a cultura das populações, que sobrevivem fora dos limites dos grandes centros financeiros, cuja qualidade de vida se deteriora, mas não ao nível vivido por milhares de indivíduos em regiões como América Latina e África, para ficarmos em apenas dois exemplos.

O autor revela muito mais pelo que não diz, ao invés daquilo que joga luzes, de modo a tornar mais evidente a preocupação da academia dos países líderes (e até mesmo de nações periféricas), cuja base dá fluxo a ordem política atual.

Longe do fim da história, avaliada anteriormente por Fukuyama, a história que se desenrola tem muitas rupturas a serem construídas. Como diz o próprio autor, as erupções estão ocorrendo.

Cidades da informação!

No final, a simples reprodução da mídia dos grandes centros econômicos, não atende os anseios daqueles que passam a conhecer o Brasil globalizado
Surpreende a dificuldade de acesso à informação em várias cidades do interior do Brasil. Mesmo sem uma pesquisa é possível perceber que a população, em determinadas comunidades, ficam a mercê da televisão metropolitana, com alguns programas regionais, e das emissoras de rádios locais, as quais reproduzem programas nacionais de sucesso, sem investimento em material próprio, na maioria das vezes. A internet é um artigo de luxo, cuja velocidade ainda não chegou ao primórdio da chamada banda larga, mas com preços aviltantes, se considerados salários praticados e serviço oferecidos. Uma realidade pouco vista, em um país urbano de grandes metrópoles globais.

O interesse financeiro das empresas de tecnologia, como TV a cabo, artigo de luxo, não serve ao propósito de atender sequer a elite local, pois a falta de informações das operadoras sobre seus produtos é impensada. O sistema de atendimento ao cliente está longe de um país que cuida do bem-estar da população – o qual testamos pessoalmente e nos decepcionamos.

O computador, embora atenda número pequeno de pessoas, se reduz a um equipamento sem necessidade, afinal é preciso conhecer os seus códigos, ainda confuso na sua interação social, para grande número de pessoas. A juventude desfruta do fluxo cibernético de informações, mas com paciência, sem condições de acessar produtos da chamada indústria cultural – imagine os alternativos! -, devido à impossibilidade de downloads eternos.

Para quem vive nas capitais ou cidades polos, talvez não se atente para a falta de assistência de serviço público nas pequenos e até médios municípios deste país. Na era da tecnologia, a ideia de milhares de pessoas em rede ainda é apenas um sonho, que levará décadas para se materializar. Como se tudo conspirasse para a manutenção de um mundo sem transformações interiores, mas de determinações de fora para dentro.

A cultura própria extrapola os muros locais, e se disseminam pelos contatos físicos, na maioria das vezes. Mesmo sem condições para afirmações pontuais é possível avaliar que a desigualdade ainda persistirá por mais tempo, se considerar a perspectiva da informação. No final, a simples reprodução da mídia dos grandes centros econômicos, não atende os anseios daqueles que passam a conhecer o Brasil globalizado. Talvez esta seja uma das explicações para a perda de moradores de municípios brasileiros, principalmente os jovens, obrigados a inserirem-se ao moderno. Pois é.