Longe do fim da
história avaliada por Fukuyama, a história que se desenrola tem muitas
rupturas a serem construídas. Como diz o próprio autor, as erupções
estão ocorrendo.
Fukuyama que se mostra como um intelectual defensor da formação de uma sociedade com base nos atuais princípios econômicos, aos moldes da industrialismo global. Por outro lado, se insurge contra os ideais socialistas, evidenciando a certeza de um mundo separado pelas diferenças inevitáveis entre as classes sociais, independentemente das relações sistêmicas, embora a manutenção da ordem de desenvolvimento se condiciona as definições político-econômicas.
Se num primeiro momento foi possível acreditar que o capitalismo global seria o único lugar para a existência social, neste artigo esclarece que a economia mundial pode entrar em colapso, ante uma classe média empobrecida. Portanto, a salvaguarda do sistema estaria na condição, da política dos países centrais de levarem em conta os desejos dos trabalhadores, aqueles com razoável renda e pequenos empresários.
Em resumo, com o advento das novas tecnologias, que geram desemprego e, portanto, centralização econômica, haverá, conforme o pensador, uma crise social que atingirá as bases capitalista neste século. A solução estaria em distribuir renda com esta classe em específico, pois sendo conservadora, beneficiada pelo atual sistema, não abriria trincheiras contra a economia global. Mas sem vislumbrar resultados, diante da concentração econômica em torno de algumas famílias globais, a atual política global estará em risco.
A visão de Fukuyama se estende aos intelectuais de esquerda, ao afirmar que não conseguem defender bandeiras, promovendo mudanças sociais pragmáticas, com resultados para a sociedade contemporânea; sempre dependentes de teorias ultrapassadas como o marxismo, da era da revolução da massa operária. Sem discurso e apoio da classe média, sobra desconfiança sobre os acadêmicos socialistas, então fora do tempo da história.
A China, por sua vez, seria apenas um modelo político impossível de ser copiado por outras nações, devido sua cultura milenar e peculiar, de um Estado de grupos fortes no poder (comunismo), que permite a ascensão de grande números de pessoas, que querem se inserir no capitalismo ocidental.
Não seria justo e ético desqualificar o intelectual norte americano, que apresenta pontos importantes para discussão. Primeiro, a rigor, até mesmo os pensadores conservadores, defensores de um sistema econômico global, concordam com a fragilidade do capitalismo global na atuaidade, que cada vez mais se concentra e põe em risco seu modelo atual – baseado nas especulações financeiras e não produtivas.
Depois, analisar com precisão as diferentes culturas globais pode levar a erros catastróficos. Difícil encontrar acadêmicos sérios capazes de análises responsáveis sobre a cultura das populações, que sobrevivem fora dos limites dos grandes centros financeiros, cuja qualidade de vida se deteriora, mas não ao nível vivido por milhares de indivíduos em regiões como América Latina e África, para ficarmos em apenas dois exemplos.
O autor revela muito mais pelo que não diz, ao invés daquilo que joga luzes, de modo a tornar mais evidente a preocupação da academia dos países líderes (e até mesmo de nações periféricas), cuja base dá fluxo a ordem política atual.
Longe do fim da história, avaliada anteriormente por Fukuyama, a história que se desenrola tem muitas rupturas a serem construídas. Como diz o próprio autor, as erupções estão ocorrendo.
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