A
política conservadora não teve dúvidas quem tinha razão, pois a capital
do Estado não se pode deixar invadir pelo antissocial, portanto, a
ordem é a maneira de evitar a perda de controle
Sociedade – A invasão da polícia na área conhecida como pinheirinho, domingo (22), na cidade de são José dos Campos em São Paulo, continua repercutindo amplamente nas mídias tradicionais e rede social. O favorecimento do prefeito da cidade, Eduardo Cury, do governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, ao megainvestidor Naji Nahas, em detrimento de cerca de seis mil famílias, virou escândalo nacional. Uma realidade que Goiás conhece muito bem, pois em fevereiro de 2005, aproximadamente 12 mil famílias passaram pelo mesmo ato de violência na capital do Estado. No governo estadual na época estava Marconi Perillo (PSDB) e na prefeitura Iris Rezende (PMDB).
Depois de vários dias de terror, usados como instrumento para assustar moradores, a política tomou a área conhecida como Parque Industrial, onde havia o residencial, denominado pelos moradores, de “Sonho Real”. Evidentemente, que a repercussão não teve o mesmo tom que se vê hoje, ocorrido no Estado paulista. Contudo, passará para a história como o maior campo de guerra brasileiro envolvendo polícia e sem teto.
Nestes dias as autoridades responsáveis pelo comando da invasão do terreno em São Paulo estão sendo hostilizadas por populares, que fogem dos eventos públicos, temendo constrangimento, ofensas e até violência física.
Sobre o caso, a justiça paulista se mostrou favorável à tomada da área, mesmo considerando o posicionamento contrário da justiça federal e do próprio do governo de Brasília. No final, a área se transformou em um campo de guerra, a exemplo do que ocorreu em Goiás. Prosseguindo neste raciocínio, cabem algumas comparações.
Na época parte da imprensa que se mostrou comportamento dúbio, com material que seguia o discurso de grupo da sociedade que defendia a ordem, sobremaneira. Entretanto, contrabalanceado o noticiário com informações sobre a angústia dos moradores em meio à desordem e o fim do sonho da moradia. Chegou-se na época a defender o argumento, publicado em jornais, de ser um movimento feito por especuladores de poder aquisitivo. Mas o que estava por trás da defesa de lideranças empresarias e parte da sociedade civil era o de que, se as invasões não fossem contidas, Goiânia se tornaria uma espécie de Rio de Janeiro das favelas.
Portanto, a força seria necessária para o bem de todos. A política conservadora não teve dúvidas sobre quem tinha razão, pois a capital do Estado não se pode deixar invadir pelo antissocial, portanto, a ordem é a maneira de evitar a perda de controle.
Se em São Paulo foram cerca de seis mil pessoas, em Goiás o número foi o dobro, aproximadamente 12 mil, mas com o mesmo fim, o favorecimento ao dono do terreno com dívidas a serem quitadas com os órgãos públicos. Assim, ao contrário das famílias que perambularam por lugares sem insalubres, com direito a doenças por umidade em ginásios poliesportivos, os proprietários da área resolveram suas pendências, ao que parece, de modo a favorecer lhes, como ocorre com o especulador paulista Nahas. Mas de fato, sobre o Parque Industrial, no que diz respeito às negociações com os devedores do Estado ainda continua sem muitas informações.
A pergunta que se faz é: haverá algum reflexo para a imagem dos políticos envolvidos no massacre paulista? Nas próximas eleições serão candidatos, com discurso social e receberá a credibilidade por parte do eleitor? Neste sentido, os resultados poderão ser sentidos na campanha a prefeitura da capital. Com José Serra (PSDB) Fora do páreo, aumenta-se as chances da oposição, neste caso capitalizado por Fernando Haddad (PT). O caso, portanto, não cessará durante o período eleitoral, especula-se.
O leitor fora de Goiás deve perguntar: quais foram as consequências do escândalo do Parque Industrial? A política continua a mesma, o caso passou para a história. Pois é.
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