Velho tempo novo

A falta de tática dos tucanos levou Alcides a tomar decisões, pois em meio ao embate entre o ex-governador e o governo federal não restaria saída ao pepista.


Política
- Sem dúvida a atitude de Alcides Rodrigues foi contra o que se pensou muitos críticos políticos no início do governo pepista, que não somente vem se distanciando de Marconi Perillo, mas também sinaliza para a oposição ao PSDB, partido mais importante da base que elegeu o atual governador. Em Goiás a base do governo vem se desenhando com PT e PMDB.

Nos bastidores, no início deste governo, chegou-se a pensar na possibilidade de o tucano ser o governador de fato, enquanto Alcides seria apenas figurativo, como o foi enquanto vice. Verdadeiramente, isto não ocorreu, afinal, o que fica evidente é o endividamento do Estado deixado pelo governo anterior, numa condição de quase impossibilidade de administração. Em todos os setores os gastos denunciavam a falta de rigor na responsabilidade administrativa. Desta forma, não restaria alternativa a não ser a busca de apoio do governo federal e aproximação com a prefeitura. Havia, portanto, uma escolha de Alcides: aceitar a condição de servilismo à base marconista ou definir um governo com marca própria, mesmo considerando rompimentos.

A falta de tática dos tucanos levou Alcides a tomar decisões, pois em meio ao embate entre o ex-governador e o governo federal não restaria saída ao pepista. Teria que distanciar do senador, no sentido de viabilizar recursos indispensáveis da união para o Estado. A rigor, nenhum político no poder vai liberar recursos para adversários futuros, desta maneira, não havia alternativa. Com a aproximação entre Iris Rezende e PT, a rompimento com a sua base seria uma questão de tempo. Embora, em alguns momentos o atual governador se mostrou com dúvidas. Como em política não é possível estar o tempo todo no meu do caminho, a definição do grupo alcidista não tinha outra medida.

A Celg possivelmente seja o “tendão de Aquiles” de Marconi que deixou uma dívida impagável, embora não seja uma obra inteiramente sua, pois se trata de um endividamento que vem de longa data. Entretanto, não administrou os gastos da estatal que só fez aumentar. Sem condições de dar sustentação ao governador, Alcides foi obrigado a procurar os cofres da união.

Desta forma, os tucanos goianos convivem os resquícios do poder do tempo novo, mas sem possibilidade de rever as relações do período do governo. A definição dos resultados das estratégias de ambos os lados vai depender do eleitor em 2010. Há muitas discussões neste sentido.

DOENÇAS GLOBAIS

O mais intrigante, entretanto, é imaginar que a contaminação tem vindo dos países ricos. A mais grave delas é a financeira, a qual as nações do terceiro mundo aprenderam a conviver a duras penas.


Saúde - A gripe suína, como ficou conhecida, coloca em evidência a relação de proximidade que vive o mundo. Realmente Mcluhan tem razão: vivemos em uma "Aldeia Global". Uma doença que apareça em qualquer parte do mundo atingirá todo planeta em pouco tempo, caso não seja debelada radicalmente. Ou seja, a resolução de problemas que afeta uma comunidade não fica circunscrito a um lugar, mas os vizinhos devem se preocupar com a situação de todos. Desta forma, a concentração de riquezas em alguns países não é motivo para tranqüilidade plena, apesar de possuir localmente sistemas eficientes, seja na saúde, ou na economia.

Imaginar que os Estados Unidos são desenvolvidos cultural e economicamente, ao lado de países da Europa, não os livram das misérias sociais dos países de terceiro mundo, como já foram equivocamente chamados, em um passado não muito distante. Afinal, estamos todos em uma mesma aldeia. O grito de um certamente vai incomodar muita gente.

Uma doença se transforma em uma epidemia se não tratada rapidamente onde ela ocorre, ninguém está imune. Embora a pobreza não pegue por contato, mas os seus reflexos, na pós-moderna são contagiantes e globalizados. O México é hoje uma grande preocupação das comunidades milionárias, pois o espirro por lá já chegou a países que possuem competente sistema de saúde. Combater uma doença em um lugar não significa tranqüilidade definitiva, mas uma solução parcial, apenas.

O mais intrigante, entretanto, é imaginar que a contaminação tem vindo dos países ricos. A mais grave delas é a financeira, a qual as nações do terceiro mundo aprenderam a conviver a duras penas. Desta forma, estrategicamente conseguem viver com a falta do essencial, o básico, mas os seus reflexos podem ser perturbadores. Ao que parece, enfim, ninguém está a salvo das mazelas agora globais, menos ainda os historicamente abastados e felizes.

A Imprensa e a Lei

A rigor, os meios de comunicação passam a exercer função exageradamente grande para a formação do pensamento social.

Mídia - Como era esperado o Supremo Tribunal Federal derrubou, na íntegra, a Lei de Imprensa alegando ser antiga, de 1967, formulada por governo militar, e que não serve mais aos propósitos. Imbuídos do espírito da liberdade de imprensa, os representantes da justiça, entenderam que é preciso modernizar as formas de tratar a comunicação de massa, pois com o advento das novas tecnologias, a sociedade vive em tempos novos, uma nova realidade. Desta forma, tornam-se indispensáveis refazer suas diretrizes, que definem a esfera pública.

Alguns pontos precisam ser analisados de maneira detida, a começar pelo código civil, pois há a dúvida se será mesmo suficiente para dar conta do complexo território da comunicação pós-moderna, exatamente, a que fazem referência os defensores das mudanças. Afinal, nos dias atuais a comunicação se torna a base de construção da realidade, haja vista, a quantidade de informação que a sociedade recebe, sem ter condições de verificar in loco a sua veracidade. A rigor, os meios de comunicação passam a exercer função exageradamente grande para a formação do pensamento social. O que não quer dizer, evidentemente, capacidade para definir os rumos de uma sociedade. Entretanto, passa a ser uma ferramenta importante no espaço sistêmico.

Profissionalmente, o jornalismo está longe de ser de pouca importância, mas ao contrário, ao longo dos séculos tornou-se fundamental para delimitar o olhar social, a começar para a concepção de política, economia, cultura. Caso não fosse assim, não haveria tanta necessidade da justiça se preocupar com as mensagens jornalísticas e publicitárias no período eleitoral. Casos emblemáticos estão à volta, como, por exemplo, a vitória de Collor de Melo em 1989, que contou com o apoio explícito e escandaloso da Rede Globo de Televisão, com evidente edição do Jornal Nacional que dispensou mais tempo para o candidato vencedor, do PRN, e menos para o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva. Além do caso que, de tão escandaloso, virou livro: a Escola Base de São Paulo. O qual resultou na destruição de famílias inteiras por relatos falsos da mídia sensacionalista.

Evidentemente que pontos da Lei deveriam ser revistos, mas a definição de seu fim por completo, torna-se exagero e falta de conhecimento por parte dos representantes da justiça brasileira que, muitas vezes, perdem sua referência e embrenham por caminhos que macula a imagem de uma sociedade dita justa e democrática. Mídia não ser refere a jornalistas, pobres mortais, mas grandes empresas de comunicação com todo o seu poder de barganha, político e econômico.

A afirmação que se trata de uma Lei da era militar não se sustenta, pois se assim fosse, deveríamos rever a tomadas de decisões de Getúlio Vargas que deixou grande legado, contudo sendo embora questionado, não foram deletados da vida brasileira. Nos tribunais, possivelmente a confusão poderá levar a falta de transparência, o que, de alguma forma, norteia o ordem de partes do país.

Cotas para as universidades

Não é possível considerar capacidade intelectual com condições financeira, simplesmente.


Educação - O governo federal acena a cada dia para a inserção dos estudantes de escolas públicas nas universidades federais. Conforme editorial do Jornal Folha de S. Paulo, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou projeto que reserva 10% das vagas no ensino universitário público para pessoas portadoras de deficiência.

A rigor, há uma inversão de valores no ensino brasileiro que se arrasta há décadas, que, embora intrigante, não causou impacto na sociedade, talvez porque privilegie grupos sociais. O ensino fundamental público é ocupado por estudantes com poucos recursos econômicos, sendo que na universidade federal estudantes com maior poder aquisitivo são a maioria – principalmente nos cursos mais concorridos, como medicina, engenharia, direito. Desta forma, quem não tem condições de pagar a mensalidade para o ensino superior investe na graduação em uma escola particular, sendo que continua bancando, através de impostos, o ensino público. Desta forma, as cotas se apresentam como um meio de fazer justiça com grande parte da sociedade brasileira.

Considerando os 10%, caso passe pela burocracia do congresso brasileiro, serão 60% de cotas direcionadas para os estudantes de escolas públicas e pessoas com deficiência.

Sobre a perda de qualidade do ensino público, não parece ser exatamente a questão, considerando que não é possível considerar capacidade intelectual com condições financeira, simplesmente.

Link – Editorial Folha de S. Paulo - http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0105200901.htm