Eventos da Guerra!

O que se espera é a sinalização do governo fluminense e federal para ações que levem a formação de uma estrutura permanente, e não somente circunscrita as lógicas da sazonalidade de eventos.

JUSTIÇA SOCIAL - As novas tecnologias tornam os eventos cada vez mais espetaculosos, e distantes do real, impedindo, quase sempre, uma concepção sem intervenções de imagens produzidas previamente, a custos altos e ampla audiência. O excesso de mídias e a busca de separar o bem do mal, de maneira implacável, explodem com a possibilidade de se usar a razão e, por isso, estabelecer uma visão mais profunda dos fatos descortinados. No Rio de Janeiro a realidade que se apresenta é a de uma limpeza nos morros cheios de bandidos que aterrorizam uma população ordeira e trabalhadora. Será tão simples?

Já se escreveu muito sobre o assunto, tornou-se lugar comum dizer que não basta entrar numa favela para reduzir a criminalidade das grandes cidades, pois para a opinião da maioria são estes os lugares que abrigam marginais perigosos causadores de males a uma sociedade organizada e com potencialidades futuras; em resumo, o crime reduz riquezas.

Talvez o problema seja realmente muito maior se considerarmos que não somente em determinados redutos, que abrigam pessoas humildes, moram somente bandidos. Por outro lado, possivelmente as grandes lideranças não vivam em redutos com poucos recursos tecnológicos e bem-estar. O crime contra a sociedade não tem localidade definida, importante usar a imaginação para entender a dura realidade social de muitos pobres e poucos ricos.

O exagero dos discursos da pacificação da capital fluminense leva ao sentimento que a solução foi encontrada, basta eliminar favelas nas metrópoles tecnologizadas e se estabelece a plena harmonia. Sem dúvida, a presença do Estado do bem-estar-social nestes lugares é fundamental para dar segurança e qualidade de vida às pessoas, na sua maioria trabalhadora. Pois, enquanto não há uma representação será necessária a eleição de lideranças que possam salvaguardar os interesses desta coletividade, o que no final ganha os rumos capitalistas, de concentração de poder e domínio absoluto de todos os quadrantes, em detrimento da população representada.

Como se sabe esta não foi a primeira invasão de cidades cariocas, quando muitas pessoas foram presas, retiradas da sociedade, mas logo alguém reassume o posto, na volta do Estado para os seios de um sistema que vislumbra prioritariamente os espaços econômicos, e aquilo que sirva de propaganda política, cuja eficácia atenda os anseios imaginários de uma audiência ávida por soluções rápidas. Não pode haver dúvida da diferença entre traficantes armados e o poder de uma política treinada para a área urbana e forças federais com amplo poder bélico.

A entrada da segurança estatal nos becos das grandes cidades é uma questão política, com alto custo econômico que no final atende os propósitos de milhares de pessoas que sobrevivem nos espaços marginais, diante da concentração econômica do sistema social.

No caso do Rio, diante da proximidade com grandes eventos esportivos globais, torna-se forçoso analisar que se trata de uma medida instrumentalizada para atender os anseios turísticos. Contudo, não vale a pena ser tão pessimista, talvez seja também a busca de permitir segurança as diversas cidades cariocas que convivem há séculos com a criminalidade desenfreada, a qual muitas vezes nasce no centro organizado. O que se espera é a sinalização do governo fluminense e federal para ações que levem a formação de uma estrutura permanente, e não somente circunscrita as lógicas da sazonalidade de eventos.

Finalmente, a morte de milhares de pessoas, inclusive aquelas envolvidas no crime, certamente não vá resolver a criminalidade e a violência da sociedade moderna. O sistema político e econômico também precisa passar por análises, com invasão de racionalidade, cujas armas abstratas talvez devam ser mais potentes do que aquelas usados no Rio de Janeiro. O desenvolvimento humano seria inexorável.

Pobreza em Goiás

Com discurso, propaganda e falatório solução não há de surgir, mas com ações que dependem também da consciência da população e formadores de opinião.

FOME - Para se assustar. Pode nem acreditar, mas um terço dos goianos, 2,4 milhões de pessoas vivem preocupados cotidianamente com a insegurança alimentar, conforme dados divulgados pelo IBGE. Portanto, centenas de famílias mantem a incerteza sobre as condições das refeições dos filhos, o que seria o básico. O que dirá da saúde, educação, cultura e lazer.

O Jornal O Popular destaca neste sábado (27) que os números só fizeram aumentar depois de 2004, diferentemente do que aconteceu em várias regiões pobres do Brasil. Além do que, importante lembrar, Goiânia é a 10ª cidade mais desigual do mundo, apontada pela ONU, com dados revelados no início deste ano. Não seria tão trágico se houve sensibilidade social para um fato que é invisível a nobreza do Estado, inclusive para parte dos políticos locais.

Estranho a publicidade de um estado em desenvolvimento, com superávit comércio, com prosperidade da indústria que aumenta a produção a cada ano, numa região com grande produtividade, principalmente, de bens primários. No final, a realidade é que a renda está cada vez mais concentrada nas mãos de poucos, que insistem em propagandear as vicissitudes de um território, sem analisar que a pobreza vai se disseminando.

Conforme a Wikipédia, em 2009 a população de Goiás foi estimada em 5 926 300 pessoas, e deste universo, portanto, o dobro da população da capital, convive com a insegurança alimentar, 2 400 000. Em todo país, a insegurança alimentar, conforme matéria de o Jornal do Brasil, atinge 65,6 milhões. No ano passado, 11,2 milhões de pessoas conviviam com a fome no Brasil.

Comum em conversa com populares na rua e assistir ao discurso de políticos pela mídia, a afirmação de que o estado, com ênfase na capital, não existem favelas, pois parte do pressuposto equivocado de que estes lugares somente se formam em morros. Um mito em decorrência dos territórios do tráfico que assolam principalmente cidades como o Rio de Janeiro, cuja topografia é de grandes elevações. Certamente, no caso do estado goiano não se pode afirma que impera a miséria absoluta, mas como se percebe nitidamente que a divisão está bem traçada: ricos, muito ricos e pobres, muito pobres, com reflexo no bem-estar-social.

Neste meio, um grupo bem definidos de afortunados, com grande poder político, que defende um sistema absolutamente conservador e arbitrário; e do outro, um aglomerado de pessoas, bem maior de pessoas, que sofre com a incerteza do futuro.

Diferentemente da capital carioca, não há necessidade da intervenção do exército nos “becos” goianos, mas seria no mínimo humano a política oficial olhar para os lugares escuros dos guetos da fome que marginalizam, como se vê milhares, numa terra de prosperidade. Com discurso, propaganda e falatório solução não há de surgir, mas com ações que dependem também da consciência da população e de formadores de opinião. A imprensa tem papel importante neste sentido.

***

Imagem da miséria que assustou o mundo, no período da guerra do apartheid, na África do Sul, publicado por jornais dos Estados Unidos:

Foto de Kevin Carter, no Sudão (1993) que gerou polêmica

Goiás é Brasil em campo

FUTEBOL - Cetamente ainda é tempo para parabenizar a torcida e a equipe do Goiás Esporte Clube pela vitória expressiva em cima do forte Palmeiras de Felipe Scolari. Agora, será o Brasil contra os Argentinos na final do Campeonato Sul-Americano.

O olhar neste momento será para o verde do centro-oeste, representante de uma nação inteira de torcedores, que seguem com as alegrias do futebol brasileiro. Então chegou o momento de se preparar, cuidar do coração e entrar em campo.

Pensar o governo

Necessário o tempo de propaganda e outro para governar

NOVA GESTÃO - Em Goiás a troca de governo se tornou apenas um debate sem importância para o interesse público, apesar do excesso de matérias nos jornais. A falta de vontade de ambos os lados seria algo já esperado devido à falta de diálogo por longos Alcides Rodrigues e Marconi Perillo. No entanto, o marketing de campanha parece que ainda não saiu de cena, com uma discussão que deverá resultar em mais propaganda política no futuro, com páginas de jornais informando sobre uma administração que ficou em dificuldades. No final, os resultados podem não ser o que a sociedade espera, de uma administração eficiente, apesar dos problemas conhecidos e sem solução. Apenas retórica.

Os números que a nova administração encontrar devem ser apresentados para o público, no sentido de se conhecer a competência das representações políticas. Este foi repetido pelo governo Alcides Rodrigues para comprovar as dificuldades que encontraram na sua gestão. Contudo, a confusão de tantas vozes falando de diferentes lugares e com afirmações diferentes que de certo somente a incerteza. A sensação que fica é que, diante do fausto público, quem paga a conta é o contribuinte, sem ver os seus objetivos atendidos. Somente falatório a exaustão.

Mas será que este debate com argumentos contraditórios e ineficazes vai continuar enchendo páginas de jornais, sem apresentar dados que convençam a opinião pública? Por outro, lado seria importante, o governo que chega apresentar suas propostas de governo iniciais, no sentido de sinalizar para a eficácia do desenvolvimento econômico e social. Por exemplo, quais serão os investimentos na educação que no estado passa por graves dificuldades. Como a nova administração pretende resolver as contas públicas e promover investimentos nas estatais como Celg e Saneago, motivo de tantas análises políticas e econômicas. E a segurança?

Considerando, os movimentos globais, o cenário parece ser de recessão para os próximos anos, que deve atingir todos os estados brasileiros. Portanto, fazer a tarefa de casa será o começo para ampliar os horizontes e apontar saídas para uma possível depressão. Necessário o tempo de propaganda e outro para governar.

Tucanos e democratas

Os Democratas terão papel importante nesta gestão, cuja parceria se destaca nacionalmente como de sucesso entre os dois partidos.

LEGENDAS - Com o exemplo da política nos Estados Unidos a cúpula do PFL decidiu que teria chegado o momento de mudar de nome para Democratas, numa visão de mais integração com a sociedade, minimizando a visão natural de um partido voltado para a defesa intransigente da agroindústria e ruralistas, mas não conseguiu se transformar com o processo histórico brasileiro e global. Então, a aposta em estar em dois mundos tornou-se insustentável, o que vem causando uma crise que sinaliza para reorganização da legenda. Diferentemente do que ocorreu no Brasil nas últimas eleições, o partido conseguiu ampla votação em Goiás e será uma das forças na base de apoio de Marconi Perillo (PSDB).

Se analisados os discursos de parlamentares democratas há uma grande indecisão, mas é muito provável a unificação DEM e PSDB (parece que a união com o PMDB virou água), o que vai consolidar a legenda como centro-direita, muito definida no país, considerando os discursos de Serra e o grupo que o acompanhou. Em Goiás Marconi Perillo, se submetia a esta lógica, aponta para uma base política mais rígida, de tal ordem que se mostra a formação de um governo com decisões centralizadas para uma administração definida por ortodoxia na economia e social. Afinal, os Democratas terão papel importante nesta gestão, cuja parceria se destaca nacionalmente como de sucesso entre os dois partidos.

Gilberto Kassab (DEM), prefeito de São Paulo, acena mudar de barco, e sinaliza estar na agremiação peemedebista, já nas eleições de 2012, o que favorecerá os petistas que tem interesse em tirar poder dos tucanos paulistas, centro de inteligência do partido nacionalmente.

A mudança de comportamento dos eleitores com os partidos de direita brasileiros vem ocasionando transformação no cenário político nacional, o que deverá ocorrer em Goiás. Mas afinal, quais são os novos postulantes de uma nova proposta de uma política para o estado? Como será a oposição, indispensável pela democracia política.

Sem dúvida, a união partidária em torno dos interesses sociais é uma questão de respeito às comunidades, mas isso não deverá resultará em um conjunto de partidos de diferentes matizes com amizades eternas em médio prazo. Se na imprensa os acordos são de companheiros, nos bastidores devem ser de organização para 2012. As divergências são inevitáveis, arquitetadas a partir de estratégias políticas partidárias. O jogo é duro.

Desta forma, os democratas devem se decidir nos próximos meses qual será o seu futuro. Em Goiás, no entanto, há definições, terá participação importante e de destaque no novo governo, de onde deverá organizar sua representação nacional e mostrar força. Condição que causará saia justa para o PSDB local.

Proclamação da república?

Temas que, se tratados em roda de grupo, direcionam para a seguinte resposta: são questões utópicas, ou seja, a desigualdade está inerente ao espaço social.

SOCIEDADE - Quando se propõe participar do debate, mesmo quando há pressão de prioridades não dá para furtar de assuntos importantes. Mesmo sendo agendado pelos meios de comunicação três temas saltam aos olhos nesta segunda-feira (15), a proclamação da República que não se materializa no Brasil, cujo governo emana do povo, ou da maioria. Como exemplo disso, o segundo assunto, a universidade brasileira é elitista, de acordo com O Popular de Goiás, e “não encontra meios” para a inclusão de pessoas pobres ao ensino superior público, gratuito; e finalmente, no país de Monteiro Lobato, 30 milhões de brasileiros ganham R$140 por mês, conforme matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo.

Em reportagem da jornalista Patrícia Drummond do diário goiano, o prof. João Ferreira da faculdade de Educação da UFG destaca que "O sistema de acesso à universidade é muito elitizado socialmente. A desigualdade é de origem econômica, social e cultural e se reflete no ensino superior". Mais adiante afirma o educador: "Hoje, 85% dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos estão matriculados na rede pública e só 15% na rede privada. O ideal seria manter, nos sistemas de cotas, essa mesma proporção, o que acabaria gerando uma grande e polêmica discussão".

O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), sem dúvida é uma boa saída, mas há uma grande resistência de grupos elitizados que exigem a manutenção do status quo publicamente. O que não está equivocado, se olhado do prisma de uma minoria em detrimento da justiça social, que se inicia na educação. Ponto. Neste contexto, as universidades e faculdades particulares são fundamentais para a formação e conhecimento acadêmico.

Ademais, como conviver com uma sociedade que marginaliza, no espectro econômico, milhões de pessoas, colocando-as à margem do sistema social, cultural, educacional, ao receberem apenas R$140 ao mês? O colunista da Folha de S. Paulo, Fernando Barros da Silva, embora muitas vezes se mostra conservador em seus textos, diz: "Um tanque de gasolina. O preço de dois ou três livros. Um jantar razoável para duas pessoas. Tudo isso pode custar R$ 140. Pense no quanto você gastou nesses dias de feriado. Mais de 30 milhões de pessoas (15,5% da população) ainda vivem com menos de R$ 140 por mês no Brasil".

Não se pode esquecer também daqueles que ganham menos do que este valor. A rigor, ao todo quantos são? Ora. Sem dúvida, por outro lado, deve se comemorar a melhoria da qualidade de vida de outras tantas que conseguiram ascender da classe "D" para "C", pois há dez anos o número chegava a 57 milhões.

Como avaliar a República, que nasce com a proposta de levar em conta a participação popular. Certamente, considerando à marginalidade forçada social, os governos que sucedem no país reproduzem os interesses específicos e deixam de avaliar a importância da igualdade e democracia social. Temas que, se tratados em roda de grupo, direcionam para a seguinte resposta: são questões utópicas, ou seja, a desigualdade está inerente ao espaço social. O forte vencerá o fraco eternamente, como se vê no mundo selvagem.

Possivelmente, a diferença entre o animal e homem está na sua capacidade latente, de racionalmente ir se construindo. Nem tudo que apresenta, manifesta uma realidade eterna, caso contrário não existiria a república e suas potencialidades. O feudalismo faria parte de nossa realidade.

União histórica entre MDB e PFL

Todavia, nada pode ocorrer, mas para a existência do partido, os democratas precisam pensar o momento histórico.

Em debate a reestruturação do DEM
PARTIDOS - Normalmente os assuntos tratados pelos meios de comunicação momentaneamente carecem de análises históricas, as quais permitiriam conhecer melhor os agentes políticos. Neste contexto a junção entre DEM e PMDB, no mínimo, exigiria entender o processo de existência dos dois partidos e suas diferenças. Afinal, os democratas tem uma ramificação da Arena, partido oficial dos governos militares. O PMDB, por sua vez, seria a oposição à ditadura, ou uma forma que tinham os oficiais de, aparentemente, demonstrarem interesse no bipartidarismo. Na atualidade, a união das duas siglas levaria os DEM (ex-PFL) para o apoio ao governo petista, partido que, conforme o presidente Lula, deveria ser retirado da cena política brasileira - o desejo contrário também seria verdadeiro.

Numa pesquisa sobre as eleições de Fernando Henrique Cardoso para o seu primeiro mandado, o professor de política da UnB, Luis Felipe Miguel, em seu livro "Mito e Discurso Político", ressalta que: "o principal aliado de Fernando Henrique, o PFL, possuía uma trajetória oposta. Suas raízes estavam na Arena e no PDS, do qual se separou para apoiar a Aliança Democrática que elegeu Tancredo Neves no Colégio Eleitoral da ditadura. Forte nas regiões mais atrasadas do país, experiente no uso dos instrumentos da política tradicional (a troca de favores, o clientelismo, o empreguismo, o mandonismo local), o PFL comemorava, em 1994, trinta anos ininterruptos de governo: foi situação na ditadura, ainda dentro da Arena; foi um dos pilares do governo Sarney; apoiou Collor do início ao fim e logo integrou também o governo de Itamar Franco".

Evidente que são muitos pontos a serem entendidos desta análise, entretanto, cabe destacar o fato de o partido encontrar sua força nas regiões mais atrasadas do Brasil. Se a visão é econômica, o que resvala nos interesses políticos, geralmente com votos nos chamados currais eleitorais, seria interessante pensar qual a razão da perda de poder do partido nestes locais. Afinal, Dilma Rousseff conseguiu se distanciar de José Serra (PSDB) com o apoio da população que antes vivia sobre o cabresto eleitoral. O que teria permitido este fenômeno, a perda de força do partido conservador de direita no nordeste brasileiro e a participação popular nas votações para candidatos de esquerda?

Não basta apenas avaliar o fim ou transformação dos partidos no espectro à direita, conservadores e voltados para a lógica "ordem e progresso", mas torna-se importante saber o que tem levado comunidades inteiras selarem o fim de uma era de dominação política forçada. Evidentemente, que na tentativa de apontar alguns rumos seria importante ressaltar o fluxo de comunicação, que agora chega às diversas famílias de regiões, antes distanciadas da realidade social, e passa a conhecer o Brasil que parecia uma miragem. Desta forma, mais do que nunca discutir as novas mídias é fundamental para a consolidação destes movimentos de mudanças e participação popular. As frases raivosas nas redes sociais, talvez tenham sua explicação nesta reflexão, pois há perda de poder de grupos criados para eternizar com poder econômico e político.

Um segundo ponto, seria o entendimento dos moradores destas regiões da obrigação do Estado de cuidar de seu bem-estar, o que os livrariam dos coronéis, mal-intencionados, e “salvadores”. Com exemplo, a perda de hegemonia de Antônio Carlos Magalhães (nome inesquecível, liderança forte do PFL na Bahia) que não conseguiu manter sua herança no estado, hoje comandado por Jaques Wagner (PT). Desta forma, a assistência do governo desperta a população para a concretização de seus interesses de qualidade vida, exigindo de Brasília intervenções que resultem na democracia política na região. Esta é a proposta do Partido dos Trabalhadores?

Todavia, nada pode ocorrer, mas para a existência do partido, os democratas precisam pensar o momento histórico.

Outro ponto a destacar: caso os integrantes do DEM se associem ao PMDB, qual seria sua relação com o governo de Dilma Rousseff, que terá o PSDB como oposição? Uma situação que teve ter reflexo em Goiás, pois Marconi Perillo (PSDB) tem em sua base de apoio os democratas.

Decoreba e o Enem

A escola é fundamental para a justiça social, em que todos tenham condições de acesso à educação de qualidade.

EDUCAÇÃO - Não é nova a análise, segundo a qual a classe com poder aquisitivo brasileira quando se vê diante de perda de status quo logo sai a campo, numa guerra para manter os tradicionais privilégios. Exatamente o que ocorre com o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) neste momento, pois, como há uma divisão social no Brasil que coloca de um lado quem estuda em caros cursinhos preparatórios, uma minoria, e aqueles, a maioria, que fazem sua preparação para as provas de ingresso nas universidades em combalidas escolas públicas brasileiras, em cursos de destaque como medicina, odontologia, engenharias.

Como o exame não parte do decoreba, tanto criticado pelos pedagogos, mas sim a memorização de textos acadêmicos, torna-se desnecessário as aulas sofríveis de caras escolas particulares, cujo resultado serve apenas para a aprovação nas cobiçadas instituições públicas do ensino superior.

Não se deve minimizar a responsabilidade do MEC em realizar provas sem falhas, mas por trás de tanta discussão está à busca de manutenção de um modelo de ensino que ofereça privilégio para castas em detrimento da igualdade social, que inicia na educação inclusiva. Não é possível admitir que a qualidade do ensino universitário brasileira perca qualidade no momento em que o acesso à sala de aula seja para todas as classes. Difícil imaginar que ainda se pensa na diferença das pessoas pela cor sanguínea, como ocorria no período das monarquias, que hoje apenas representam um período da história, que redunda apenas em símbolo sem representação, de fato.

Sem dúvida, as escolas públicas brasileiras precisam passar por mudanças que privilegie a qualidade e deem condições à formação estruturada de jovens deste país, que carecem de boa formação. Se o decoreba dispensável perder espaço, certamente haverá avanços importantes para estudantes que se preparam em busca do conhecimento, daí a formação de pessoas críticas, capazes de participar de uma sociedade cada vez mais complexa, em que a guerra que se estabelece, na contemporaneidade, no campo simbólico, das idéias.

Não se pode analisar a sociedade simplesmente pelo privilégio, economia e capacidade intelectual a altura de alguns. A escola é fundamental para a justiça social, em que todos tenham condições de acesso à educação de qualidade.

Erros e acertos

Contudo, as eleições de 2010 já envelheceram. Agora o que conta são os movimentos para 2012, que já começou.

PESQUISAS - Após as eleições inicia-se a discussão sobre as pesquisas, na tentativa de avaliar quem mais acertou no processo eleitoral. Se analisar a partir do candidato eleito não será difícil apontar aqueles que foram mais eficientes, afinal, mantemos a cultura dos vencedores, desconsiderando a importância dos perdedores. A rigor, os benefícios virão de quem estará no poder, e no final é isto o que conta.

Entretanto, o que não se pode fazer, numa análise de qualquer assunto, é simplesmente observar atentamente o que se mostra mais visível. Assim, se alarga o campo de visualização alguns institutos de pesquisa realmente não conseguiram expressar o sentimento dos eleitores, com números muito distantes da realidade, o que certamente foi visto pelo eleitor. Caso contrário, Marconi Perillo (PSDB) teria vencido as eleições ainda no primeiro turno. Não foi o que ocorreu. Desta maneira, o Ibope foi mais eficiente neste momento ao apontar a virada para uma segunda etapa das eleições, embora com larga vantagem tucana. O Serpes, no geral apontava grande margem para a conclusão das eleições em Goiás em 3 de outubro.

No segundo turno, os analistas políticos já imaginavam embate tenso e difícil para Perillo que enfrentaria as duas máquinas públicas, Estado e União, daí se avaliar o crescimento de Íris Rezende (PMDB) e aproximação do adversário, e foi exatamente o que ocorreu. No entanto, as pesquisas se mostram diferentes nos números, pois o Serpes continuou descrevendo reduzida queda de Perillo e o Ibope crescimento e empate de Rezende. Nesta perspectivas o Serpes foi mais eficiente, contudo, em todos os momentos indicou vantagens para os tucanos, considerando a margem de erro, mas favoravelmente, se atentar para a diferença de 5,98% do resultado final das urnas.

O instituto goiano apresentou na última rodada de pesquisa uma diferença entre os candidatos de 8,3%, no geral. Sendo que, relativo aos votos válidos, foram apresentados 54,3% para o tucano e 45,4% para o peemedebista. Ou seja, no final, Perillo teve menos e Rezende mais votos que apontou a empresa de pesquisa – claro, não se esquecendo a margem de erro em torno de 3%, o que é muito alta.

A questão nem é seriedade, pois são empresas reconhecidas, o que sobressai inicialmente é a condição isenta de se observar os anseios populares e, muitas vezes, o posicionamento político que, de alguma forma, faz parte do trabalho do profissional de mídia. Além do que há a necessidade do eleitor de perceber que nem sempre as pesquisas conseguem registrar a sensibilidade da população. Trata-se, portanto, da aferição de um momento, que pode ter sido mudado e "não visto" pelos pesquisadores ao longo das disputas.

Contudo, as eleições de 2010 já envelheceram. Agora o que conta são os movimentos para 2012, que já começou.

Finalmente os vencedores

No final, a sinalização de que a sociedade está mobilizada pelos interesses sociais, e que há diferenças de interesses nas regiões, conforme a percepção das diversas comunidades.

ELEIÇÕES - Os resultados das eleições, com as novas tecnologias, permitiram se conhecer os vencedores quase em tempo real, como se viu nestas eleições que se encerradas ontem(31). Com disputas acirradas na maioria dos estados, naqueles que tiveram segundo turno e para a presidência da república. Conforme já se vinha desenhando o quadro, a petista Dilma Rousseff (PT) se tornou a primeira presidente do Brasil, com 56% dos votos contra 44% de José Serra (PSDB), o que de alguma forma muda o perfil do chefe do executivo, permitindo a quebra do paradigma do preconceito contra a mulher na política.

Em Goiás Marconi Perillo (PSDB), não foi surpreendido por Íris Rezende (PMDB), apesar dos muitos e expressivos apoios à campanha do ex-prefeito de Goiânia. No final Perillo chega ao terceiro mandato de governador, com 1.551.132 votos, com 52,99%, contra 47,01% de Iris Rezende, que recebeu 1.376.188 votos. Embora houvesse a indicação de vitória ainda no primeiro turno, apontada por institutos de pesquisa, foi necessário uma segunda etapa para confirmar a sua eleição, a qual foi obtida com diferença 5,98%, suficiente para organizar em torno de si apoios e uma estrutura de governo com plena capacidade de gestão.

Entretanto, terá que negociar com o governo federal que lhe fez oposição durante a campanha. Sem dúvida, não há razão para o jogo político ser punitivo com os cidadãos por diferenças políticas no processo eleitoral. Além do mais, mesmo que o Perillo tenha maioria na Assembléia deverá contar com oposição de algumas prefeituras de cidades importantes do estado, que não fazem parte de partidos aliados. As conversas em torno da governabilidade deverão se iniciadas, e o que se espera são acordos, os quais girem em torno do interesses da sociedade goiana.

Em essência, a política brasileira mostrou maturidade, com participação dos eleitores que fizeram suas escolhas, e definiram seus representantes, muitas vezes, independentemente das pressões de discursos calorosos de parte dos meios de comunicação de massa partidarizados e grupos de poder eternos no poder. No final, a sinalização de que a sociedade está mobilizada pelos interesses sociais, e que há diferenças de interesses nas regiões, conforme a percepção das diversas comunidades. Neste pleito os nordestinos receberam grande atenção e apresentaram sua visão de Brasil.