União histórica entre MDB e PFL

Todavia, nada pode ocorrer, mas para a existência do partido, os democratas precisam pensar o momento histórico.

Em debate a reestruturação do DEM
PARTIDOS - Normalmente os assuntos tratados pelos meios de comunicação momentaneamente carecem de análises históricas, as quais permitiriam conhecer melhor os agentes políticos. Neste contexto a junção entre DEM e PMDB, no mínimo, exigiria entender o processo de existência dos dois partidos e suas diferenças. Afinal, os democratas tem uma ramificação da Arena, partido oficial dos governos militares. O PMDB, por sua vez, seria a oposição à ditadura, ou uma forma que tinham os oficiais de, aparentemente, demonstrarem interesse no bipartidarismo. Na atualidade, a união das duas siglas levaria os DEM (ex-PFL) para o apoio ao governo petista, partido que, conforme o presidente Lula, deveria ser retirado da cena política brasileira - o desejo contrário também seria verdadeiro.

Numa pesquisa sobre as eleições de Fernando Henrique Cardoso para o seu primeiro mandado, o professor de política da UnB, Luis Felipe Miguel, em seu livro "Mito e Discurso Político", ressalta que: "o principal aliado de Fernando Henrique, o PFL, possuía uma trajetória oposta. Suas raízes estavam na Arena e no PDS, do qual se separou para apoiar a Aliança Democrática que elegeu Tancredo Neves no Colégio Eleitoral da ditadura. Forte nas regiões mais atrasadas do país, experiente no uso dos instrumentos da política tradicional (a troca de favores, o clientelismo, o empreguismo, o mandonismo local), o PFL comemorava, em 1994, trinta anos ininterruptos de governo: foi situação na ditadura, ainda dentro da Arena; foi um dos pilares do governo Sarney; apoiou Collor do início ao fim e logo integrou também o governo de Itamar Franco".

Evidente que são muitos pontos a serem entendidos desta análise, entretanto, cabe destacar o fato de o partido encontrar sua força nas regiões mais atrasadas do Brasil. Se a visão é econômica, o que resvala nos interesses políticos, geralmente com votos nos chamados currais eleitorais, seria interessante pensar qual a razão da perda de poder do partido nestes locais. Afinal, Dilma Rousseff conseguiu se distanciar de José Serra (PSDB) com o apoio da população que antes vivia sobre o cabresto eleitoral. O que teria permitido este fenômeno, a perda de força do partido conservador de direita no nordeste brasileiro e a participação popular nas votações para candidatos de esquerda?

Não basta apenas avaliar o fim ou transformação dos partidos no espectro à direita, conservadores e voltados para a lógica "ordem e progresso", mas torna-se importante saber o que tem levado comunidades inteiras selarem o fim de uma era de dominação política forçada. Evidentemente, que na tentativa de apontar alguns rumos seria importante ressaltar o fluxo de comunicação, que agora chega às diversas famílias de regiões, antes distanciadas da realidade social, e passa a conhecer o Brasil que parecia uma miragem. Desta forma, mais do que nunca discutir as novas mídias é fundamental para a consolidação destes movimentos de mudanças e participação popular. As frases raivosas nas redes sociais, talvez tenham sua explicação nesta reflexão, pois há perda de poder de grupos criados para eternizar com poder econômico e político.

Um segundo ponto, seria o entendimento dos moradores destas regiões da obrigação do Estado de cuidar de seu bem-estar, o que os livrariam dos coronéis, mal-intencionados, e “salvadores”. Com exemplo, a perda de hegemonia de Antônio Carlos Magalhães (nome inesquecível, liderança forte do PFL na Bahia) que não conseguiu manter sua herança no estado, hoje comandado por Jaques Wagner (PT). Desta forma, a assistência do governo desperta a população para a concretização de seus interesses de qualidade vida, exigindo de Brasília intervenções que resultem na democracia política na região. Esta é a proposta do Partido dos Trabalhadores?

Todavia, nada pode ocorrer, mas para a existência do partido, os democratas precisam pensar o momento histórico.

Outro ponto a destacar: caso os integrantes do DEM se associem ao PMDB, qual seria sua relação com o governo de Dilma Rousseff, que terá o PSDB como oposição? Uma situação que teve ter reflexo em Goiás, pois Marconi Perillo (PSDB) tem em sua base de apoio os democratas.

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