Decoreba e o Enem

A escola é fundamental para a justiça social, em que todos tenham condições de acesso à educação de qualidade.

EDUCAÇÃO - Não é nova a análise, segundo a qual a classe com poder aquisitivo brasileira quando se vê diante de perda de status quo logo sai a campo, numa guerra para manter os tradicionais privilégios. Exatamente o que ocorre com o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) neste momento, pois, como há uma divisão social no Brasil que coloca de um lado quem estuda em caros cursinhos preparatórios, uma minoria, e aqueles, a maioria, que fazem sua preparação para as provas de ingresso nas universidades em combalidas escolas públicas brasileiras, em cursos de destaque como medicina, odontologia, engenharias.

Como o exame não parte do decoreba, tanto criticado pelos pedagogos, mas sim a memorização de textos acadêmicos, torna-se desnecessário as aulas sofríveis de caras escolas particulares, cujo resultado serve apenas para a aprovação nas cobiçadas instituições públicas do ensino superior.

Não se deve minimizar a responsabilidade do MEC em realizar provas sem falhas, mas por trás de tanta discussão está à busca de manutenção de um modelo de ensino que ofereça privilégio para castas em detrimento da igualdade social, que inicia na educação inclusiva. Não é possível admitir que a qualidade do ensino universitário brasileira perca qualidade no momento em que o acesso à sala de aula seja para todas as classes. Difícil imaginar que ainda se pensa na diferença das pessoas pela cor sanguínea, como ocorria no período das monarquias, que hoje apenas representam um período da história, que redunda apenas em símbolo sem representação, de fato.

Sem dúvida, as escolas públicas brasileiras precisam passar por mudanças que privilegie a qualidade e deem condições à formação estruturada de jovens deste país, que carecem de boa formação. Se o decoreba dispensável perder espaço, certamente haverá avanços importantes para estudantes que se preparam em busca do conhecimento, daí a formação de pessoas críticas, capazes de participar de uma sociedade cada vez mais complexa, em que a guerra que se estabelece, na contemporaneidade, no campo simbólico, das idéias.

Não se pode analisar a sociedade simplesmente pelo privilégio, economia e capacidade intelectual a altura de alguns. A escola é fundamental para a justiça social, em que todos tenham condições de acesso à educação de qualidade.

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