Com discurso, propaganda e falatório solução não há de surgir, mas com ações que dependem também da consciência da população e formadores de opinião.
FOME - Para se assustar. Pode nem acreditar, mas um terço dos goianos, 2,4 milhões de pessoas vivem preocupados cotidianamente com a insegurança alimentar, conforme dados divulgados pelo IBGE. Portanto, centenas de famílias mantem a incerteza sobre as condições das refeições dos filhos, o que seria o básico. O que dirá da saúde, educação, cultura e lazer.
O Jornal O Popular destaca neste sábado (27) que os números só fizeram aumentar depois de 2004, diferentemente do que aconteceu em várias regiões pobres do Brasil. Além do que, importante lembrar, Goiânia é a 10ª cidade mais desigual do mundo, apontada pela ONU, com dados revelados no início deste ano. Não seria tão trágico se houve sensibilidade social para um fato que é invisível a nobreza do Estado, inclusive para parte dos políticos locais.
Estranho a publicidade de um estado em desenvolvimento, com superávit comércio, com prosperidade da indústria que aumenta a produção a cada ano, numa região com grande produtividade, principalmente, de bens primários. No final, a realidade é que a renda está cada vez mais concentrada nas mãos de poucos, que insistem em propagandear as vicissitudes de um território, sem analisar que a pobreza vai se disseminando.
Conforme a Wikipédia, em 2009 a população de Goiás foi estimada em 5 926 300 pessoas, e deste universo, portanto, o dobro da população da capital, convive com a insegurança alimentar, 2 400 000. Em todo país, a insegurança alimentar, conforme matéria de o Jornal do Brasil, atinge 65,6 milhões. No ano passado, 11,2 milhões de pessoas conviviam com a fome no Brasil.
Comum em conversa com populares na rua e assistir ao discurso de políticos pela mídia, a afirmação de que o estado, com ênfase na capital, não existem favelas, pois parte do pressuposto equivocado de que estes lugares somente se formam em morros. Um mito em decorrência dos territórios do tráfico que assolam principalmente cidades como o Rio de Janeiro, cuja topografia é de grandes elevações. Certamente, no caso do estado goiano não se pode afirma que impera a miséria absoluta, mas como se percebe nitidamente que a divisão está bem traçada: ricos, muito ricos e pobres, muito pobres, com reflexo no bem-estar-social.
Neste meio, um grupo bem definidos de afortunados, com grande poder político, que defende um sistema absolutamente conservador e arbitrário; e do outro, um aglomerado de pessoas, bem maior de pessoas, que sofre com a incerteza do futuro.
Diferentemente da capital carioca, não há necessidade da intervenção do exército nos “becos” goianos, mas seria no mínimo humano a política oficial olhar para os lugares escuros dos guetos da fome que marginalizam, como se vê milhares, numa terra de prosperidade. Com discurso, propaganda e falatório solução não há de surgir, mas com ações que dependem também da consciência da população e de formadores de opinião. A imprensa tem papel importante neste sentido.
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Imagem da miséria que assustou o mundo, no período da guerra do apartheid, na África do Sul, publicado por jornais dos Estados Unidos:
Foto de Kevin Carter, no Sudão (1993) que gerou polêmica |
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