Monte Carlo e a operação política

Se a média do país convive com vencimentos que não ultrapassam parcos salários, a aquisição de bens que atingem as cifras dos milhões, apenas revela as maracutaias sem freio e elegância

A operação Monte Carlo, que colocou em dúvida questões relativas a nomes da política goiana, serve de alerta para entender as lógicas eleitorais brasileiras. As milionárias campanhas tornam líderes refém de grupos empresariais que visam prioritariamente interesses particulares – marginalizando os eleitores na democracia. As negociações que ocorrem na calada da noite atingem o cidadão comum, acostumado à dura realidade da ausência de credibilidade e compromisso com a coisa pública.

Neste sentido, aos representantes que tiveram sua conduta aprovada pelo voto tem agora a responsabilidade de, publicamente, apresentar suas explicações cabais.

Questões como telefonemas para lá e cá, com publicidade em forma de texto jornalístico pela mídia demonstra que o jogo político vai além das aparências, do bom mocismo e honestidade apregoada. Os diálogos confidenciais entre amigos põem do lado de fora os interesses reais de uma maioria da sociedade, que vê apenas as migalhas do poder político e representativo – quase nada.

Não seria possível entender as transações entre “parceiros” que envolvem milhões, cujo objetivo maior seria as boas ações públicas. Se a média do país convive com vencimentos que não ultrapassam parco salário, a aquisição de bens, que atingem as cifras dos milhões, apenas dá visibilidade as maracutaias sem freio e elegância.

Quanto tempo as dúvidas vão pairar no ar? Será possível contar eternamente com a falta de memória dos eleitores e o desejo pelos mitos da sociedade vista como atrasada? Há heterogeneidade na massa, entretanto.

Justiça observada

A rigor, a democracia somente será possível com a participação da sociedade na política. A indiferença leva a apenas um lugar: a aceitação e perenidade no poder de nomes que carregam para a imortalidade heranças clássicas do governo das massas. De modo que, a falta de decoro parlamentar de alguns, não retrata toda a realidade vista.

Mas é fato que o excesso de informações sobre determinadas figuras do mundo partidário não faz transparecer a seriedade e os interesses sociais. Por debaixo do que é visível há o modo de operação dos esquemas para a representação popular.

Cabe ainda destacar o momento em que passa a própria justiça, fazendo vazar por entre os dedos sua própria moral defendida, contrária a um mundo de injustiça e altos salários, nem sempre honestos, se comparados com a média nacional – e ainda mais. As explicações de grupos deica transparecer a falta de honestidade na prática possível pelo apadrinhamento das lideranças no poder, que deseja se perpetuar amigavelmente – a proposta que sobra é mudar para nada transformar.

Então não resta alternativa? O caminho se relaciona com mais informação, conhecimento e participação do coletivo. Contudo, podem-se observar ligeiros e firmes movimentos na política, apesar das representações de poucos que perseveram em manter sua filosofia de ordem. O tempo dirá.

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