Antes apoio, agora crítica a Torres

Em nome dos valores tradicionais da sociedade, muitos se serviam dos discurso do Senador Goiâno para defender suas causas, para comunicar a ordem. Agora as empresas de comunicação repetem suas críticas ao democrata.

A mídia, que agenda as outras mídias, temerosa de perder audiência e credibilidade está em busca pelo eticamento correto, numa sociedade em que as diferenças sociais eleva a luta, de maneira a evidenciar os riscos do desequílibrio.

Exemplo está o texto de artigo de Eliane Cantanhêde, do jornal folha de S. Paulo deste domingo:

Desalento

BRASÍLIA – Difícil descrever o estado de ânimo dos senadores estreantes Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) diante das relações perigosas do colega Demóstenes Torres (DEM-GO) com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Perplexidade? Decepção? Irritação? Talvez um pouco de tudo isso.

Taques, procurador, e Randolfe, senador mais jovem (38 anos) e professor de direito constitucional, formavam um trio com o veterano Demóstenes, promotor. Eles conhecem o sistema, apresentavam projetos, sugeriam mudanças. Para dar nisso? O “ético” Demóstenes tem de explicar três mimos recebidos de Cachoeira. Primeiro, o fogão e a geladeira importados, de presente de casamento. Depois, um telefone Nextel, aparentemente imune a grampos (para fugir da polícia?). Agora, o pedido de R$ 3.000 para pagar o aluguel de um jatinho.

Isso, de um lado. Do outro, a PF gravou conversas em que, segundo seus relatórios, Demóstenes repassava informações sigilosas para o amigão bicheiro -que, aliás, está preso. Fechando as duas pontas, tudo indica intimidade e sugere toma lá dá cá. Com os políticos sob profundo descrédito, o Congresso em pé de guerra com o governo, Dilma mais ocupada em reuniões com empresários, Demóstenes é mais um que cai, deixando um rastro de desânimo.

Pedro Taques e Randolfe, como muitos de variados partidos, candidataram-se e elegeram-se com o discurso de que a política move o mundo e transforma a realidade. Mas estão vendo, na prática, que o poder também corrompe e deforma. Multiplicam-se as histórias de jovens promissores e idealistas que se desvirtuaram tanto a ponto de se tornarem irreconhecíveis até no próprio espelho.
Demóstenes coloca Taques, Randolfe e um punhado de estreantes diante de três opções: resistir bravamente, desistir da política ou aderir ao jogo -como a maioria.

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