Dura dita da tortura


Tempos em tempos surge na mídia o período emblemático dos governos militares no Brasil, demonstrando o grau de impotênciaidade de uma nação que viveu as dores das torturas, ao que parece sem autores, somente com vítimas. O caso é sempre tratado com reservas e preocupações. O que se esconde?


A rigor, pensar em justiça no país não é uma tarefa fácil, considerando  os desgastes das  instituições que deveriam se posicionar em favor da sociedade, quando na realidade está mais para grupos com status econômico e político. A ditadura brasileira ainda hoje permite exaltar uma figura deplorável de tempos de resistência às mudanças democráticas. Condenados pelo discurso fantasmagórico do comunismo, milhares de pessoas morreram como se estivem na defesa de um sistema perverso e destruidor.

Na verdade intelectuais, jornalista, estudantes lutavam pela igualdade, o que exigia um discurso e posicionamento contrário às propostas vigentes, antes e depois de 64.

Apoiados por empresários brasileiros, estrangeiros e donos de meios de comunicação os militares de linha dura impuseram uma condição de guerra e tortura, em um Brasil que já vinha lidando com as divisões internas entre muito pobres, pobres, medianos e poucos muito ricos.

Portanto, o sofrimento de uma maioria se mostrou visível, para instituições que visavam à busca de um diálogo externo, de maneira submetida aos desígnios das nações de primeiro mundo. A reboque da ordem global se definiu a perspectiva nacional.

Entretanto, antes do apagar das luzes de um regime maquiavélico formalizava-se “oportunamente” a Chamada “Lei da Anistia” (promulgada pelo presidente Figueiredo em de 28 de agosto de 1979).  Sob seu manto se institui a justiça e a paz, sobretudo, para os algozes. Em consequência, mesmo diante do entendimento dos órgãos internacionais de punição para determinados torturadores, forma-se um consenso sarcástico de que hoje pode somente apontar para os agentes, mas nunca levá-los aos tribunais.

Cabe uma ressalva, no Brasil o judiciário sempre se fez de morto para não enfrentar a força dos fantasmas, que teimam em sair do armário. Pelo que se pode deduzir os movimentos de resistência contavam com uma base sólida, como um iceberg.

Neste prisma a “Comissão da Verdade” tem apenas um caminho: criar polêmica, sem no final zelar, de fato, pela justiça – certamente melhor do que nada, mas não o bastante para o esclarecimento. Em tempo, a Argentina e Chile fizeram sua parte ao dizer não a condição de plena injustiça. Muitos dos autores de torturas se tornaram conhecidos e passaram pela reclusão, além de dar explicações de seus atos, entre eles Augusto José Ramón Pinochet Ugarte, o Pinochet.

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