COTIANO E O PRESIDENTE

Em determinadas circunstâncias, principalmente no interior do país, é comum a afirmativa segundo a qual é mais fácil um poste ganhar as eleições do que certos candidatos, os quais não conseguem atingir as expectativas do eleitor. Evidentemente, esta não é a condição do tucano José Serra.

ELEIÇÕES - Nada mais complexo do que eleições, as quais pressupõem mudanças repentinas em decorrência dos ânimos da sociedade, conforme determinação da opinião da maioria, muitas vezes instável. Entretanto, os resultados de pesquisa do CNI/Ibope, divulgada na quarta-feira (23), para a campanha a presidência da República, envolvendo Dilma Rousseff (40%) e José Serra (35%), demonstram a participação ativa da sociedade na decisão do voto. Afinal, os grupos que apóiam o candidato tucano declaradamente têm interesse econômico-privado prioritariamente na estrutura do Estado, numa visão de capital liberal, princípio pelo qual a economia seria o carro chefe de uma sociedade desenvolvida.

A permanente chapa tucano-democratas revela a proposta em essência do pensamento do grupo que fundamenta o plano de governo de Serra, que ao longo dos últimos meses não para de cair nas pesquisas, mesmo diante de uma guerra dos institutos, envolvendo Datafolha, Ibope, Census e Vox Populi. Os números recentes verificados por estas mesmas empresas não deixam dúvidas quanto ao crescimento de Dilma Rousseff, cujo currículo registra a falta de experiência em eleições e atuação efetiva em política partidária, diferentemente do seu adversário que é conhecido pelo público pela sua articulação em diversas disputas eleitorais.

O mais intrigante é saber que somente no sul do país Serra, conforme o Ibope, continua na frente na corrida presidencial, sendo que até mesmo no sudeste, onde estão São Paulo (há vários anos berço do PSDB) e Minas Gerais (de Aécio Neves), dois dos maiores colégios eleitorais brasileiros, a petista ganha à frente. Em determinadas circunstâncias, principalmente no interior do país, é comum a afirmativa segundo a qual é mais fácil um poste ganhar as eleições do que certos candidatos, os quais não conseguem atingir as expectativas do eleitor. Evidentemente que esta não é a condição do tucano, mas demonstra que o seu discurso está fora de sintonia com a sociedade moderna, globalizada, mas com problemas localizados, muitos deles graves como a falta de alimento, emprego, moradia, segurança e educação. A diferença de renda no Brasil levou muitas comunidades a buscarem o seu lugar num cenário que é lhe desfavorável, de maneira política.

A rigor, a definição de grandes jornais brasileiros e as campanhas de marketing arrojadas, embora ainda importantes, não são fundamentais neste processo, pois, o que se percebe é a disposição da população em eleger o cotidiano como lugar de decisão. Se assim, for a coligação com os democratas, em meio aos conflitos de interesse, não será suficiente e importante para resolver um problema que está na origem das propostas, e no perfil de quem pretende ser governo de uma nação inteira.

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