Sem dúvida, o espectador, nós, não entramos no rol das preocupações dos conglomerados nacionais, mas a sua rentabilidade é que está em jogo.

Estranho imaginar que as empresas de comunicação em seus editoriais defendem, intransigentemente, o liberalismo e a economia globalizada, mas quer que o Estado – um órgão público - defenda os seus interesses nacionais – a defesa não é por um Estado mínimo? Num passado não muito distante, conglomerados midiáticos falidos exigiram do governo brasileiro a abertura de investimento para estrangeiros, com o objetivo de aumentar sua condição de competição ante seu endividamento. Este seria o princípio de um grande problema a ser enfrentados pelos empresários do setor, que sempre pensou a notícia como qualquer produto que se encontre no supermercado. Ademais, como é sabido, o capitalismo é fortemente concorrencial e pouco interessa pela cultura local, pois o objetivo é o resultado financeiro e em escala.
Nos últimos meses os donos das grandes empresas de mídia começaram a gritar em socorro diante da invasão de estrangeiros, principalmente, das teles que lançaram suas raízes no Brasil, oferecendo diversos tipos de serviço, inclusive de transmissão de programas televisuais e jornalismo de qualidade – afinal, é notória a perda de audiência das mídias locais.
Com as novas tecnologias os suportes de transmissão se transformaram, pois não há necessidade simplesmente de uma antena para que o sinal chegue aos lares brasileiros, o satélite se torna o mecanismo mais eficiente, e pode transmitir de qualquer parte do mundo para qualquer localidade sem perdas, ao contrário sempre com mais eficiência e qualidade.
O que os empresários nacionais reclamam é pela fatia de mercado que estão perdendo, com isso, a hegemonia de condução do imaginário social. Não pode esquecer que as grandes empresas do país sempre reproduziram os principais programas dos países centrais, principalmente Estados Unidos e Europa. Portanto, não seriam efetivamente os conteúdos que preocupam, mas o direito de transmitir e a condição de definir o que será visto, lido e ouvido.
Sem dúvida, o espectador, nós, não entramos no rol das preocupações dos conglomerados nacionais, mas a sua rentabilidade que está em jogo. Em foco a possibilidade iminente de grandes perdas econômicas e de status quo. Uma pergunta, entretanto: o público tem direitos de escolha?
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