CONSERVADORES DE VOLTA AO VELHO MUNDO

A globalização não perdoa o velho e sábio mundo Europeu, se salva os tupiniquins que ainda preservam o Estado regulador apesar do som retumbante de grupos minoritários que exigem abertura econômica para a “democracia” da política dos mercados.

POLÍTICA - O sistema liberal continua deixando sua marca onde foi adotado como forma de governo, prioritariamente. Os Britânicos agora resolveram abrir mão de um governo trabalhista, centro-esquerda, para um primeiro ministro conservador, em parceria com enfraquecido partido liberal. A sociedade, sem condições de decidir seu próprio rumo diante de um mundo globalizado e submetido às ordens econômicas dos grandes mercados, decide por uma estrutura baseada na ordem e progresso.

Com a imigração cada vez mais crescente e os vizinhos se desfalecendo diante do capital volátil e bolhas que se espalham não se vê alternativa: mudar o comando da nação, mudar os rumos rapidamente. Talvez o problema esteja nos condutores do sistema mundial e não simplesmente em um governo, seja ele qual for. Possivelmente imaginar o teatro de bonecos reproduz uma imagem da realidade política pós-moderna – no palco as marionetes.

O inglês John Thompson afirma que os escândalos sucessivos geram a falta de confiança da população sobre os políticos, o que criaria uma comunidade que preferiria representantes éticos (de caráter), mesmo não sendo competentes – mesmo diante das dificuldades do descontrole mundial e a submissão a lógica global. Possível, afirmar nesta hora, acompanhando o raciocínio do pensador que uma população sem informações precisas, a mercê dos meios de comunicação - que aumenta a visibilidade para os acontecimentos, num agendamento que privilegia o agendamento favorável ao sistema liberal - buscam formas de defesa que nem sempre é a mais acertada.

A propósito, mesmo não recebendo o apoio popular, os liberais participam do governo interferindo nas decisões importantes. Entretanto, eles mesmos já definiram que os bancos devem ser tachados, algo que não poderia ser pensado há mais ou menos uma década. Contudo, cabe uma ressalva, a opção ocorre diante de um país próximo da quebradeira econômica, e uma população preocupada que pressiona.

Não parece complicado entender as razões das grandes dívidas dos velhos países. A busca desenfreada pelos resultados econômicos a qualquer custo dos grandes especuladores que normatizam o Estado, numa auto-regulação, sempre a margem dos interesses do público, geram, no final, a pobreza da maioria que se vê obrigada a bancar a dívida contraída, enquanto os empreendedores do mercado ficam com os lucros, então privados. Os Estados Unidos ainda não conseguiram resolver esta equação que tende a perdurar: implementar mudanças na estrutura da nação comandada pelas grandes empresas e especuladores sempre ávidos por resultados fáceis e desonestos.

A Grécia caiu diante da crise, junto com ela possivelmente vem Portugal e Espanha, com dívidas crescentes e poucas condições de pagamento. A socialização da dívida será inevitável. A globalização não perdoa o velho e sábio mundo Europeu, se salva os tupiniquins que ainda preservam o Estado regulador apesar do som retumbante de grupos minoritários que exigem abertura econômica para a “democracia” da política dos mercados.

Disso tudo, apesar de trágico em função dos milhares de pessoas que sofrem com a perda de qualidade de vida, geralmente os mais pobres, o império está perdendo a nobreza em conseqüência do próprio individualismo e sem limites. Os conservadores britânicos se seguirem o modelo de Margaret Hilda Thatcher, o final não deverá ser feliz para todos. Verdade que não tem mais o que privatizar.

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