INOCENTE ÚTIL

Talvez fosse razoável uma discussão mais ampla, inclusive questionar os acordos globais a partir dos países desenvolvidos e negar o enriquecimento de urânio pelo mundo, inclusive no Irã.


POLÍTICA GLOBAL - No mínimo é estranha a afirmação da imprensa mundial e brasileira sobre a carta branca dada por Barack Obama ao presidente brasileiro para negociar com o Irã, sobre energia nuclear. Nos comentários e notícias publicados sobressai a afirmação de que o governo Lula foi inocentemente usado pelos Estados Unidos, com a proposta de tornar evidente o desafio dos persas a ordem do mundo. Por seu turno, os jornais repetem com insistência o interesse de Ahmadinejad em usar o carisma de Lula para ganhar tempo e construir sua bomba destruidora.

Parece uma trama bem feita, na qual o líder brasileiro sai em desvantagem, apesar do esforço e competência diplomática. Mas a grande questão no momento é a saia justa imposto ao presidente dos Estados Unidos que se vê cada vez mais questionado pelos países periféricos e de inúmeros de seus eleitores que exige sua sinalização para uma administração democrática e solidária localmente e com o resto do mundo, onde seu capital de confiança sofre déficit a cada ano. Todavia, uma equação muito complica, em função dos grandes falcões americanos que não conseguem abrir mão do poder absoluto sobre a política global – em primeiro lugar está o item econômico. Desta forma, vale admitir a fraca presença de um líder que depende do consentimento para uma liderança econômica, popular e democrática.

Na realidade, o Brasil, com as ações diplomática do governo, ganha destaque no cenário global, não como um país perdido na América Latina, considerado quintal dos Estados Unidos, mas capaz de negociar diante da crise de identidade de um mundo polarizado entre ricos e pobres. Infelizmente, esse poder brasileiro sempre existiu, no entanto, as elites locais sempre preferiram o uso do pires a contestar os critérios da política econômica, sobretudo em tempos não exatamente globais, como hoje – com a palavra os liberais.

Talvez fosse importante, contar a nossa história a partir dos discursos nacionais a repetir estratégias discursivas de países centrais que já possui toda uma Hollywood e inúmeros meios de convencimento ideológicos. Afinal, armas nucleares possivelmente não seja apenas o desejo do Irã, e materialmente resolvida nos países do eixo do bem. Talvez fosse razoável uma discussão mais ampla, inclusive questionar os acordos globais a partir dos países desenvolvidos e negar o enriquecimento de urânio pelo mundo, inclusive no Irã.

1 comentários:

Unknown disse...

Os EUA sabotam a paz

O acordo com o Irã é uma vitória histórica da diplomacia brasileira, quaisquer que sejam seus desdobramentos. A mídia oposicionista sempre repetirá os jargões colonizados de sua antiga revolta contra o destaque internacional de Lula.
O governo de Barack Obama atua nos bastidores para destruir essa conquista. É uma questão de prestígio pessoal para Obama e Hillary Clinton, que foram desafiados pela teimosia de Lula. Mas trata-se também de uma necessidade estratégica: num planeta multipolarizado e estável, com vários focos de influência, Washington perde poder. E a arrogante independência do brasileiro não pode se transformar num exemplo para que outros líderes regionais dispensem a tutela da Casa Branca.
Em outras palavras, a paz não interessa aos EUA. E, convenhamos, ninguém leva a sério os discursos pacifistas do maior agressor militar do planeta. Será fácil para os EUA bloquear a iniciativa brasileira, utilizando a submissão das potências aliadas na ONU ou atiçando os muitos radicais de variadas bandeiras, ávidos por um punhado de dólares. Mas alguma coisa rachou na hegemonia estadunidense, que já não era lá essas coisas.

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