O enfrentamento envolve a maioria versus a minoria, e no meio a velha e perigosa palavra globalizante.
POLÍTICA - As eleições que começam oficialmente em junho, apesar das campanhas já estarem em pleno vapor, será atípica no que se refere aos candidatos, pois entre os principais nomes sobressai José Serra (PSDB), um veterano nos pleitos eleitorais; Dilma Rousseff (PT), novata neste processo; e Marina Silva (PV), com experiência no legislativo, fora do seu ninho de origem o PT. Duas candidatas que se apresentam carregando a bandeira da esquerda, e o tucano que sinaliza representar uma proposta liberal, com a formação de um Estado que abre espaços para as grandes empresas e economia global. Mesmo com a presença de uma terceira via haverá um plebiscito, conforme pleitea estrategicamente o presidente.
Será, de fato, uma decisão da sociedade em definir os caminhos da política e estrutura social brasileira. A aposta está, portanto, entre um país aberto para o mundo, cujo princípio que nortea a realidade será o sistema financeiro e as grandes conglomerados empresariais. Por outro lado, Rousseff se apresenta aparentemente bem relacionada com interesses do grande empresário que quer ver seus empreendimentos livres, com menos controle estatal, inclusive partícipe de primeira hora dos desígnios sociais – menos liberal. No universo intelectual, hoje mais que no passado e não muito distante, o capitalismo em expansão e sem controle atrai muitos pensadores, que de alguma forma estão silenciosos em função da falta de coerência de sua história. Em resumo, analisam a globalização (mercadológica) como sem retorno, mesmo considerando a perda de identidade e características culturais de inúmeras comunidades, e atrasos daqueles que não podem competir na roleta russa econômica.
A crise global, entretanto, demonstrou que a liberdade plena para os empresários inescrupulosos significa a falta de lisura e honestidade com a coisa pública. O resultado é a crítica veemente contra o governo de Fernando Henrique Cardoso, que se mostrou muito próximos dos democratas estadunidenses, em especial a família Clinton, durante seu governo. Neste imbróglio, de consenso de bancos mundiais pouco divulgados, as grandes nações movidas pelos monopólios, que movem a economia mundial, perderam recursos e se viram perdidos em meio a um mar de dívidas em apostas perigosas. Evidentemente, que o Estado norte-americano saiu a campo na defesa dos interesses das instituições econômicas, a rigor, fundamentais para manter a estrutura financeira em pé. Neste espaço nem mesmo o novo presidente conseguiu se impor, conforme os interesses populares. Sobressaem os falcões.
O Brasil, segue a sua caminhada de crescimento numa sociedade global em que há grupos ávidos por transformações, embaladas pelo mercado sem fronteiras. Entretanto, do outro lado a grande maioria da sociedade convive com os novos tempos, apesar da aparência de complexidade, conhecedora na prática de sua realidade, mas entretanto, em meio aos discursos eloquentes, de candidatos que reproduzem palavras em discurso ensaiados. Neste momento, não estará em jogo à competência ou experiência, simplesmente, mas quem é quem e qual a representatividade que propõe. Evidentemente, que numa campanha eleitoral os discursos nem sempre são inteiramente ocultos. O que não se sabe quais são os lances de convencimentos que serão apresentados.
Em suma, sem dúvida um país precisa ser pensado a partir da sociedade, com inclusão e igualdade social. Difícil saber o que pensa o homem das finanças globais sobre os humildes homens locais. O enfrentamento envolve a maioria versus a minoria, e no meio a velha e perigosa palavra globalizante.
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