Tragédia e modernidade

Os efeitos colaterais são inevitáveis numa sociedade chamada de massa, sem oportunidade e igualdade. A rigor, somos participantes da massa, responsáveis e culpados pelas tragédias que exterminam vidas

VIOLÊNCIA - O caso das mortes na Escola de Realengo no Rio de Janeiro é uma tragédia que assusta pela violência, que acomete a sociedade moderna e envolve crianças, que ainda se preparam para o cotidiano, cada vez mais complexo. De fato, a mídia sempre exagera nos assuntos que geram sensibilidade e comoção, o que pode ser interpretado como também uma forma de melhorar os índices de audiência, mais do que simplesmente informar. Pois o excesso de mensagens leva a informação nenhuma.

A cada dia é visível que vivemos em sua sociedade complexa, em que emergem confusões mentais as mais diversas na coletividade, levando a todos a perder o sentido sobre as razões da violência cometida por um jovem de apenas 23 anos de idade, Wellington Menezes de Oliveira – desequilibrado emocionalmente.

Embora tenha dito que se trate de um “animal” como adjetivou o governador da capital fluminense Sérgio Cabral (PMDB), vale à pena analisar os motivos de determinadas atitudes de pessoas que cometem tal barbárie, que pode não ser a última.

Nestes casos não existem heróis, nem anti-heróis  e menos ainda algumas famílias vítimas, os movimentos atingem a toda sociedade nos seus “quadrados”, sem permitir a ninguém escapar desta tsunami não-natural, pois as mortes de crianças em uma escola do Rio de Janeiro pode ser menor do que o número de adolescentes que morrem diariamente em diversas cidades brasileiras, vitimadas de violência física e sobretudo social – Realengo seria uma ponto do iceberg.

A aparência, de atos diretos assusta pela imagem possível, mas na realidade do dia a dia ganha amplas dimensões, sem as fotografias e recortes cinematográficos.

A própria educação de má qualidade promovida pelo Brasil é um lugar de extrema violência,  ao impedir o desenvolvimento intelectual e competência de crianças e jovens de participar desta sociedade – cada vez mais complexa -, cuja luta se faz mais sutil – sendo que a exploração está nas frases de efeitos e verdades construídas.

Não somente aqui a realidade que se apresenta é um vexame, mas se estende para a totalidade dos países pelo mundo, cuja essência vai se transfigurando em apenas consumo e produção.
Os efeitos colaterais são inevitáveis numa sociedade chamada de massa, sem oportunidade e igualdade. A rigor, somos participantes da massa, responsáveis e culpados pelas tragédias que exterminam vidas.

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