Educação funcional da Veja

Não há necessidade ir além, de discutir o que pensa o economista Gustavo Ioschpe sobre educação, mas é importante perceber quais são os objetivos que segmentos da sociedade de procuram atingir no ensino brasileiro

EDUCAÇÃO – Final de uma semana agitada com muitos assuntos importantes, que movimentou os meios de comunicação, em consequência da viagem da presidente Dilma Rousseff à China, que vem se tornando um dos principais parceiros do Brasil, a contragosto de grande número de formadores de opinião e texto publicado por Fernando Henrique Cardoso sobre os rumos a serem tomados pelo PSDB na atual conjuntura política. Mas um tema em si chamou a atenção, embora sem qualquer sem qualquer repercussão que o valha, se refere ao artigo publicado pela revista Veja, assinado por Gustavo Ioschpe, sobre educação.

Há questões que é preferível não abordar para evitar perda de tempo ou mesmo dar vazão a irracionalidade de pessoas, com objetivos muitos claros, que é o de observar a sociedade como uma massa uniforme, incapaz de olhar muito distante de seu nariz. A rigor, o articulista, conforme a enciclopédia Wikipédia, tem origem de “rica família, estudou em escolas particulares e graduou-se no exterior. É filho do banqueiro Daniel Ioschpe, morto em 2077″.

Além do mais, sua formação é “ economia, com duas graduações (em Ciência política e Administração estratégia pela Wharton School, na Universidade da Pensilvânia, e mestrado em Economia internacional e Desenvolvimento econômico pela universidade de Yale, nos Estados Unidos.

Evidentemente que seu currículo tem grande valor e precisa ser reconhecido, mas com foco na economia e não na educação, com eficiência. Desta forma, suas observações partem das questões financeiras, cujo reflexo está no ensino, afinal, como pensar uma sociedade com tantas diferenças de rendas se não mantiver um discurso coeso que relacione efetivamente conhecimento e mercado. O pensamento complexo e embasado não seria, neste contexto, necessário e preferível evitado.

Em seu artigo, critica abertamente os sindicatos dos professores ao destacar que se trata de uma entidade que serve aos propósitos de dar forma a uma classe, com tradição de buscar ganhos financeiros em detrimento da qualidade da sala de aula. São pessoas que preferem a segurança da organização a busca da formação estruturada que permita qualidade no ensino brasileiro, sempre visto de maneira negativa, com viés marxista.

Ou seja os professores tem uma grande formação crítica contra o mercado, pois, são escolados nas cartilhas de “O Capital”, do alemão Karl Marx. Certamente, esta não seja a realidade de professores que precisam trabalhar três turnos por semana para que possam honrar os seus compromissos.

O salário da categoria sempre esteve longe do desejável, talvez realmente o sindicato da categoria tem responsabilidades nisso, cooptados muitas vezes pelo patrão (inclusive pelo Estado) que vê o docente com mão de obra barata, muitas vezes funcionando como um botão que basta apertar para chegar à alguns resultados.

Seguindo a análise do nobre economista os estudantes também se alienam neste discurso de salário e boa vida dos educadores, e não exercem o seu direito de cobrar resultados e mudança desta tradição, que traz prejuízo à sua formação.

Assim, descreve Ioschpe “não podemos esperar por movimentos organizados para abraçar essa causa: precisamos criar nós mesmos essa união, que será inclusive boicotada pelo status quo”. Qual status quo que faz referência o nobre articulista? Status quo diz respeito a uma sociedade hierarquizada, a qual a educação ameaça discutir permanentemente, mas sem forças para levar avante qualquer discurso contrário, sob as amarras de um sistema econômico que vê perigo por todos os lados, capaz de mexer em sua estrutura e modelo.

Finalmente, chega ao ponto desejado: à defesa de uma educação que sirva exatamente ao status quo, pois “esse insight causa dois impactos (os sindicatos) importantes. O primeiro é que estamos sós.” Leia-se nesta busca de formar pessoas estritamente com o pensamento práticos para um mercado que exige algumas tarefas racionais.

Segundo ponto observado: “”toda vez que uma organização com esses nobres fins se forma, o cacoete de buscar uma parceria com os representantes dos professores é o beijo da morte.”

Não há necessidade ir além, de discutir o que pensa o economista Gustavo Ioschpe sobre educação, mas é importante perceber quais são os objetivos que segmentos da sociedade de procuram atingir no ensino brasileiro, o que resulta em formação, sobretudo, de professores funcionais, ao invés de mediar a difusão do espírito crítico, numa sociedade que se quer apenas como massa.

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