Cabe ressaltar que numa sociedade da informação o excesso de alguns grupos de comunicação, que concentram poder de difusão de notícias, deverá se tornar emblemático para uma sociedade que acredita na possibilidade de nascimento da democracia.
Excessos. Eis a palavra que resume a participação da mídia nestas eleições, com exceções importantes. A queda da pestista Dilma Rousseff na pesquisa do Datafolha (51% para 49%) - sendo que Serra atinge 28% (antes 27%) e Marina 13%(antes 10%) - parece significar um grito de vitória para editorialistas e empresários da comunicação, como se dissessem: "veja o que acontece com quem não segue as regras da grande mídia brasileira". Uma insanidade imaginar que um país deve seguir intelectualmente o que pensa o frio departamento financeiro destas grandes empresas. Um sofrimento e sentimento de impotência para uma sociedade que viveu longos anos de ditadura, com censura aos movimentos sociais e com meio de comunicação oficial.
As escolhas do setor nem sempre foram felizes, as quais causaram grandes danos para a sociedade ao longo da história do país - pelo que parece sempre colonizado. Apenas dois exemplos. A começar pelos governos militares que receberam o apoio de setores da sociedade civil e parte importante da imprensa brasileira, que se mostravam preocupados com os rumos do Brasil com o crescimento político dos trabalhadores, nos anos 60; não deverá ser esquecido. Mais adiante, nos anos 90, com o risco iminente da eleição de Lula, um sindicalista, um jovem até então desconhecido pelos eleitores se torna, graças à capacidade de mobilização de alguns grandes empresários midiáticos, presidente eleito. O qual anos depois sofre impeachment, que se tornou bode expiatório para os graves e insistentes erros políticos cometidos na recém democracia.
Sempre repetimos aqui a importância dos meios de comunicação para o desenvolvimento social e geração de conhecimento, entretanto, cabe ressaltar que numa sociedade da informação o excesso de poder de alguns grupos de comunicação, que concentram poder de difusão de notícias, deverá se tornar emblemático para uma sociedade que acredita na possibilidade de nascimento da democracia. Ao contrário de pensar em censura, os governos devem aumentar o número de pessoas com acesso à informação vinda de várias fontes, e não de redes que de um centro se dissemina para todos os territórios autoritariamente.
Ademais, a política não deve ser vista a partir de propostas centralizadas, mas da decisão de quem vive o cotidiano, no espaço de vida. Desta forma, ao que parece não haverá um segundo tempo para as eleições presidenciais no Brasil este ano.
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