DEBATE: AGRESSIVO E FECHADO

Se não observar os números que se repetem explicitamente, mas com olhos nas reações dos candidatos, o segundo turno parece implicitamente se descortinar como possível.

CAMPANHA ELEITORAL - O debate promovido pela Organização Jaime Câmara, nesta terça-feira (31), transmitido às 10h pela internet, chama a atenção para alguns pontos importantes, como por exemplo a atitude dos candidatos que levaram para o debate um discurso de ataque contra os adversários, como se no final ganhasse quem tivesse voz para gritar mais alto. Ademais, como as pesquisas demonstram Marconi Perillo na liderança na corrida eleitoral o seu comportamento agressivo leva o eleitor a refletir sobre qual a razão de seu comportamento de alvejar os seus adversários. Será que seria a necessidade de fechar a fatura no primeiro turno ou vislumbra queda de popularidade neste momento da campanha.

Importante notar a estratégia de atacar com prioridade o candidato Vanderlan Cardoso, do PP de Alcides Rodrigues, que conta com os bônus e ônus da máquina do Estado. Com o crescimento do pepista em diferentes regiões, conforme última pesquisa Serpes, então se supõe é que os tucanos estariam preocupados com a sua ascensão, sem se incomodar com Íris Rezende (PMDB) que chegou ao seu patamar de crescimento. As especulações neste momento da campanha não favorecem quem está na dianteira, mas dá fôlego quem vem atrás, ainda mais considerando que o principal adversário, notoriamente sinaliza querer levar a decisão para um segundo tempo, quando poderá contar com muitos aliados de peso como Lula, Dilma (possivelmente eleita) e Alcides Rodrigues (final de mandato sem pretensões políticas pessoais para o momento).

Se não observar os números que se repetem explicitamente, mas com olhos nas reações dos candidatos, o segundo turno parece implicitamente se descortinar como possível. Como qualquer liderança política tem espaço para crítica, a propaganda eleitoral deve manter o discurso do debate (agressiva e sem propostas novas), como se ouve no rádio e se vê na televisão. Rezende insiste na critica direta, a qual é respondida por Marconi, sob o olhar de um grande número de eleitores em todo o estado, não somente na capital. Vanderlan tem um olho para o futuro e outro no agora, com discurso de ser o diferente. Talvez seja mesmo hora do candidato tucano ser mais comedido em sua postura, se tem a proposta de evitar um segundo tempo.

O Popular
Interessante notar que diferentemente dos grandes veículos de São Paulo (Estado de S. Paulo e Folha) a Organização Jaime Câmara decidiu abrir o debate somente para os assinantes do jornal O Popular, o que demonstra interesse econômico, sobremaneira, para mídias que buscam cada vez mais público amplo. Talvez seja um erro de fixação de uma marca, atendendo apenas leitores fiéis ao meio. Nunca é tempo de ressaltar que as mudanças na transmissão de notícias estão em processo de inexorável transformação, sendo que a publicidade não deverá vir somente de grupos já conhecidos.

A audiência desta forma foi aquém do desejado pelos profissionais que correram para a internet (twitter) no sentido de propagar, somente em texto, o que estava "rolando" no site ao vivo. Talvez seja mesmo uma pena imaginar que a comunicação brasileira esteja circunscrita aos interesses financeiros, mesmo considerando que além do jornal impresso a empresa possui concessões que são públicas, como é o caso das emissoras de televisão e rádio. Até mesmo a Rede globo que, depois de sofrer severa concorrência, resolveu liberar os seus conteúdos na internet, inevitável, diante dos diversos meios que surgem a cada dia.

Contudo, merece reconhecimento o trabalho feito por profissionais competentes, que reconhecem o espaço do jornalismo contemporâneo, e sabem o quanto a política faz parte do jogo econômico.

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