CONVERSA, NADA MAIS

Seria ingenuidade imaginar que há espaço para uma administração fora dos mercados, o qual foi seguido por Lula, longe de ser um defensor do socialismo. Entretanto, não se pode esconder a realidade com o objetivo de preservar domínios, sobre uma sociedade que se quer submissa e sem memória.

Imagem Wikipédia
ELEIÇÕES - No jogo político o terreno é pantanoso e movediço, o que torna a mensagem dos que têm voz a tentativa de verdade. Estranho o editorial do jornal Folha de S. Paulo deste domingo(5) que se posiciona contra o aparelhamento do Estado e dissemina terror ao imaginar que o Brasil poderá se tornar um país semelhante ao México que teve por anos o monopólio partidário do Partido Revolucionário Institucional, o PRI, que governou o país por cerca de 80 anos. A defesa de boa parte da imprensa paulista é que São Paulo deve ser o centro de poder brasileiro, afinal, o que bom para o Estado é bom para o Brasil. Entretanto, o que está por trás deste discurso é a ortodoxia do mercado, muitas vezes anti-social.

Ora, quando Fernando Henrique Cardoso esteve no poder e buscou a reeleição, que negociou a preço alto no congresso, os empresários da comunicação não bradaram sobre os riscos institucionais, pois a mundialização econômica estava em vigor e era contemplada nas negociações pelos grandes bancos centrais globais. A transformação da noite para o dia de empresas públicas em privadas não assustou os formadores de opinião, em sintonia com um mundo além fronteiras. A conversa não resulta em diálogo que permite a participação do homem público, mas a prioridade é o tamanho do bolo econômico, em detrimento das necessidades daqueles que não se servem.

Sobretudo, não cabe dizer que o brasileiro não sabe votar e elege as sensações mais elementares. FHC que, de alguma forma, se mostrou pós-moderno, atendeu os anseios do capitalismo financeiro, deixou o seu segundo mandato com baixa popularidade, reflexo que se vê hoje na campanha do tucano José Serra, o qual não expõe a imagem da maior autoridade do partido, a do ex-presidente da República por dois mandatos e criador do plano real, ainda no fraco governo do mineiro Itamar Franco.

Como dito mais de uma vez aqui, a queda de Serra nestas eleições significa a desaprovação social ao modelo tentado de desenvolvimento com Estado mínimo e mercados fortes acima das lógicas de um país com diferenças abissais de renda, com todas as vantagens que os rendimentos capitalistas podem oferecer a um número pequeno de privilegiados, no shopping como na educação, na saúde, cultura e lazer. Seria ingenuidade imaginar que há espaço para uma administração fora dos mercados, o qual foi seguido por Lula, longe de ser um defensor do socialismo. Entretanto, não se pode esconder a realidade com o objetivo de preservar domínios, sobre uma sociedade que se quer submissa e sem memória.

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