Bernardo Élis

Goiás do escritor de “A Terra e as Carabinas” passa por mudanças substanciais ao longo dos tempos, indubitavelmente, mas ainda (?) é possível observar diferenças gritantes que somente podem ser resolvidas com participação social no espaço político, educacional, cultural e da informação.

HISTÓRIA - A cada vez pensamos que observar os registros deixados pelos pensadores ao longo da história permitem conhecer comportamento e atitudes da sociedade no presente e no futuro. Neste sentido, vale a pena entender o texto do romancista e poeta Goiano Bernardo Élis ao fazer leitura do livro “A Terra e as Carabinas” (R&F Editora Ltda, 2005). No qual, numa obra de ficção (novela), descreve a vida dura dos trabalhadores que vivem na região, sofrendo os reflexos dos interesses globais, dos centros econômicos que provocam a guerra e estabelece o domínio no Brasil.

Verdade que o escritor tem a liberdade para descrever cenas que nasceram da sua imaginação, mas não poderia simplesmente construir uma realidade do nada, além da vida, do mundo das idéias.  Dito isso, presume-se que o homem crítico das letras imprimia nas páginas da história um contexto de realidade, que de toda forma já é de conhecimento da sociedade pensante, qual seja, trabalhadores humilhados para o enriquecimento dos grandes coronéis donos de infindáveis extensões de terras agricultáveis.

Os arrendeiros sempre com dívidas e promessas de se “enricar” iam levando a vida de escravo e miséria, enquanto que a produção era “entregue” aos “maciosos” afortunados da época.  O vampirismo do trabalho dos peões relegava homens e mulheres à submissão, a falta de cultura, de educação, num ciclo que perpassam os séculos em Goiás e imensos rincões brasileiros, lugar dos pesados partidos de direita que respaldavam os latifúndios ensaguentados pela injustiça de toda sorte.  Os fazendeiros organizados de um lado, os quais tem a seu favor a lei, o progresso, a riqueza e os mitos.  Aos empregados espoliados, por sua vez, o desejo com o sonhos de uma vida melhor, e do grande número.

Num corte para o futuro, pois o livro foi escrito em 1951 (Wikipédia), como analisar a realidade que envolve as relações no espaço social contemporâneo,  em que as roças deixaram de ser apenas um lugar de criação de gado e plantação, e se transformaram em grandes empresas, muitas delas pertencentes a conglomerados? Na globalização possivelmente tornamo-nos todos habitantes de um só território, sem limites de terras, mas com diferenças maiores: de identidade e condições de sobrevivência. Seria um primeiro ponto? As guerras não se transformariam, de toda forma, apenas na busca pela democracia, mas uma maneira de transformar sem qualquer alternância dos valores seculares de exploração.

Em essência, no dinamismo social, os quais os conflitos são inevitáveis, os lados continuam diferenciados pelas condições, entre “roceiros” e “coronéis” globais, com recorrente reflexo na renda da população mundial e brasileira. Goiás do escritor de “A Terra e as Carabinas” passa por mudanças substanciais ao longo dos tempos, indubitavelmente, mas ainda (?) é possível observar diferenças gritantes que somente podem ser resolvidas com participação social no espaço político, educacional, cultural e da informação.

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