Universidade pública e mercado

Em suma, na base de uma universidade pública deve estar o interesse público e suas implicações sociais, sem fugacidade e atenta com o desenvolvimento de pesquisa que vise o bem da coletividade e a qualidade de vida dos indivíduos em sociedade  

Educação e pesquisa  – A imprensa local informou esta semana que a reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG) deverá anunciar mais campi em cidades do estado, para tanto, realiza estudos para saber a realidade da região e  demanda de mercado. As informações parecem desencontradas, pois a razão de uma instituição pública de educação é exatamente valorizar os espaços universitários, primando pela qualidade da graduação, pesquisa e extensão. Como, de fato, o espaço de desenvolvimento de projeto científico não faz parte do interesse do setor privado, torna-se de responsabilidade do Estado envolver-se com a efetivação de pesquisadores com investimento. Desta forma, não se trata de simplesmente viabilizar interesses mercadológicos, como fez entender a nota jornalística.

As trocas econômicas e relações políticas fazem parte do interior do campus universitário, mas a definição de prioridades para as questões que atendam demandas privadas imediatas, somente contradiz as propostas de interesse do público, pois há uma dinâmica social que permite perceber alteração de comportamento nas áreas de conhecimentos ao longo do tempo, de maneira dinâmica. Com efeito, alguns cursos com grande demanda hoje não deverão chamar tanta atenção a médio e longo prazo, causando uma intensa corrida das faculdades particulares em torno dos alunos, em busca de adequar o seu negócio às formações da moda.

Neste momento, se assiste o fechamento de cursos tradicionais e reestruturação de outros que deixaram de ser visíveis para o mercado e população, mas que volta em função deste movimento social e político. Portanto, a filosofia, sociologia, pedagogia, etc., pouco observados pelo imediatismo moderno, não deve ser visto do mesmo modo pelo campo acadêmico público, o que não ocorre efetivamente na rede privada, que valoriza sobremaneira o resultado de seus empreendimentos, com suas razões efetivas.

Em suma, na base de uma universidade pública deve estar o interesse público e suas implicações sociais, sem fugacidade e atenta com o desenvolvimento de pesquisa que vise o bem da coletividade e a qualidade de vida dos indivíduos em sociedade. Além disso, não se pode equivocar de imaginar uma sociedade acadêmica elitista e mercadológica, simplesmente, cuja base está no limite da prática, como querem os empreendedores, visionários.

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