O
que significa dizer que se trata de partidos abertos às negociações
políticas, de fato, que para tanto exigem algum resultado para grupos em
consenso, sem compromisso com bandeiras sociais. Inverte-se os lugares;
primeiro o partido depois uma possível representação, conforme
conveniência
Política partidária – A semana movimentou a conversa social com dois assuntos sem relação, mas que são pertinentes com as lógicas dos tempos pós-modernos. O TSE ratifica o Partido Social Democrata (PSD), cuja liderança e idealizador é Gilberto Kassab, ex-DEM/PFL/PL, agremiação que está entre os cinco maiores partidos, nos 28 existentes no Brasil, conforme aponta o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Já na esfera da justiça a disputa entre Supremo Tribunal de Federal (STF) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão responsável pela punição de juízos que cometem atos falhos na defesa da sociedade, o qual está perdendo autoridade em sua nobre missão, com a regulação da entidade superior. Nos enfrentamentos, a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, dispara crítica aos juízes brasileiros ao afirmar que há “bandidos escondidos atrás da toga”.
Movimentos políticos de um lado, instabilidade do poder de outra, e no final mudanças visíveis na estrutura de decisão das altas esferas representativas do país. O surgimento do PSD faz emergir de fato um grupo de políticos que se reúne em torno de representação sem discurso definido, portanto, sem estabelecer quais parcelas da sociedade dará voz. Torna-se, desta forma, um partido que não apresenta sua representatividade legítima, mas está entre os maiores do Congresso Nacional, com poder para inferir dos rumos políticos da nação.
Como Kassab afirma tratar-se ser um partido de centro revela que pode se movimentar nas oportunidades de decisão, tanto para a direita como para a esquerda ou lugar nenhum. Fica subentendido que haverá permanente negociação com os detendores do poder de plantão, seja na união, estados ou municípios. Assim, sendo talvez possa dizer os partidos políticos se transformaram em virtuais, ou seguindo a moda, pós-moderno – não há ideologia definida.
O que significa dizer que se trata de partidos abertos às negociações políticas, de fato, que para tanto exigem algum resultado para grupos em consenso, sem compromisso com bandeiras sociais.
Inverte-se os lugares; primeiro o partido depois uma possível representação, conforme conveniência. Se PSD cumprir esta lógica a realidade se faz inusual, lamentável, podendo ser de direita em Goiás e de esquerda no sul do país. O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), ao que parece, não está sozinho na ordem política, de partidários com diferentes visão de mundo. Não há dúvida, que o sinal amarelo ascendeu nesta batalha confortável pelo poder, também partidário.
Assim sendo, parece abrir-se o espaço da concorrência representativa muito próximo do que ocorre no mercado formal, mas relativo aos designios de uma sociedade que precisa de igualdade social, distribuição e renda e estabilidade econômica, diante da crise global iminente. Eis a profissionalização dos representantes políticos.
Deste modo, com instabilidade na estrutura da sociedade, com amplos enfrentamentos nos defensores da ordem, da justiça; partidos que reunem diferentes matizes ideológicas ou nenhuma; a nação brasileira rapidamente evolui para a pós-modernidade, à frente de novo e velho mundo. Resta saber qual o quinhão dos homens e mulheres comuns que constroem esta nação; finalmente chegou-se ao futuro. Já era sem tempo, e previsível?