Pensar a educação da era moderna


A rigor, não há dúvida que o conhecimento social não advém somente da escola burocrática e bancária, o que permite-nos acreditar em um mundo melhor, sempre

EDUCAÇÃO – As pesquisas sobre resultados do aproveitamento dos alunos brasileiros, principalmente no ciclo fundamental, assustam pelas deficiências, cujo reflexo chega à formação dos brasileiros por toda vida, se depender dos bancos da escola. Diante de excesso de críticas da qualidade da educação brasileira, parece, não incomodar efetivamente grande parte da população de um país, que trata suas mazelas apenas com um olhar nos efeitos incômodos, sem, no entanto, tratar as causas.

O problema do ensino do país é de toda a sociedade, mas advém, sobretudo, dos órgãos que dão estrutura a um sistema que tem prioridades determinantes.

Ora, o que as lideranças sociais esperam de uma educação assentada numa diferença de rendas, que chega ao aviltamento humano? Brasileiros relegados à própria sorte em várias regiões brasileiras, com crianças sendo adotadas pela programação da televisão brasileira – não se discute sua qualidade. Pois é notório que uma pessoa passa mais tempo expostos aos meios de comunicação televisuais, do que exatamente nas salas de aula, geralmente com ensino que vai contra princípios das grandes verdades, definidas por um mercado imediatista e persuasivo – que precisa somente de mão de obra. Eis o mundo pós-moderno, da superficialidade e do imediato.

Neste sentido, cabe salientar a quantidade de leituras que se realizam neste país, quantos livros são adquiridos anualmente pelos jovens brasileiros, obrigados muitas vezes a passar pelas requintadas lojas de shopping para chegar às livrarias, as quais entendem comercializar um artigo de luxo, para uma elite econômica. Evidentemente, que o preço do livro continua nas nuvens, para um mercado de pouca produtividade – eis um setor sensível para a formação de jovens.

O estímulo à pesquisa neste Brasil está longe do ideal, pois se há imediaticidade, inimaginável alguém passar horas e horas numa sala de aula ouvindo teorias as mais complexas para obter um título, geralmente de alto custo, cujo resultado demorará o suficiente para desestimular o investimento, para perdas das oportunidades de uma sociedade em movimento rápido. A publicidade está para os bens de consumo e não para o espaço público.

Quanto aos professores, principalmente da rede pública do ensino fundamental, vivem numa luta inimaginada para fazer valer os seus direitos por um salário digno, o que daria para sobreviver com resultados de sua honrosa profissão, o que torna o sonho da busca de uma grande universidade para se inserir na pesquisa quase impossível. Depois é comum grande parte das fontes das mídias selecionadas, conforme discurso estabelecido, de que a melhoria da qualidade do ensino no Brasil não passa pelos baixos salários. Uma hipocrisia, a qual define a proposta de ensino nacional, geralmente, nos municípios e estados administrado por políticos alheios ao conhecimento científico e pedagógico.

Não saber olhar hora em um relógio digital não é menos danoso do que parte dos brasileiros não saber dos seus direitos, numa sociedade com prerrogativas para permitir uma pessoa de ser cidadão, de fato. O relógio denuncia a falta de conhecimento para pensamento crítico, afinal, não é possível saber olhar o tempo, sem entender suas complexidades. O filtro para um deverá ser o impedimento para outros lugares, inclusive do espaço em que se vive e produz.

A rigor, não há dúvida que o conhecimento social não advém somente da escola burocrática e bancária, o que permite-nos acreditar em um mundo melhor, sempre.

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