Faxina de Dilma

A execração de nomes em praça pública, neste caso com a publicidade da mídia, pode resultar em parcerias inseguras para resultados obscuros. A rigor, não é possível em seis meses investir numa cultura política que se arrasta por séculos


CORRUPÇÃO POLÍTICA – Há um consenso na sociedade que perdura desde a descoberta do Brasil, de que é necessária a moralização da política do país, pois ao ser colonizado por Portugal viveu sob o manto da corrupção, com espoliação dos nativos para ganhos financeiros da coroa real. Passado mais de 500 anos o sentimento de ética, democracia e igualdade continua na ordem do dia, diante de políticos que enriquecem em pouco tempo, pertencentes a grupos econômicos. No entanto, em muitos momentos é necessário relativizar, pois a generalização é perigosa, afinal, a dose do remédio não pode matar o paciente.

A palavra faxina que tanto aparece na mídia nos últimos dias faz referência à saída de vários ministros de estado, que alinhados a partidos da base do governo, usaram seus cargos para comprovados ataques aos cofres públicos, como transparece no transporte, turismo e agricultura.  No entanto, a limpeza se relaciona com a determinação de uma mulher que se mostra interessada na moralização, na ética na política nacional. Diferentemente do que ocorreu com Lula, a presidente ganha apoio da mídia e de lideranças da oposição. Sobressai a competência técnica, mas a figura política não se revela – ela chega a “brincar” com o termo, ao ressaltar em evento público, “que esse País tem de fazer a faxina (é) contra a miséria”.

Parece ser o caminho da moralização, mas pode ser vias perigosas, pois na política as negociações não são fáceis, que se faz pelo fisiologismo numa rede que atrela significativa parte de importantes lideranças partidárias.  A execração de nomes em praça pública, neste caso com a publicidade da mídia, pode resultar em parcerias inseguras para resultados obscuros. A rigor, não é possível em seis meses investir numa cultura política que se arrasta por séculos. As negociações são necessárias para qualquer governo que propõe mudanças significativas, as quais oferecem na prática mudanças sociais, em conformidade com os interesses sociais – do colonizado.

Não se trata de participar de negociações escusas, sendo conivente com a falta de ética e corrupção, mas na política é possível resultados com estratégia, com apoio popular e relacionamentos partidários. A saída de Wagner Rossi, da agricultura, seria inevitável diante de tanta pressão midiática e da opinião pública. Não há dúvida de que o jogo em Brasília ficou ainda mais complexo, se considerar a instabilidade do ambiente político. Haverá outras denúncias e movimento da oposição em torno de suas estratégias de enfraquecer o governo.

Finalmente, comum os meios de comunicação no Brasil generalizarem atos de corrupção entre os representantes políticos, mas cabe ressaltar que nem todos usam o seu cargo público em benefício próprio, muitos deles recebem a confiança de parte dos eleitores.  A despolitização, ou descrença com a política, não serve aos interesses sociais, mas de grupos se que fazem hegemônicos na tomada de decisões, em nome da alienação do eleitorado.

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