Cobertura da mídia, consenso internacional

Possivelmente, se fizer uma pesquisa detida, haverá uma repetição de ideias vindas de mesmo número de autoridades, sem a presença de intelectuais (especialistas pesquisadores) e população

COBERTURA DA MÍDIA – A semana que se encerra hoje foi marcada por assuntos importantes, divulgados pela mídia – pois diante da imediaticidade das informações é o lugar para se informar diretamente- com destaque para a vitória dos insurgentes na Líbia, com a fuga de Mauamar Kadafi, que, de fato, mereceu muito destaque com repórteres enfrentando os riscos do tiroteio entre lados opostos (com vestimenta adequada ao simbolismo da guerra), que ainda permanece. A atenção do mundo se voltou para o país, os meios de comunicação brasileiros não deveriam ficar de fora da cobertura, agora globalizada. No entanto, na América Latina houve disputa feroz entre governo e estudante que exigem mudanças na educação nacional. Mas não teve o mesmo tratamento, longe disso.

Quem acompanha o principal programa jornalístico do país em audiência, o Jornal Nacional pode observar que as matérias relativas à Líbia mereceram repórteres no local da guerra, ao lado das principais redes de televisões mundiais. No entanto, quando a chamada vinha para a América Latina as informações não tinha o mesmo vigor e tempo. Não passaram, durante a semana, de nota coberta, quando o apresentar faz locução do texto sobre imagens em movimento que aparecem no vídeo. Neste sentido, a notícia seguinte, a reconstrução do estádio Mineirão – palco da copa mundial de futebol – mereceu reportagem com um tempo consideravelmente mais elástico. O que pensar?

Afinal, há um padrão de cobertura da mídia brasileira dirigida pelos grandes acontecimentos e conglomerados internacionais, uma espécie de contrato sem diálogo, no qual ficam estabelecidos alguns temas a serem tratados para todas as audiências globais? No final, a forma do tratamento das notícias é a mesma, ou seja, se define qual lado tomar parte? Talvez faltassem comentários de especialistas sobre o assunto, definindo o futuro do país do norte da África, com visão de intelectuais brasileiros, com pesquisa sobre o tema. Infelizmente é comum os telejornais brasileiros apresentarem informações com redações em Londres ou Nova Iorque, entrevistando pensadores do país norte americano, envolvidos no processo político governamental.

Mas é de chamar a atenção à falta de interesse pela América Latina – região que o Brasil tem grande influência -, pois no caso do Chile é um país importante, que diz respeito aos latino americanos, e no mínimo mereceria um coberta mais próxima, principalmente quando diz respeito a conflitos que envolvem mortes de estudantes e enfrentamento de exército, nas ruas. Será que a falta de informação é também informação?

Um ponto ainda merece discussão, quais a fontes (entrevistados) que abastecem o jornalismo brasileiro? Possivelmente, se fizer uma pesquisa detida, haverá uma repetição de ideias vindas de mesmo número de autoridades, sem a presença de intelectuais (especialistas pesquisadores) e população. Se assim for não há pluralidade, como se reverbera, e a comunicação da mídia nacional se apresenta sem observação a democracia propalada. A rigor, trata-se de análise do Jornal Nacional, o que possivelmente seja uma tônica nas demais redes.

0 comentários:

Postar um comentário

Dar a sua opinião é participar, ativamente, do espaço social.