Filosofia política da presidenta

Para os grandes filósofos políticos, quem quer permanecer no governo precisa definir um lado, não é possível manter os pés em duas canoas políticas. A rigor, pode se dizer que não há diferença entre esquerda e direita nos tempos modernos, mas no final as ideológicas tendem a aparecer com muita força

GOVERNO – Neste momento a presidente Dilma Rousseff (PT) deixa a opinião pública em dúvida quanto aos seus procedimentos políticos, principalmente, ao propor uma ampla moralização nos ministérios, que atingem diversos nomes de parlamentares da base aliada. Ao mesmo tempo sinaliza aproximação com os adversários declarados das lideranças partidárias que a elegeram. De fato, a cada passo deve estar sendo orientada por conhecedores das entranhas do poder estatal.

 Diferentemente de Lula que se apresenta como exímio negociador com diferentes segmentos da sociedade, devido sua militância sindical, Rousseff demonstra determinação para a organização do governo, numa atitude mais técnica, mesmo que isso resulte em desgaste e dificuldades nos diálogos com os aliados. Se a conversa dentro de casa não deverá ser fácil, então surge um elemento que pode balizar as decisões, a presença da oposição, como forma de aumentar suas alternativas em momentos de crise. A princípio uma ameaça aos aliados, porém na condição de não-refém daqueles que a entendem como iniciante na política, e portanto necessitasse de apoio a todo instante – estrutura, formada por pessoas que exigem benefícios particulares.

Esta seria uma forma de evitar o aviltamento do poder dos aliados, ávidos por usar cargos e status para se manter no poder estatal, usando os cofres públicos. Afinal, precisa obter lastro para suas decisões próprias. Um claro sinal para os amigos partidários, inclusive pessoas ligadas ao seu partido. No entanto, o que precisa cuidar-se é para que a estratégia não saia do tom, perdendo o apoio tanto dos aliados como dos amigos da oposição, dentre eles o ilustre e experiente ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Além do que, a visão liberal, defendida por partidos como DEM (conservador) e PSDB (em parte moderado), de uma sociedade moderna aos parâmetros globais pode sobrepor as lógicas de uma sociedade que se espelha na desigualdade social e local, defendida pela presidente na campanha eleitoral. A força do industrialismo que promove riquezas e extermina a pobreza brasileira e mundial, embora seja um discurso sem resultados práticos, ainda fascina aqueles que desejam os benefícios de um sistema concentrador e de prazeres a um minoria ilustre e iluminada.

Se o termômetro das decisões for às pesquisas eleitorais, deve-se ressaltar que Collor de Melo aparecia sempre bem nas pesquisas em seu início de governo, tanto que venceu Lula, mesmo sem ser conhecido pela população brasileira, mas que contou com a publicidade das grandes empresas de comunicação brasileiras. Logo após, na eleição seguinte, Fernando Henrique Cardoso foi aplaudido pela opinião pública, principalmente no primeiro governo, no entanto terminou seu mandato com aceitação que tornava questionável seu governo de dependência internacional.

O que sobressai neste momento é a instabilidade política, que deixa dúvida tanto nos aliados como na oposição. Para os grandes filósofos políticos, quem quer permanecer no governo precisa definir um lado, não é possível manter os pés em duas canoas políticas. A rigor, pode se dizer que não há diferença entre esquerda e direita nos tempos modernos, mas no final as ideológicas tendem a aparecer com muita força.

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