A rigor, não se produz saber em série. Liga-se a máquina e eis o produto final. Uma realidade que não distingue classes sociais, o objeto pesquisado está permanentemente fugindo, se escondendo, o que exige métodos, recursos, etc.
CONHECIMENTO – Numa análise rápida das publicações dos jornais brasileiros – acredita-se mundial, que representa o pensamento de castas sociais – há sempre uma grande preocupação com o ensino no país, assunto fundamental caso se queira uma sociedade bem formada e com capacidade crítica, capaz de avaliar sua realidade diante de um sistema sempre complexo.
Ainda é válida a frase de Monteiro Lobato de que “um país é formado de homens e livros,” proferida no século passado. No entanto, as prerrogativas que se apresentam nos discursos dos meios de comunicação social não se tratam de visão de mundo, mas de inserção no mercado de trabalho, como único objetivo.
Sobre as universidades federais o tema persistente são as cotas e as produções científicas. A primeira é vista de maneira negativa para a qualidade do ensino, como é percebido na matéria de O Estado de São Paulo e Folha de S. Paulo (em editorial) deste domingo. Em essência, os alunos vindos de famílias pobres não terão as mesmas condições intelectuais – aqui se evidencia preconceitos eternizados e estratégicos – para formarem-se com suficiência para bons resultados – entenda-se no mundo do trabalho – na sua formação. Um equívoco, pois cérebro e dinheiro não são efetivamente sinônimos.
Na realidade, o desejo e a ânsia de atingir objetivos sejam mais vitais para o conhecimento do que exatamente uma origem econômica satisfatória. A conclusão consensual que se procura atingir é a defesa de status quo para castas, que se mantém com altos salários e na condução das lógicas sociais. Uma conjectura questionável, mas válida.
No que se refere à pesquisa nas instituições públicas, em voga está a produção a exemplo do que ocorre nas fábricas. São lugares completamente diferentes, pois a pesquisa em qualquer área exige tempo e investimentos – no Brasil é uma área com poucos recursos, que não atende as necessidades dos poucos pesquisadores, que vivem no limite de suas energias.
A rigor, não se produz saber em série. Liga-se a máquina e eis o produto final. Uma realidade que não distingue classes sociais, o objeto pesquisado está permanentemente fugindo, se escondendo, o que exige métodos, recursos, etc. Veja o caso da AIDS que não se conseguiu a cura, somente medicamentos que oferece mais qualidade de vida, apesar do interesse dos grandes laboratórios estadunidenses e europeus de pesquisas.
Uma outra análise pertinente é a formação de uma sociedade absolutamente acrítica sobre a realidade em que se vive, com pouco destaque para as áreas das ciências sociais e humanidades. O que está no foco das discussões dos jornais é exatamente como formar pessoas competentes para o mercado. Afinal, o discurso reproduzido à exaustão é: o Brasil precisa se desenvolver, cuja alavanca está na produção.
Importante observar que a economia está pari passu com os interesses coletivos, o contrário faz surgir enfrentamentos inevitáveis para uma sociedade em conflitos permanentes, também localmente. Portanto, pensar na igualdade e inclusão social, papel exercido pela educação e pesquisa é sumariamente importante, principalmente no Brasil de muitos pobres e poucos ricos. Nada e tudo.
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