Caso Palocci, pt

Como se vê os discursos não conseguem deixar claro os fatos, e o que está por detrás deles se tornam mais importantes neste imbróglio

POLÍTICA – A discussão em torno do ministro chefe da casa civil, Antonio Palocci, ganha ares nebulosos diante das lógicas políticas contemporâneas, que envolvem comportamentos paradoxais da situação e oposição, pois o caso leva a controversas que envolvem os dois lados na sua essência. Ao partido dos trabalhadores, programaticamente, cabe resguardar os interesses das classes tidas como vulneráveis na relação empregado e empregador e sistema de mercado, considerando que seria a base para a construção de uma sociedade, de fato democrática, igualitária. Ponto.  As informações sobre o importante petista colocam em xeque as propostas do partido e as apostas da oposição.

Inicialmente, como o PT pretende apresentar o seu discurso de defesa do ministro, que embora ao longo de poucos anos, enquanto representante político dos trabalhadores, consegue juntar, conforme relatos da imprensa brasileira, mais de R$ 6 milhões, apresentando consultorias à empresas privadas, no sentido de obter resultados nas negociações com o Estado, a entidade suprema da sociedade, que deveria se distanciar dos interesses apenas particulares. Ou de fato, mesmo nas mãos do governo de um partido dos trabalhadores a instituição responde as lógicas do capitalismo selvagem, vence quem tem mais capital?

A situação do ministro que um dia chegou a ser avaliado como possível candidato à presidência da república, se complica nos projetos de socialização das riquezas nacionais, conforme se propõe a presidenta em seus anúncios na imprensa. Entretanto, a participação de Palocci na campanha de Dilma Rousseff foi importante, como estrategista e articulador político. Não deverá ser desprezado no meio do caminho, embora seja possível ampla discussão nos bastidores da cúpula do partido. O que seria natural, diante do debate em torno do assunto, e amplo desgaste para um governo ainda apenas no seu início.

A oposição age rapidamente com a convicção de que está desgastando a atual administração, pois colocou uma pedra no caminho da presidenta que, mesmo convalescente, terá que tomar decisões difíceis que envolvem questões partidárias, tão caras a ela diante da falta de relação com as cores do PT. Na política a demora nas decisões significa perda de resoluções, enquanto se coloca para analisar detidamente assuntos que não são de projetos efetivos, em um mundo globalizado, dinâmico e com líderes tão ávidos por poder político e econômico, sobretudo.

Entretanto, o ministro da casa civil deixa transparecer com seu comportamento de empresário-político a atitude de boa parte dos homens político-brasileiros, o que o torna importante no quadro, pois reproduz a mesma essência. Portanto, não deveria ser criticado ou retirado do governo, afinal, os opositores se acham tão enfraquecidos e sem armas para defender um estado privatista e comercial, e se tornaria figura imprescindível.

Um dilema para os defensores do liberalismo econômico, pois há um paradoxo de apontar para a figura de Palocci, considerando ser uma prática a proximidade entre política e mercado (numa visão particularista e de castas), certamente eternizada no poder brasileiro, desde a chegada dos portugueses ao país que se tornou à sua colônia.

Como se vê os discursos não conseguem deixar claro os fatos, e o que está por detrás deles se tornam mais importantes neste imbróglio: o governo a defender o ministro de suas ações de envolvimento político particular com empresas privadas; e a oposição em querer retirar do poder homem governista que reproduz as práticas perenes. No final falta a razão, e prevalece somente retórica.

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