Os pobres da globalização

A política torna-se refém desta equação, que pode chegar aos grupos da base que formam suas lideranças políticas, preocupados em manter a ordem e o status quo no sistema moderno

Imagem de capa do jornal Folha de S. Paulo 

GLOBALIZAÇÃO – A crise política na Espanha leva a discussão sobre o posicionamento dos movimentos, promovidos em sua maioria pelos jovens, que estariam em busca de mudança do governo trabalhista socialista para conservador e de centro-direita. Evidentemente, que não se pode pensar enfrentamentos como reação para manutenção de uma ordem.

Portanto, efetivamente, trata-se de um grito contra a atual política nacional e europeia, aceita ainda com resistência, pelo atual primeiro ministro José Luis Rodríguez Zapatero, do partido dos trabalhadores socialista (PSOE).

No final, está em questão as medidas da Europa em torno das definições econômicas que dizem respeito ao posicionamento do bloco em torno da globalização financeira. Parte dos países mantém diferenças em suas contas, tornando-se  de segunda classe, como é o caso de Espanha, Portugal e Egito, obstáculo para o desenvolvimento de alavancagem do território, fortalecido pelo Euro valorizado frente ao dólar, com perdas  sucessivas nas trocas financeiras globais.

Na realidade, os jovens deixam claro que a política não agrada, e exige mudanças internas que rivalize com a autoridade dos países líderes, à frente a Alemanha, que os tornam mais endividados e pobres.
Como se percebe a globalização, ironicamente, é um problema para os países desenvolvidos que não se entendem a qual caminho seguir, colocando a população cada vez mais em risco, em direção aos problemas do subdesenvolvimento.

Não é diferente a condição dos Estados Unidos com a falta de emprego e dificuldades econômicas de suas grandes empresas. Há uma crise que afeta, de fato, as grandes potências que tentam buscar soluções no andar de baixo, com exploração de riquezas da periferia e trocas comerciais desfavoráveis. Nações, que por sua vez resistem.

Se o econômico é a pedra de toque para o poder de uma nação, se faz também o motivo de conflitos sucessivos entre as lideranças que cada vez mais se avizinham, com redução de capital, por uma sociedade bem nutrida pela publicidade e consumo exacerbado.

A política torna-se refém desta equação, que pode chegar aos grupos da base, que formam suas lideranças políticas, preocupados em manter a ordem e o status quo no sistema moderno. A globalidade gira freneticamente.

Celg e o humor político

Em essência, a perda não se resume à administração estadual, mas a própria coletividade que continua pagando dívidas onerosas, assim, aumentando substancialmente as dificuldades para a estruturação do estado, com problemas em vários setores

POLÍTICA – O governo goiano está com pelo menos um problema sem solução, uma pedra no caminho, a negociação da Celg com a Eletrobrás, com o objetivo de resolver a impagável dívida há tempos da moribunda estatal. Os juros aumentam sucessivamente e cada rodada de acertos o montante a pagar aumenta consideravelmente.No final, torna-se inviável para qualquer empresa do setor sua aquisição, não há compradores particulares, em resumo, que queiram investir num empreendimento com déficit no seu balanço e presa à burocracia federal. Deste modo resta, portanto, uma saída, nova negociação com o governo Dilma Rousseff (PT).

Mas há implicações políticas. Se corretamente as análises dos jornais do estado, não existe disposição do governo federal em negociar com Marconi Perillo (PSDB) que se transformou em desafeto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Inclusive a própria presidente fez referência às dificuldades de diálogos entre o executivo federal e o futuro governador goiano, durante campanha eleitoral do ano passado.

Talvez tivesse sido mais seguro para a atual administração ter validado o acordo feito anteriormente com Alcides Rodrigues (PP), o qual contou com o apoio da presidência da época, que de fato tinha também interesses políticos.

A não negociação da dívida da hidrelétrica torna o governador refém de seus impulsos políticos, que serão destacados com o aperto econômico do estado, em boa medida acrescido com os déficits sucessivos da empresa de eletricidade. Portanto, a estratégia de abrir diálogo com os petistas goianos, com o objetivo de chegar ao palácio do planalto, o faz cada vez mais submetido ao bom humor e relações partidárias no estado. Como há desconfiança de ambos os lados, as discussões devem se arrastar por mais algum tempo – 2012 será ano eleitoral nos municípios, em Goiânia prioritariamente.

A rigor a política, depois as soluções pragmáticas de um governo do grupo de oposição, com acenos para linha de pensamento em direção as determinações partidárias tucanas nacionais. Não há solução à vista, portanto.

Em essência, a perda não se resume à administração estadual, mas a própria coletividade que continua pagando dívidas onerosas, assim, aumentando substancialmente as dificuldades para a estruturação do estado, com problemas em vários setores. Pouco se fala sobre a Saneago, mas afinal, como andam as contas da estatal?

As rodovias da região apresentam problemas, com necessidade de melhorias para escoar as safras agrícolas, para um país rodoviário, o demanda grande volume de investimentos, etc. Neste conjunto, a Celg precisa de solução, que passa pelas amarras do jogo político, o que tem sido a tônica dos discursos sucessivos, cujo debate, como se analisa, não sai dos interesses partidários. Sem dúvida, ao longo do tempo haverá cobranças da população, o que deverá refletir nos números de aceitação eleitoral.

O princípio do silêncio

Os enfrentamentos na política exigem do governo sinalizar os objetivos e metas a serem atendidas que dizem respeito à sociedade, a qual deverá ser fundamental na tomada de decisão sobre a estrutura da sociedade. O silêncio certamente é um mal negócio político

POLÍTICA – O governo da presidente Dilma Rousseff passa por grande problema de comunicação interna e dificuldade em se apresentar para a opinião pública, o que permite a aparente força da oposição formada principalmente pelo PSDB e DEM. Já era sabido da fragilidade da ex-ministra de Lula em implementar um governo forte nas relações políticas, diante do pouco convívio com as lógicas partidárias e fisiológicas, que perpassam o Congresso Nacional, e tem reflexos nos interesses empresariais e a demanda da sociedade.

Nítida a fragilidade do governo que precisou chamar o ex-presidente para conselho e apontar decisões no sentido de acalmar os ânimos dos aliados e oposição, o que, a rigor passa por aquilo que se tem como instrumento: as concessões políticas, que envolvem recursos econômicos e aceitação de condições de entidades, como as religiosas, com grande poder político.

O campo de luta na política sempre existiu, o que torna um espaço de discussões, debates. Entretanto, há falta de ética e interesses que são danosos ao Estado e ao público, exigindo posicionamento firme e determinado de um líder eleito. Uma tarefa árdua e requer habilidades. Neste sentido, o tempo será indispensável para o novo governo, mas há decisões imediatas.

A rigor, a posição de quem está no comando é indispensável pela clarear a filosofia sob a qual trabalha, neste sentido o Rousseff não tem feito, pois o que se diz, muitas vezes tem mais força do que se faz. Neste início de administração, a presidente preferiu se fechar no planalto, o que se revela um erro, já que a oposição tem conhecimento dos meandros do poder e da conspiração. Assim, as derrotas iniciais se tornam inevitáveis.

Evidente também o grande debate, embora de maneira escondida, o discurso do meio empresarial, sécular no Brasil, com propostas em atuar com mais intensidade nos espaços que devem ser do Estado. Assim, os meios de comunicação reverberam a necessidade da participação da iniciativa privada na construção de aeroportos, de Estádios de futebol, no petróleo, etc. Claro, onde há ganhos de capital, caso contrário fica a cargo do público – a proposta é simples, particulariza os lucros e socializa os prejuízos.

Ainda, não resta dúvida que o capital internacional se insere na política nacional, com suas buscas de retornos econômicos em meio a crises nos países desenvolvidos e de capital sem território.

Portanto, não se trata de apenas um debate na televisão que envolve o forte ministro Antonio Palocci, numa situação delicada diante da proposta da presença do Estado nas relações desiguais da sociedade, apresentada como meta do governo atual. Os enfrentamentos na política exigem do governo sinalizar os objetivos e metas a serem atendidas que dizem respeito à sociedade, a qual deverá ser fundamental na tomada de decisão sobre a estrutura da sociedade. O silêncio certamente é um mal negócio político.

Caso Palocci, pt

Como se vê os discursos não conseguem deixar claro os fatos, e o que está por detrás deles se tornam mais importantes neste imbróglio

POLÍTICA – A discussão em torno do ministro chefe da casa civil, Antonio Palocci, ganha ares nebulosos diante das lógicas políticas contemporâneas, que envolvem comportamentos paradoxais da situação e oposição, pois o caso leva a controversas que envolvem os dois lados na sua essência. Ao partido dos trabalhadores, programaticamente, cabe resguardar os interesses das classes tidas como vulneráveis na relação empregado e empregador e sistema de mercado, considerando que seria a base para a construção de uma sociedade, de fato democrática, igualitária. Ponto.  As informações sobre o importante petista colocam em xeque as propostas do partido e as apostas da oposição.

Inicialmente, como o PT pretende apresentar o seu discurso de defesa do ministro, que embora ao longo de poucos anos, enquanto representante político dos trabalhadores, consegue juntar, conforme relatos da imprensa brasileira, mais de R$ 6 milhões, apresentando consultorias à empresas privadas, no sentido de obter resultados nas negociações com o Estado, a entidade suprema da sociedade, que deveria se distanciar dos interesses apenas particulares. Ou de fato, mesmo nas mãos do governo de um partido dos trabalhadores a instituição responde as lógicas do capitalismo selvagem, vence quem tem mais capital?

A situação do ministro que um dia chegou a ser avaliado como possível candidato à presidência da república, se complica nos projetos de socialização das riquezas nacionais, conforme se propõe a presidenta em seus anúncios na imprensa. Entretanto, a participação de Palocci na campanha de Dilma Rousseff foi importante, como estrategista e articulador político. Não deverá ser desprezado no meio do caminho, embora seja possível ampla discussão nos bastidores da cúpula do partido. O que seria natural, diante do debate em torno do assunto, e amplo desgaste para um governo ainda apenas no seu início.

A oposição age rapidamente com a convicção de que está desgastando a atual administração, pois colocou uma pedra no caminho da presidenta que, mesmo convalescente, terá que tomar decisões difíceis que envolvem questões partidárias, tão caras a ela diante da falta de relação com as cores do PT. Na política a demora nas decisões significa perda de resoluções, enquanto se coloca para analisar detidamente assuntos que não são de projetos efetivos, em um mundo globalizado, dinâmico e com líderes tão ávidos por poder político e econômico, sobretudo.

Entretanto, o ministro da casa civil deixa transparecer com seu comportamento de empresário-político a atitude de boa parte dos homens político-brasileiros, o que o torna importante no quadro, pois reproduz a mesma essência. Portanto, não deveria ser criticado ou retirado do governo, afinal, os opositores se acham tão enfraquecidos e sem armas para defender um estado privatista e comercial, e se tornaria figura imprescindível.

Um dilema para os defensores do liberalismo econômico, pois há um paradoxo de apontar para a figura de Palocci, considerando ser uma prática a proximidade entre política e mercado (numa visão particularista e de castas), certamente eternizada no poder brasileiro, desde a chegada dos portugueses ao país que se tornou à sua colônia.

Como se vê os discursos não conseguem deixar claro os fatos, e o que está por detrás deles se tornam mais importantes neste imbróglio: o governo a defender o ministro de suas ações de envolvimento político particular com empresas privadas; e a oposição em querer retirar do poder homem governista que reproduz as práticas perenes. No final falta a razão, e prevalece somente retórica.

Preconceito linguístico

Nem sempre expressar-se bem significa profundidade de conhecimento e sociabilidade. A barbárie está nas ações e diferenças sociais, o que inclui, substancialmente, pessoas que conhecem a linguagem culta

EDUCAÇÃO - Os livros aprovados pelo Ministério da Educação, que apresentam conteúdos que discorrem sobre o preconceito linguístico, causam uma grande celeuma no Brasil da linguagem culta, educados pelas grandes universidades, algumas até estrangeiras – uma minoria, bem verdade. A rigor, infelizmente a nossa sociedade convive com pessoas cultas, que nem sempre conhecem a língua padrão -  mas que se expressão muito bem com a cultura de outros países -, e os chamados “incultos”, os quais mal se comunicam conforme padrões linguísticos aceitos.

Parte de nossa elite, no entanto, muitas vezes, se “esquece”, é bom lembrar, as normas da linguagem nativa – em consequência do cosmopolitismo dos tempos globais. No entanto, se assustam, quando se deparam com a falta de regras básicas de grupos de pessoas, sem familiaridade com a normatização da língua portuguesa.

Historicamente, na sua essência, o Brasil tem relação com o Tupi-Guarani que é a verdadeira linguagem nativa, a rigor, antes da invasão da metrópole portuguesa em busca de riquezas e escravos. Como a comunicação torna-se fundamental para conhecer e dominar a cultura de um povo e explorá-lo economicamente, logo os Jesuítas se fazem responsáveis pela catequização e escolaridade dos nativos. Sem dúvida a cultura sofre modificações, apesar da resistência dos indígenas, que são obrigados a se inserem no novo sistema de comunicação.

Na dificuldade de transformar e organizar os habitantes do lugar, que se relacionam com a natureza e seus mitos, sendo a linguagem meio que forma sua construção deste mundo, o governo de Portugal, pensando na exploração e riquezas, obriga o uso da língua da metrópole, sob pena de sofrer as mais cruéis punições. A ascensão do português se faz a estrategicamente, com uso de diversos recursos coercitivos e simbólicos – a educação foi um deles.

De fato, a palavra não serve somente para se expressar, mas carrega com ela toda a identidade de um povo, sua cultura, relações e imaginários. Desta forma, a padronização de uma linguagem se deve a busca de uma sociedade que se organiza em torno de uma ordem simbólica (símbolos), definidos a partir de determinada estrutura de pensamento e comportamento. Sem dúvida, assim como ocorreu no Brasil colonial, grande número de brasileiros “defende” sua herança lingüística – afinal a escola, muitas vezes está numa distancia inimaginada da realidade de muitos -, com palavras e símbolos que representam sua origem que vem de séculos.

O ato de se comunicar não resulta simplesmente no falar-se bem, mas de falar com propriedade, de tal forma que locutor e interlocutor se comuniquem adequadamente, considerando, sobretudo que, ao falar, há por detrás lógicas culturais de identidade que certamente não se define por um padrão estabelecido pela academia ou meios de comunicação que pretende atingir a massa.

O preconceito linguístico existe por parte de jornalista, instituições e grupos sociais, a chamada elite cultural e econômica. Desta forma, cabem aos educadores levar aos estudantes o conhecimento estruturado sobre a norma culta, a linguagem da ciência, universitária – o seu lugar de fala. Contudo, não alijar o senso comum significa respeito à cultura e identidade de um povo. Nem sempre expressar-se bem significa profundidade de conhecimento e sociabilidade. A barbárie está nas ações e diferenças sociais, o que inclui, substancialmente, pessoas que conhecem a linguagem culta.

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Veja o que pensa o Jornalista Clóvis Rossi, em comentário publicado (domingo, 15) no jornal Folha de S. Paulo .

Inguinorança

SÃO PAULO - Não, leitor, o título acima não está errado, segundo os padrões educacionais agora adotados pelo mal chamado Ministério de Educação. Você deve ter visto que o MEC deu aval a um livro que se diz didático no qual se ensina que falar “os livro” pode.
Não pode, não, está errado, é ignorância, pura ignorância, má formação educacional, preguiça do educador em corrigir erros. Afinal, é muito mais difícil ensinar o certo do que aceitar o errado com o qual o aluno chega à escola.

Em tese, os professores são pagos -mal pagos, é verdade- para ensinar o certo. Mas, se aceitam o errado, como agora avaliza o MEC, o baixo salário está justificado. O professor perde a razão de reclamar porque não está cumprindo o seu papel, não está trabalhando direito e quem não trabalha direito não merece boa paga.

Os autores do crime linguístico aprovado pelo MEC usam um argumento delinquencial para dar licença para o assassinato da língua: dizem que quem usa “os livro” precisa ficar atento porque “corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico”.

Absurdo total. Não se trata de preconceito linguístico. Trata-se, pura e simplesmente, de respeitar normas que custaram anos de evolução para que as pessoas pudessem se comunicar de uma maneira que umas entendam perfeitamente as outras.

Os autores do livro criminoso poderiam usar outro exemplo: “Posso matar um desafeto? Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito jurídico”.

Tal como matar alguém viola uma norma, matar o idioma viola outra. Condenar uma e outra violação está longe de ser preconceito. É um critério civilizatório.
Que professores prefiram a preguiça ao ensino, já é péssimo. Que o MEC os premie, é crime.
 
crossi@uol.com.br

Problemas Goiânia II, meio ambiente

Um absurdo a quantidade de loteamentos que vão se expandindo para todos os lados, enquanto na região, entre parte periférica e central, torna-se totalmente desabitada

 









URBANIDADE – Terrível o descaso com o meio ambiente na cidade que foi projetada para ser auto-sustentável, conforme planejamento inicial pensada por parte dos representantes públicos, da época, mas não respeitado, definitivamente. Há um poder sobrenatural das imobiliárias sobre as lideranças políticas municipais, e pelo que se percebe vem de longas datas.

A rigor, a cidade se espalha para lugares os mais distantes da região central, o que, de fato, pesa sobremaneira no orçamento da municipalidade e, evidentemente, no bolso dos contribuintes, que somos todos nós – a rigor, a lógica do contribuinte e consumidor e perda da consciência de cidadão politizado.

Um absurdo a quantidade de loteamentos que vão se expandindo para todos os lados, enquanto na região, entre parte periférica e central torna-se totalmente desabitada, com lotes vagos, que mais parecem fazendas, nas quais a criação de gado e cavalos forma a paisagem do lugar, contrabalançando ironicamente caos e natureza. As medidas publicizadas pela prefeitura não saem do papel e o problema torna-se sem solução e milenar.

Dentre em breve não haverá mais área verde nos limites do município de Goiânia, que vai sendo tomada pela estrutura, que assenta prédios gigantes, cujo projeto e construção sequer seguem as normas ambientais mínimas, como a não impermeabilização do solo.

As redes pluviais do município não suportam as águas e esgotos que jorram em céu de quando em quando nas ruas da cidade, com carros respingados e mal cheirosos que atormentam moradores e motoristas. Uma loucura que não se resolve sem a ordenação da especulação exagerada e desrespeitosa das grandes empresas imobiliárias.

Nesta linha de raciocínio, somente para exemplificar, são gritantes as obras de imóveis na região do setor Goiânia 2, com brocas que furaram e furam em meio à água que aflora do chão. A propaganda das empresas leva em consideram a paisagem natural, que em essência pertence à sociedade, para ganhar altos valores privados nas vendas dos acanhados apartamentos.

Diante do exposto, a dúvida, logo, é saber o quanto os empresários do setor investem nas campanhas eleitorais. Importante, desta maneira, entender o quanto nossos representantes tem respeito e responsabilidade com o público/eleitor.

Problemas de Goiânia I, a festa

Afinal, os representantes são da população e não exatamente de empresas que visam resultados econômicos momentâneos, sem compromisso com os motoristas encolerizados

URBANIDADE – Impossível pensar uma grande cidade sem problemas, mas alguns deles podem ser minimizado ou, com boa vontade, resolvidos, com ações responsáveis. Nestes casos que importunam a sociedade goianiense está perenemente o trânsito, principalmente, no período da festa da pecuária do município, quando se fecha as ruas que liga a região norte ao centro, nas suas principais vias.

As filas tornam quilométricas, longas e lentas com reflexos a tantas outras ruas e avenidas no entorno da região.Um verdadeiro caos, sinônimo de falta da presença dos líderes políticos e órgãos administrativos.

Deve estar na memória dos eleitores o compromisso do Ex-governador Alcides Rodrigues (PP) a transferência do evento para outra região, com o intuito de minimizar as dificuldades pelo menos pontuais do confuso trânsito da capital. No entanto, o planejamento não se materializou concretamente, como se pode ver – Marconi Perillo (PSDB) não se manisfestou sobre o assunto nos meios de comunicação, que não questionou tal proposta.

Além do que, possível que os organizadores não tem o mínimo interesse em mudar a festa de lugar, pois está bem localizada para os interesses lucrativos, mesmo que em detrimento do bem coletivo.

Neste sentido, faltam as palavras do poder público municipal, vereadores, deputados, prefeito e governador. Afinal, os representantes são da população e não exatamente de empresas que visam resultados econômicos momentâneos, sem compromisso com os motoristas encolerizados, que enfrentam o caos urbano cotidianamente.

Cérebro e dinheiro

A rigor, não se produz saber em série. Liga-se a máquina e eis o produto final. Uma realidade que não distingue classes sociais, o objeto pesquisado está permanentemente fugindo, se escondendo, o que exige métodos, recursos, etc.

CONHECIMENTO – Numa análise rápida das publicações dos jornais brasileiros – acredita-se mundial, que representa o pensamento de castas sociais – há sempre uma grande preocupação com o ensino no país, assunto fundamental caso se queira uma sociedade bem formada e com capacidade crítica, capaz de avaliar sua realidade diante de um sistema sempre complexo.

Ainda é válida a frase de Monteiro Lobato de que “um país é formado de homens e livros,” proferida no século passado. No entanto, as prerrogativas que se apresentam nos discursos dos meios de comunicação social não se tratam de visão de mundo, mas de inserção no mercado de trabalho, como único objetivo.

Sobre as universidades federais o tema persistente são as cotas e as produções científicas. A primeira é vista de maneira negativa para a qualidade do ensino, como é percebido na matéria de O Estado de São Paulo e Folha de S. Paulo (em editorial) deste domingo. Em essência, os alunos vindos de famílias pobres não terão as mesmas condições intelectuais – aqui se evidencia preconceitos eternizados e estratégicos – para formarem-se com suficiência para bons resultados – entenda-se no mundo do trabalho – na sua formação. Um equívoco, pois cérebro e dinheiro não são efetivamente sinônimos.

Na realidade, o desejo e a ânsia de atingir objetivos sejam mais vitais para o conhecimento do que exatamente uma origem econômica satisfatória. A conclusão consensual que se procura atingir é a defesa de status quo para castas, que se mantém com altos salários e na condução das lógicas sociais. Uma conjectura questionável, mas válida.

No que se refere à pesquisa nas instituições públicas, em voga está a produção a exemplo do que ocorre nas fábricas. São lugares completamente diferentes, pois a pesquisa em qualquer área exige tempo e investimentos – no Brasil é uma área com poucos recursos, que não atende as necessidades dos poucos pesquisadores, que vivem no limite de suas energias.

A rigor, não se produz saber em série. Liga-se a máquina e eis o produto final. Uma realidade que não distingue classes sociais, o objeto pesquisado está permanentemente fugindo, se escondendo, o que exige métodos, recursos, etc. Veja o caso da AIDS que não se conseguiu a cura, somente medicamentos que oferece mais qualidade de vida, apesar do interesse dos grandes laboratórios estadunidenses e europeus de pesquisas.

Uma outra análise pertinente é a formação de uma sociedade absolutamente acrítica sobre a realidade em que se vive, com pouco destaque para as áreas das ciências sociais e humanidades. O que está no foco das discussões dos jornais é exatamente como formar pessoas competentes para o mercado.  Afinal, o discurso reproduzido à exaustão é: o Brasil precisa se desenvolver, cuja alavanca está na produção.

Importante observar que a economia está pari passu com os interesses coletivos, o contrário faz surgir enfrentamentos inevitáveis para uma sociedade em conflitos permanentes, também localmente. Portanto, pensar na igualdade e inclusão social, papel exercido pela educação e pesquisa é sumariamente importante, principalmente no Brasil de muitos pobres e poucos ricos. Nada e tudo.

Nem seguro, nem melhor

Governos concluíram sem esforço intelectual que precisam se armar, com o objetivo de evitar o rebaixamento nas mesas de negociações – afinal, a paz deve existir












GUERRA GLOBAL – Os acontecimentos publicáveis se expandem pela rede de comunicação, com base na internet, que se alastra pelas mídias tradicionais. Assuntos diversos como casamento real, de uma monarquia sem poder; beatificação do papa João Paulo II; guerras iminentes, com movimentos de massa em tempo quase real no oriente médio e norte da África; e finalmente a morte de Osama Bin Laden. Este o grande assunto que chama a atenção pelos excessos de informação e informação nenhuma. Um mundo em festa e em chamas.

Se muitos assuntos a serem acompanhados, publicados em rede, torna-se importante saber o que não está sendo veiculado, não é público, mas deveríamos saber para formar opinião e tomar decisões, sobre a sobrevivência neste novo sistema social, moderno. Algumas análises podem ser feitas, sem se responsabilizar com a veracidade, afinal, o que é verdadeiro na realidade das mídias, apesar das aparências? Uma certeza pode ser questionada pelo menos: o mundo não está mais seguro e nem mesmo melhor. Os grandes problemas permanecem sem soluções, como por exemplo a igualdade social e a qualidade de vida dos indivíduos em sociedade em diferentes territórios.

Por outro a ordem global está em risco. Com uma economia em frangalhos, sempre sendo divulgada como em recuperação, os Estados Unidos, liderança mundial, com a morte de Bin Laden procura jogar luz em determinados lugares para evitar o olhar crítico da população mundial. O império passa por dificuldades até mesmo para se posicionar como os responsáveis pela esta ordem política mundial. O terrorismo certamente não termina com a morte de seu líder, a rigor. As sociedades nunca viveram de maneira pacífica, sem conflitos, sempre em guerra. Ponto.

Além do que se vivemos em uma aldeia global, por isso talvez, os enfrentamentos são maiores e não seja possível a manutenção do poder eternamente, nem econômico, religioso ou político. Sobretudo diante das gritantes diferenças sociais, em que há milhões de famintos espalhados pela extensa periferia global, enquanto um centro industrial se farta de guloseimas indispensáveis em um sistema de produção e consumo extremados.

Como dito em outro momento, o convite nesta modernidade é para a guerra, pois quem pode está se armando, de tal forma, que não se trata simplesmente de atos de terror praticado por um ou outro grupo, mas defesa política e econômica. Governos concluíram sem esforço intelectual que precisam se armar, com o objetivo de evitar o rebaixamento nas mesas de negociações – afinal, a paz precisa existir. Desta forma, a economia e a política gravitam em torno da iminência do poder bélico, em um único planeta. Em essência, alguns, o eixo do mal, não podem dispor destes aparatos, mas no "submundo" não é isto que ocorre.

Assim, sensato o governo americano apresentar as imagens da morte do líder da al- qaeda, pois logo terá outro terrorista como substituto, inevitavelmente. Não há razão para imaginar que a divulgação das fotografias causará antipatia do mundo, este sentimento de parte da população global, diante do império que explora e oprime – e não se preocupou em resguardar sua imagem – não é de hoje e não deve aumentar. Há especulações sobre a atitude de Barack Obama, o qual logo terá que enfrentar novamente as urnas nos limites dos Estados Unidos.

Trabalho, consciência e modernidade

As organizações que participam somente com discussões pontuais devem investir na educação e política, lugares onde se forma a cidadania e o direito de ser social

 TRABALHO – Na comemoração dos trabalhadores neste primeiro de maio, que arremete a consciência para a participação, embora resguarde as premissas do passado, deve estar relacionada com novos desafios envolvendo capital e trabalho. Com as mudanças culturais da sociedade e organização das empresas em torno da automação, sem dúvida, a metáfora do “chão de fábrica” não leva ao mesmo lugar.
Consumo e produção se diferenciam na forma, o que exige visão mais abrangente agora dos profissionais de mercado.

Não há dúvida que as reivindicações trabalhistas permanecem as mesmas de séculos, mas a definição de soluções para a qualidade de vida da sociedade passa por novos instrumentos de negociações. Cada vez mais as exigências para se produzir são mais sutis, a qual é mais complexa e eficiente que praticada anteriormente, a dos contatos diretos entre empresa e empregado assalariado.

Como reflexo as tecnologias que vieram para reduzir o tempo de trabalho promove, ao contrário, o aumento das horas de atividades, com o sonho de riqueza possível.

As mensagens jogadas no cotidiano se voltam para cada vez mais consumo, o que leva a cada vez mais produção, num ciclo permanente e esquizofrênico. Nunca se imaginaria tanto consumismo e desrespeito ao meio ambiente como neste século, o que torna o trabalhador refém do desejo de comprar, sem ter a devida concepção de exigir os seus direitos, muitas vezes desrespeitados.

Estranho a publicação de pesquisas em cada país que visa saber qual o nível de produção ao apontar o tamanho da população, em condições de produzir em detrimento daqueles que envelheceram e não mais exercem atividades remuneradas – a previdência é uma das grandes discussões na modernidade, diante da longevidade em decorrência da melhoria na saúde.

Talvez, em essência, a massa de indivíduos isolados não seja realmente a saída para um mundo moderno, igualitário e democrático. As organizações que participam somente com discussões pontuais devem investir na educação e política, lugares onde se forma a cidadania e o direito de ser social.

Sucesso aos trabalhadores e consciência também aos empresários mais sistemáticos como nunca.

Ordem global para a guerra

Há sem dúvida desconforto entre as lideranças mundiais, mas num mundo em que há impérios o desacordo e enfrentamentos verbais significam desprestígio e perda de poder de negociação em um universo no qual guerra, política e economia andam juntas













ALDEIA GLOBAL – A guerra envolvendo países centrais – liderada Estados Unidos, França e Inglaterra – tendo como instrumento a OTAN, contra a Líbia de Muamar Kadafi leva a análises importantes em tempos globais. Nunca as pressões entre nações estiveram impregnadas nas falas dos representantes de nações. O espaço beligerante envolve tensas e permanentes conversas na formação de blocos econômicos e políticos, as quais definem explicitamente os países aliados e de oposição a um projeto de manutenção de ordem que perpetua por séculos, desde a revolução industrial.

Estas atitudes se relacionam ao embrutecimento do comportamento das comunidades de países em diversos lugares do mundo, sendo pobres ou ricos. Afinal, se há revoltas no norte da África e oriente médio, os franceses convivem com ataques de imigrantes alijados da política nacional, cuja popularidade do presidente de direita Nicolas Sarkosy não ultrapassa os 30%, que tenta melhorar sua desempenho acenando internamente aos valores das lideranças conservadoras francesas, com a lei anti véu das mulheres mulçumanas – se apresentando como um jogador global.

A guerra mais uma vez serve a alguns propósitos muito claros das principais potências como por exemplo a demonstração de força global em tempo de avanço de países como China, Índia e Brasil no espaço econômico, e queda de aliados como Japão e países do oriente médio em conflito midiático; a economia em baixa nesta nações, com crise que chega às residências da população nas respectivas nações; e, sobretudo movimentos populares possíveis com a novas tecnologias da comunicação, que levam milhões a se manifestarem, questionando a ordem global.

Evidentemente, que as investidas bélicas contra a Líbia que levou a morte o filho mais novo de Kadafi, depois de ataque a residência oficial não se trata a princípio a busca de democracia e liberdade social – o que seria o esperado e desejado -, mas antes, a mensagem é de potencialidade das nações que se apresentam como suporte para a organização de um mundo civilizado.

Como se vê um discurso que resulta em mortes de milhões de pessoas para uma guerra que aponta para a permanência por décadas, como ocorre na Iugoslávia e Iraque – mesmo que depois os líderes sejam questionados individualmente pelos erros cometidos, muitos bárbaros. Há sem dúvida desconforto entre as lideranças mundiais, mas num mundo em que há impérios o desacordo e enfrentamentos verbais significam desprestígio e perda de poder de negociação em um universo no qual guerra, política e economia andam juntas.