Modelo de privatização

A mídia não levantou muita discussão sobre o tema, por entender que os empreendedores que arrebanharam o quinhão pública são pessoas desconhecidas, e não representam grande fatia do mercado global


Estado do bem estar social - No fechamento da semana, depois de muitas notícias na mídia, sobre o processo de privatização dos aeroportos – Cumbica, Viracopos e Brasília – fica evidente que a medida desagradou grandes empresários brasileiros do setor, mídia e partes da opinião pública. Se o governo Lula (PT) negou qualquer negócio de venda de instituições públicas, Dilma Rousseff (PT), não levou tão a sério o debate ideológico.

Após a batida do martelo a notícia chamou a atenção: o governo obteve R$24,5 bilhões no negócio, com ágio estratosférico sobre o preço mínimo – mantendo 49% das ações para a União. Daí em diante a discussão ganhou força em ano de campanha.

Na política nada é seguro, apesar da alta popularidade de Dilma de 2014 nada se sabe, quando deverá disputar a reeleição para a presidência, e nos seus calcanhares está a copa do mundo no Brasil – com todos os seus apelos da mídia global. A oposição não deve deixar por menos caso haja algum fracasso, ainda mais considerando a visibilidade do evento.

Os aeroportos vem se mostrando um território difícil de organizar. Antes a segurança de evitar a pecha de incompetência do que a crítica do momento de privatista, o que será certo caso haja fracasso no setor, que agora passa para as mãos dos empresários – tornando difícil o discurso da oposição.

Contudo, a mídia não levantou muita discussão sobre o tema, por entender que os empreendedores que arrebanharam o quinhão pública são pessoas desconhecidas, e não representam grande fatia do mercado global. As empresas são modestas com experiência na administração de aeroportos em país como a Argentina. Então, no discurso dos grandes jornais liberais brasileiros se o governo abre mão da manutenção do poder do Estado, não atingiu o requisito básico: abrir as portas para os megainvestidores globais. Sem contemplação.

Por outro lado, parte dos petistas sofreu ao ouvir o grito dos tucanos jogando nas suas costas a marca de privatizador. Com a medida, o Partido mordeu a língua ao chamar os peessedebistas de entreguistas dos bens públicos por várias campanhas? A rigor, muita gente falando dos dois lados, num processo de cacofonia, para nenhuma análise precisa. Houve a privatização, o que vai dar ninguém sabe.

No final, a análise de que a política ideológica vai perdendo suas cores, de modo que as definições ocorrem conforme as circunstancias de poder. Depois, as decisões se efetivam mais no enfrentamento partidário do que exatamente a partir das análises da opinião pública. Muitas vezes o discurso vale mais do que as ações.

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