Luís Gustavo de Araújo*
Colaboração para NODEBATE
Os
tucanos tem por característica fazer campanhas profissionais, com
estratégias bem definidas com antecedência, e esse suspense todo é mais
uma arma para tentar voltar ao comando de Goiânia
Imagem – Site O Popular
Eleições 2012 Goiânia – Tenho
alguma dificuldade em acreditar que um partido que conta com políticos
tão hábeis e experientes como o PSDB, que possui equipes de marketing e
comunicação tão profissionais, possa incorrer no erro estratégico de
largar atrás da disputa pela prefeitura de Goiânia. Muito pelo
contrário, acredito que a demora em apresentar o candidato tucano para o
pleito de outubro faça parte da estratégia.
Tende-se a confirmar a candidatura do deputado federal
licenciado e atual secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos,
Leonardo Vilela, pela base marconista. Leonardo tem base eleitoral no
sudoeste goiano, filho que é da cidade de Mineiros. Sem arranhões
iniciais na imagem do secretário, a estratégia pode ser mantê-lo
blindado de acusações, investigações e denúncias o máximo de tempo
possível.
A configuração do cenário para as eleições deste ano é a
seguinte: o prefeito Paulo Garcia (PT) irá à reeleição, o PSDB
representa parte maciça da oposição municipal, e o deputado federal
Jovair Arantes (PTB), se confirmar sua candidatura, é a terceira via,
rachando a base do governador Marconi Perillo (PSDB). Outras
candidaturas menores por certo aparecerão, contudo sem poder de
capitalização eleitoral.
Pois bem, o primeiro a confirmar a intenção de entrar
no páreo foi Paulo Garcia, e é o candidato natural, já que o atual
prefeito. Desde que assumiu a pré-candidatura o petista e sua
administração são alvos constantes. A artilharia é vasta, desde os
vereadores de oposição, com destaque para Elias Vaz (PSOL) e suas
denúncias sobre as obras no Mutirama, passando pelo deputado estadual
Túlio Isac (PSDB), que vez ou outra ataca Paulo na Assembleia
Legislativa, até os auxiliares diretos do governador, que não perdem as
oportunidades de colocar o dedo nas feridas do governo municipal.
Em um ano de obras o caso Mutirama já acumula 13
denúncias de irregularidades, muitas delas sem fortes subsídios, porém,
sempre mal respondidas pelo Paço. A secretaria de Esporte e Lazer e a
Agência Municipal de Obras também foram atingidas. Todas as mazelas
apresentadas até agora, mesmo que não tenham sido provadas, foram
impregnadas a imagem do prefeito. Até agora isso é empírico, mais ou
menos no “olhometro”, mas deve ser comprovado nas próximas pesquisas de
intenção de votos.
O segundo a declarar que era pré-candidato foi o
deputado Jovair. Então veio o bombardeio. Primeiro a denúncia de tráfico
de influência junto ao INSS em Goiás, e um processo por improbidade
administrativa. Depois veio a denúncia de que o presidente da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), Evangevaldo Moreira, indicado por
Jovair, estaria ligado a fraudes do exame da Ordem dos Advogados do
Brasil. Depois o próprio deputado e Evangevaldo foram acusados de tentar
extorquir Osmar Pires Martins Júnior, para que ele fosse reconduzido a
presidência secretaria de Meio Ambiente.
Houve a tentativa de estigmatizar Jovair, assim como
Paulo, como agente público corrupto que suborna, desvia, extorque. A
sociedade há tempos tende a condenar e rejeitar de maneira sumária
aqueles políticos tidos, em vocabulário recente, como ficha suja. Então, dos três projetos postos até então, qual o único
que não possui nenhum desgaste frente à população? Aquele que ainda não
está personificado, o do PSDB.
Os tucanos deixaram a administração da capital em 2000,
quando o então prefeito Nion Albernaz, hoje condutor master do processo
eleitoral no partido, não conseguiu eleger Lúcia Vânia (PSDB) como sua
sucessora. Assumiu Pedro Wilson (PT), que depois cedeu lugar a Iris
Rezende (PMDB), reeleito em 2008.
A oposição pode se desgastar, mas não foi o que
aconteceu nos últimos 12 anos em Goiânia. Vale lembrar que, em 2004 e
2008, o candidato de Marconi Perillo foi deputado Sandes Júnior (PP), em
detrimento a candidaturas próprias dos tucanos. Assim, desde a derrota
de Lúcia Vânia, será a primeira vez que o PSDB irá para o embate como
cabeça de chapa. Para que então se expor antes da hora?
Leonardo deve surgir como o novo, o diferente, a
renovação. Mesma estratégia usada por Marconi em 1998 para derrotar Iris
Rezende. Depois de 12 anos é hora do poder mudar de mãos, esse deve ser
o discurso tucano. Um jovem, arrojado, cheio de gás e ideias inovadoras
para capital, essa pode ser a construção da imagem de Leonardo, que
poderia ser abalada caso sua candidatura fosse antecipada.
Agora, penso que beira a inocência imaginar que o PSDB
está inerte, esperando o anúncio do nome do candidato para começar a
trabalhar, como muitos pregam. Como disse acima, os tucanos tem por
característica fazer campanhas profissionais, com estratégias bem
definidas com antecedência, e esse suspense todo é mais uma arma para
tentar voltar ao comando de Goiânia.
* Luís Gustavo Araújo é Jornalista e assessor de comunicação. Twitter @luisgustavoa