ELEIÇÕES, RELIGIÃO E POLÍTICA

A dúvida agora é saber qual a tendência dos eleitores de Marina Silva, os quais podem ser influenciados pela liderança da senadora, embora, não seja uma conta exata – as escolhas também são particulares.

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS - As eleições para a presidência da república não se encerrou no primeiro turno, como se imaginava por grande parte dos formadores de opinião. Houve surpresa de um modo geral, pois na reta final Marina Silva (PV) conseguiu crescimento, que de alguma forma já era esperado em função da perda de energia de Dilma Rousseff (PT). O mar de sites políticos que movimentaram a internet nas últimas semanas sobre a descriminalização do aborto afirmando maldosamente ser apregoado pela petista surtiu efeito, afinal, existem símbolos que se cristalizaram na opinião da sociedade, o que pode incluir neste rol a defesa da tradição da harmonia familiar, a base religiosa. O excesso de informações negativas dos meios de comunicação de massa que em conjunto também gerou incertezas no eleitor da petista na hora da de depositar o voto nas urnas.

Marina Silva, com sua dedicação à campanha com discurso eticamente correto no que se refere ao meio ambiente e com imagem de boa família e religiosa conseguiu arrebanhar votos de parte dos indecisos. José Serra (PSDB), por sua vez, se manteve no seu patamar sem sinalizar mudanças na sua aceitação. A candidata do PV arremessou o ex-governador paulista no jogo, no apagar das luzes. Verdade que alguns estados em que as pesquisas sinalizavam vitória de Dilma, o tucano conseguiu chegar à frente, mas com diferenças pouco significativas, no geral.

A dúvida agora é saber qual a tendência dos eleitores de Marina Silva, os quais podem ser influenciados pela liderança da senadora, embora, não seja uma conta exata – as escolhas também são particulares. Afinal, o PV é um partido que tem com liderança representativa de Fernando Gabeira, que sai derrotado das eleições para o executivo do Rio de Janeiro para Sérgio Cabral (PMDB), de maneira sofrível. Talvez seja o reflexo de suas afirmações de “novo Gabeira” ex-petista, o qual estranhamente esteve em dois barcos apoiando também José Serra. Ou seja, há uma ruptura neste momento, pois não há consenso no partido sobre quem apoiar.

Considerando que na política, alguns nomes definem sua linha ideológica, como parece ser o caso de Marina Silva, alinhar-se aos tucanos pode significar a perda de lideranças dos seus eleitores no futuro, pois, pertenceu aos quatro do PT por longos anos, saudosamente lembrado por ela na campanha, o que torna a sua participação com Serra um risco para sua imagem de defensora do meio ambiente – afinal como relacionar liberalismo econômico e preservação do meio ambiente? - e pessoas excluídas do capital. Terá que se decidir.

Sem dúvida será uma campanha difícil para ambos os lados, pois se Dilma tem ao seu lado o presidente mais popular da história do Brasil, além de grande número de deputados, senadores e governadores eleitos, por outro José Serra tem ao seu lado grande parte dos meios de comunicação de São Paulo e Rio de Janeiro e muitas cidades em rede em outros estados brasileiros, que mais uma vez tentará impor ritmo na campanha presidencial.

Contudo, considerando o processo eleitoral no primeiro turno, o momento social vivido de rupturas de modelo econômico e político, a chance de vitória é da pestista Dilma Rousseff. Entretanto, devem-se aguardar os primeiros movimentos de campanha para se ter uma imagem mais clara do quadro eleitoral nesta fase.

0 comentários:

Postar um comentário

Dar a sua opinião é participar, ativamente, do espaço social.