ERA DO FUTEBOL

Desta maneira, se equivocou o treinador, que assinou contrato que reza ser também um personagem da milionária trama, que mistura ficção e real, ao sabor do sonho de uma audiência aberta e desejosa de grandes emoções, oníricas.

FUTEBOL - O sonho brasileiro, de festejar mais uma vitória do futebol na copa do mundo, não se materializou como muitos propagandearam, apesar dos signos dizerem o contrário, pois, desde o princípio estava evidente a falta de atletas que pudessem atuar como criadores, para uma equipe que avançasse contra os adversários. A culpa, evidentemente que não é do técnico e menos ainda de algum jogador em particular. A questão a analisar é o tempo vivido pelo futebol brasileiro, que não é mais simplesmente uma paixão a se comemorar, perdendo ou ganhando, mas se tornou um meio de especulações financeiras, que necessita de formar astros, mitos, como numa fábrica, em detrimento da qualidade moleque das jogadas em campo. Uma pena!

A tentativa de distanciar os jogadores dos assédios da imprensa, dos lobbies e torcedores em busca de heróis fez com que o técnico Dunga se tornasse o mais antipático dos treinadores, cuja saída é comemorada pela grande mídia brasileira, que não pôde mostrar as esperadas entrevistas coletivas, ou projetar as preferência consumistas dos grandes ídolos. Isto interferiu na produção de muitos programas de péssima qualidade, e no ritmo normal do espetáculo televisual de alguns gêneros. Desta maneira, se equivocou o treinador, que assinou contrato que reza ser também um personagem da milionária trama que mistura ficção e real, ao sabor do sonho de uma audiência aberta e desejosa de grandes emoções, oníricas.

A própria CBF, destacada pela mídia – e não nega - está queixosa como a atitude de Dunga, pois havia um contrato, mesmo que tácito, o qual estabelecia a informação-show do selecionado, circunstância muito apreciada pelos jogadores que querem o brilho da vitrine mundial, que faz a alegria e sobrevivência dos ricos empresários também dos atletas, que mal conseguem esperar o final da copa para conhecer os resultados das negociações entre as grandes empresas do futebol global. Nesta arena, além do desejo do jogador de estar diante das inúmeras câmaras há a pressão extra-campo feita por homens que vivem dos personagens do futebol. Portanto, o problema de um técnico começa fora do campo muito antes de copa e movimenta um rico comércio, às vezes distante da arte do drible e toques de bola.

Como resultado, a rapidez do mercado de jogadores não tem tempo o suficiente para conhecer novos atletas, que não passam nas finas peneiras dos clubes-empresas, onde possivelmente são retidos meninos que poderiam oferecer alegria e prazer aos brasileiros amantes do esporte. Com isso, como se vê torna-se fundamental a necessidade de formar ídolos com imagens, sem a resposta no campo, durante uma copa do mundo. O mundo passa substancialmente pelo entretenimento, mas o negócio não pode matar a arte e o sonho dos torcedores que comparecem aos estádios, se vestem de verde amarelo, destacando as cores de uma nação inteira, e desfilam com as cores dos times preferidos.

Demissão - Carta de Dunga à CBF

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