O discurso de um Estado ineficiente é uma forma de manutenção do status quo e defesa da perenidade de uma ordem injusta. Educação, igualdade e justiça somente existem juntas.
EDUCAÇÃO - A diferença que persiste entre a escola pública e particular, conforme dados públicas pelo Inep, das avaliações realizadas no Enem, não deveria assustar pessoas conscientes, pois apenas atesta a realidade vivida por uma sociedade desigual, de fato injusta, em que alguns conseguem obter qualidade de vida e outros nem tanto. Se olhados detidamente os números chega-se a conclusão de que as instituições onde estudam pessoas com poder aquisitivo acima da média tem maior proveito educacional, numa soma entre família com melhores rendimentos e estrutura educacional condizente com o poder econômico. O contrario também é verdadeiro, ou seja, menos condições de vida, mais dificuldades de acesso ao ensino de qualidade e pior rendimento escolar.
Para uma análise próxima da realidade é preciso avaliar a estrutura social, a rigor, deste modo é possível chegar a algum resultado satisfatório para uma sociedade com mais igualdade, pois a distancia entre as classes sociais no Brasil é abissal, o que pressupõe capacidade de articulação de grupos em detrimento de outros, no uso das verbas públicas e manutenção da ordem social. A mudança no sistema social certamente é o caminho para a estruturação de um ensino de qualidade, com professores qualificados, com educação inclusiva. Afinal, seria impossível imaginar democracia em um universo de indivíduos economicamente desiguais, de modo aviltante.
Sem dúvida o ensino fundamental e médio tanto público quanto privado precisa ser pensado numa ordem que permita a formação para se exercer a cidadania e não exatamente a formação para o mercado, o qual exerce o seu poder de concentração de rendas, na maioria das vezes. No espaço público a busca de estratégias para o conhecimento de transformação social é necessário e urgente. Não adianta seguir modelos estabelecidos em outras comunidades, outros países, mas entender os graves problemas brasileiros, a participação das pessoas na decisão de seu futuro é uma exigência indispensável.
A privatização do ensino superior público não resolve a questão educacional, mas a conscientização dos intelectuais do seu papel na sociedade se torna fundamental. Não se trata de um emprego vitalício pago pelo cidadão, mas tem função social, de inclusão.
A mídia, ao debater o tema traz a certeza de que as escolas particulares são eficientes e as públicas não servem aos propósitos de uma sociedade moderna, o que não tem solidez na realidade. O discurso de um Estado ineficiente é uma forma de manutenção do status quo e defesa da perenidade de uma ordem injusta. Educação, igualdade e justiça somente existem juntas.
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