Poder e comunicação

Se há concentração e domínio há resistência. Não seria outra coisa a atitude de um ambulante, Mohamed Bouazizi, de 26 anos, que oprimido pelo poder governamental se embeber de sorvente de tinta e atear fogo sobre si.

GLOBALIZAÇÃO - Não há dúvida que determinados assuntos caem na mídia e geram uma inflamada discussão, pois, os movimentos que ocorrem no norte da África e Oriente Médio diz respeito a uma sociedade globalizada, em decorrência de processos comunicativos que perpassam todas as comunidades. A refutação dos poderes das pessoas populares e fortalecimento do discurso do mais forte, continua nos temas do dia de milhares de jornalistas a serviço de uma democracia de governos e apenas industrial. Neste instante, vale até mesmo em utopia e defesa feita, equivocadamente, da eternidade de um sistema que necessita de cérebros iluminados para funcionar.

Portanto, a defesa de grupos eternos líderes e pessoas perenemente formatadas como massa, sem a capacidade de resistência. Evidentemente que se são apenas discursos com força de convencimento que há séculos torna real o martírio de muitos. Entretanto, é necessário pontuar que o processo de formação de conhecimento e poder leva tempo, e a cada giro da roda cronológica surgem novos poderes, o que exige emergir metodologias de poder, sem fim.

Independente da internet a evolução social é inexorável, pois passamos – na complexidade do coletivo - por monarquias e buscamos novos sistemas, com a fortificação do capitalismo, que precisa se renovar ano após ano para dar conta das exigências mutáveis das pressões, sobretudo, populares numa dinâmica de poderes.

Não foi a internet que reduziu o poder econômico e da ordem global dos Estados Unidos, e trouxe a China – com tradições comunistas - para o jogo de poderes globais, mas é o efeito da mutabilidade do pensamento do coletivo, que ao longo do tempo conhece os discursos que direcionam equivocadamente para a penitência e suplício. Todavia, não se deve esquecer que os meios de comunicação tem participação efetiva na formação discursiva tanto dominante, quanto de resistência, o que nos permite afirmar que o espaço comunicativo on-line agrega novos valores ao discurso e poderes sociais. Certamente, a roda sistêmica tende a girar mais rapidamente nestes tempos, o que exige mais discurso e mudanças para atender as resistências.

Não se trata de uma atenção deslumbrada aos novos meios de comunicação, simplesmente. Pois, como se sabe os inventores destas novas mídias estão sentados sobre o trono da economia global, o que não deve ser em função de uma busca de interesses sociais, mas efetivamente econômicos, com a boa vontade do universo publicitário, o qual por sua vez exige produção e consumo, de maneira frenética. Todavia, não é o que ocorre nas regiões com enfrentamentos políticos, que exige modificações nas lideranças ou dos próprios governos autocráticos e antidemocráticos.

Se há concentração e domínio há resistência. Não seria outra coisa a atitude de um ambulante, Mohamed Bouazizi, de 26 anos, que oprimido pelo poder governamental se embeber de sorvente de tinta e atear fogo sobre si. Em essência, o domínio está também na capacidade de se comunicar, e os sistemas, econômico ou religioso, são sustentados por poucos que tem tecnologia para o poder, mas permitem a explosão da comunicação no coletivo, como se vê.

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