Internet revolucionária?

Não se trata de perdas de identidade de cada nação, deverá ocorrer hibridização, mas não o suficiente para formar uma sociedade cuja política e cultural global sejam homogêneas

COMUNICAÇÃO - A internet vem ao longo dos últimos anos mexendo com a forma de organização da sociedade em vários sentidos. Desde a maneira imaterial de se relacionar, com corpos separados a distancias imensuráveis, até o espaço público, que de alguma forma acaba relacionando pessoas com culturas e políticas distintas. Se há críticas sobre a criação de um mundo do espetáculo, há a positividade de debates que ficariam circunscritos a um lugar, que efetivamente se espalha e reforça o direito de liberdade em países comandados por líderes truculentos e antidemocráticos.

Os países da África e do oriente médio sofrem com a disseminação deste novo modo de se comunicar, que independentemente da língua nativa, transpõe todas as fronteiras, desde os limítrofes da cada país e perpassam os muros religiosos, talvez as mais complexas para interações simbólicas. Como exemplo, o que ocorre no Egito, cujo presidente Hosni Mubarak está no poder há mais de três décadas, cujo sistema político impede a participação popular nas eleições, embora seja uma república - jovem sendo proclamada em 1953. Situação de confrontos que repete na Síria, país Árabe, do sudeste asiático, com movimentos democráticos populares que se disseminam pelas regiões.

Com o objetivo de impedir as reuniões e manifestações virtuais entre populares, o que culminam em enfrentamentos físicos, a internet foi o alvo de interrupções pelos governos encalacrados no poder, usufruindo de benefícios inimagináveis por quem procura liberdade. Mesmo sem os recursos on-line os ataques contra o sistema político não cessam, o que deverá resultar em queda das lideranças e início de transformações políticas e do sistema partidário – o que não se resolve em pouco tempo, bem verdade. Se analisadas nações arraigadas nas tradições religiosas as mudanças não são fáceis, mas o que chama mais a atenção é que até mesmo no hermético espaço da religiosidade há rupturas, se analisado no cenário das políticas sociais.

Não se trata de uma nova era, mas a emergência de uma sociedade que se comunica com rapidez e trocas efetivas de informações, levando inevitavelmente ao contágio com outras formas de organização e esferas públicas. Não se trata de perdas de identidade de cada nação, deverá ocorrer hibridização, mas não o suficiente para formar uma sociedade cuja política e cultural global sejam homogêneas. Ainda que sem uma análise mais meticulosa, vale à pena imaginar povos que se comunicam, o que gera implicações em todos os "quadrados".

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