Não cabe questionar a importância da liberdade imprensa para a democracia, entretanto, não se podem esquecer os interesses coletivos de uma sociedade que sabe dos fatos, apenas definidos pelos meios de comunicação, arbitrariamente, sem respeitar o homem comum, cuja regulamentação é dos próprios enunciadores.
MÍDIA - A autorregulamentação da imprensa no Brasil é de fato uma piada de mau gosto. No encontro da Associação Nacional dos Jornais, ocorrido na semana passada, que reuniu grandes empresários de redes comunicação, acertaram a necessidade de estruturação de novas regras para o jornalismo do país. No cerne do discurso está a terrível ameaça do governo federal, proposta a cercear a liberdade das mídias. Com o fim da lei de imprensa, da obrigatoriedade do diploma de jornalismo, os donos de empresas asseveram que precisam regulamentar a imprensa brasileira.
Conforme editorial do Jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira(23) "Em hora oportuna a Associação Nacional dos Jornais anunciou a criação de um mecanismo de autorregulamentação. De acordo com a presidente da ANJ, Judith Brito, reeleita na sexta-feira, a entidade organizará até o final do ano um conselho autônomo, destinado a examinar queixas contra periódicos afiliados e impor eventuais sanções". Dois pontos a serem analisados, a presidente da Associação é funcionária do jornal paulista, portanto, ligada aos interesses particulares das empresas. Ademais, como apregoar liberdade de imprensa, sem a participação da sociedade civil? Pode-se chegar à conclusão de que não passa de retórica, pura e simplesmente. Depois, como avaliar sanções a um veículo de comunicação, considerando que os participantes formam uma rede de interesses particulares? Qual será o princípio ético a ser seguido?
Não cabe questionar a importância da liberdade imprensa para a democracia, entretanto, não se podem esquecer os interesses coletivos de uma sociedade que sabe dos fatos, apenas definidos pelos meios de comunicação, arbitrariamente, sem respeitar o homem comum, cuja regulamentação é dos próprios enunciadores.
Por trás desta discussão da ANJ estão os interesses corporativos das empresas brasileiras que enfrentam concorrência internacional, principalmente, na internet, o que já afetam os seus lucros. Desta forma, o objetivo é pressionar o governo a promover reserva de mercado para os grandes jornais, e rede de mídias, pois há no país uma severa concentração de veículos de uma mesma família.
Mas o que chama mais a atenção é que nos anos 90 os mesmos empresários lutaram para abertura de mercado, com maiores investimentos estrangeiros nos veículos de comunicação brasileiros, com limites definidos pela constituição. Hoje, diante da competição acirrada o discurso é o fechamento do capital internacional. Entretanto, por anos a população convive com altos custos da telefonia, produção centralizada em São Paulo e Rio, em detrimentos da cultura regional, além da política de preço alto cobrado pela internet, e baixa velocidade de navegação, principalmente no interior do país.
Desta forma, torna-se importante a participação da sociedade nestas discussões e que dizem respeito a todos, pois estamos na era da comunicação e informação.
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