Economia, mídia e estado

Bom senso e espírito de justiça não fazem mal a ninguém, principalmente aqueles, reles mortais, que seguem cegamente o discurso hegemônico.

ECONOMIA - Após a crise mundial, notoriamente, mais intensamente, se trava uma discussão que se arrasta há séculos: qual o papel do Estado, num sistema capitalista. Sua função seria de servir ao mercado, para que este pudesse gerar o desenvolvimento econômico, igualitário e justo? Claro, as respostas demarcam as linhas de pensamento entre os liberais e socialistas, entretanto, torna-se fundamental entender que o sistema capitalista sofre, nos últimos anos, sucessivas derrotas em função da falta de regulamentação econômica pela sociedade, o que traz graves consequências para a população e enriquecimento de grupos minoritários, que fazem apostas controladas (no sentido de transferir para o público as possíveis perdas) no mercado financeiro.

Esta discussão, afinal, deverá nortear as discussões eleitorais no Brasil este ano, entre Dilma Rousseff, que propõe um Estado forte e regulador, e José Serra, que sinaliza para a liberdade de mercado, a exemplo do que fez o seu amigo de partido e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi responsável, durante os seus dois governos, por privatização de grandes estatais, seguindo consenso de agências econômicas globais.

Sobre este assunto, em resumo, a decisão será da sociedade, entretanto, cabem algumas análises, pois é comum ler, ouvir ou assistir na grande mídia brasileira a defesa intransigente de um mercado, o qual de fato, não trouxe a igualdade e democracia tão sonhada pelo homem comum, desde a revolução capitalista. O fim do estado não se materializou, pois se tornou fundamental até mesmo para as grandes empresas que necessitam de regulamentação em diferentes países para funcionar. Caso contrário, não haveria a segurança de uma instituição que resguarda o direito à propriedade, mesmo considerando as aviltantes diferenças econômicas, entre os que possuem e aqueles marginalizados neste processo, seja localmente ou globalmente.

Desta maneira, a existência do Estado torna-se fundamental para os donos de conglomerados, e para a sociedade que se quer estabelecer níveis de igualdades entre os atores sociais. No entanto, cabe uma ressalva, este Estado precisa ser estruturado de maneira a fazer prevalecer os interesses públicos, numa perspectiva da formação de instituições que regulamente a partir do público, e não simplesmente ser uma instituição pública com interesse privado. Há diferenças. Pois, neste contexto estão Estados Unidos, com um presidente que tenta, esporadicamente, fazer valer o poder do Estado público democrático que sofre as intervenções dos falcões da economia, que o obriga a recuar de suas atitudes pontuais voltadas para o interesse público.

Em síntese, fica claro que o Estado interessa ao mercado, e faz sua defesa, entretanto, com a ressalva de estar submetido às leis que resguardam de maneira intransigente liberdade financeira, o que de fato não promove a igualdade e reduz a marginalidade de uma sociedade distante da capacidade de ser cidadã. A rigor, a cada dia, grande parte das mídias defende interesses liberais, com um discurso que menos esclarece e mais define um jogo que mantém uma estrutura que serve de base para crises em todo mundo. Bom senso e espírito de justiça não fazem mal a ninguém, principalmente aqueles, reles mortais, que seguem cegamente o discurso hegemônico.

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