Antes de tudo precisa haver diálogo entre estas instituições, sem cair no reducionismo prático: “então acabamos com a prova da Ordem estamos conversados”
Não seria sequer razoável pensar a educação fora dos espaços sociais, como se a população vivesse numa redoma, definida por determinada lideranças que estão acima das transformações necessárias, quando se pensa uma sociedade que tem seus movimentos contínuos. Neste sentido, o comportamento das pessoas sofre influência, num ciclo que não se repete na busca de adequação ás novas lógicas, conforme o sistema e suas pressões. As próprias religiões com princípios milenares sofreram por imposição mudanças radicais, caso contrário perderiam fiéis. No final, até mesmo a forma de interpretação vai se esmaecendo de narrativas de séculos, se adequando a nova visão de mundo, muitas vezes numa mistura entre religiosidade e capitalismo, pendendo mais para um lado ou outro.
Não há dúvida que o sistema com base no capital comercial, financeiro e funcionalista faz parte do meio acadêmico, tornando-se sobremaneira um equívoco imaginar que este é o comportamento somente das instituições particulares. As Universidades públicas vem a reboque deste processo, pensando o estudante a partir da empregabilidade de cada curso, abrindo mão do aprofundamento das teorias clássicas, fundamentais para a formação do pensamento crítico e estruturante, com exceções importantes. Ponto.
Neste mar revolto, em que o sistema exige manobras dos tripulantes não se pode conceber que não haverá adequação. Desta maneira, seria estranho pensar o comportamento social com base em navegação em águas calmas, se os movimentos silenciosamente são cada vez mais frenéticos. Ora, se há aumento da necessidade de consumo das pessoas a cada vez que sai à rua ou liga a televisão, não se pode querer que o empregado-estudante se disponha de convicções que estejam fora do discurso atual. Ou pode? Querer que alguém fique horas e horas fazendo leituras de volumosas obras clássicas, enquanto a ordem diz que o resultado imediato é mais importante e profícuo para uma vida feliz, agora?
As faculdades não apresentam em suas peças publicitárias nenhuma analogia ao princípio da reflexão, o estudante já é fisgado aqui, tecendo a teia da educação moderna, o qual leva ao pensamento de resultados possíveis, como enriquecer logo depois de formado. Como exemplo, no jornalismo, nossa praia, a reprodução bancada do jornal nacional, simplesmente, resulta em satisfação, muitas vezes plena de êxito. Então, uma pergunta, o que pensa a OAB neste sentido? Afinal, está na base de sustentação do capitalismo moderno.
Por fim, não traz conforto para o meio acadêmico saber que existe grupos externos ao campus universitário, prestando o papel de examinador de formados que passaram pelo crivo dos métodos de ensino, feito por pesquisadores qualificados da área de conhecimento. Desta maneira, os professores teriam que se adequar às lógicas de uma categoria e não exatamente ao modelo que se entende ubíquo para a formação de cidadãos, ativos num sistema social, não de grupos hedonista, conforme suas prerrogativas. Antes de tudo precisa haver diálogo entre estas instituições. Sem cair no reducionismo prático: “então acabamos com a prova da Ordem estamos conversados”.
Há sem dúvida descompasso entre academia e instituições sociais, que servem de suporte para uma sociedade do consumo, o grande ideal moderno, com intelectualidade que tende ao adequar-se. A OAB quer perpetuar a estrutura da ordem, mesmo diante de novos paradigmas desestruturantes. Contudo, como se vê com mudanças ao longo do tempo.
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