Aécio, muito o que dizer na Folha

O Neto de Tancredo Neves sempre se mostrou vivendo intensamente dois mundos distintos, o de garotão das grandes festas entre Rio de Janeiro e São Paulo e o do cenário político

POLÍTICA – A sensação que aflora na sociedade nos tempos atuais é que o jogo político está cada vez mais acirrado, com cada jogador e instituições tentando convencer o maior número de pessoas sobre seus projetos. Para esta semana, nesta ampliação do discurso de grupos da liderança partidária, Aécio Neves torna-se articulista do jornal Folha de S. Paulo, lugar que também foi ocupado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O jornal de maior circulação do país sabe da sua importância e valoriza a característica paulista de ser, da ampliação econômica escorada na política, que deveria também se preocupar com o social.

Na condição de mineiro nunca consegui ver em Neves o grande líder político, apesar de estar permanentemente sendo destacado pelos meios de comunicação mineiros e paulistas. O Neto de Tancredo Neves sempre se mostrou vivendo intensamente dois mundos distintos, o de garotão das grandes festas entre Rio de Janeiro e São Paulo e o do cenário político, reproduzindo ideias conhecidas pelos brasileiros: o mesmo do mesmo.

Em Minas Gerais, diante de velhos homens da política em meio aos tradicionais nomes, Neves se destaca com grande popularidade entre os mineiros, mantido por avassaladora quota de publicidade, tanto em seu estado como nos grandes veículos de São Paulo e Rio de Janeiro. Portanto, está sempre nas páginas das grandes mídias nacionais, como se mostra o interesse das empresas de comunicação por FHC, que intensa exposição midiática, que se espalha pelo país do centro.

Economista pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, o político se apresenta como um jovem capaz de salvar o Brasil, diante da velha política e dos velhos políticos, mas infelizmente não oferece nacionalmente um discurso, não tem bandeiras, a não ser das lógicas de aproximação público-privado, abertura de rodovias, negociações com o comércio e instituições internacionais. Em essência, o que os tucanos de um modo geral vivem reproduzindo, sem acrescentar novidades para um país de injusta desigualdade e problemas sociais. Não é por outro motivo que seu companheiro de partido, José Serra, é sempre criticado pela possível aversão aos pobres.

Assim, de imediato a convicção que sobressai é a busca da manutenção de discurso e modelo social que se arrasta por séculos, com mudanças no sentido de fortalecer as lógicas permanentes. Aumentando-se os enfrentamentos políticos, a imprensa ganha sempre mais importância, conforme sua participação no cenário político. Sobretudo, se considerarmos que o Brasil reproduz o que vem das capitais paulista e carioca.

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