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Eis um processo de disciplina dos funcionários públicos, os quais atenderão, depois de formados, a determinados referenciais de empreendimentos - a empresa enquanto modelo. O trabalho já começou

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - O governador Marconi Perillo vem seguindo à risca a cartilha do tradicional PSDB, tornar o estado um sinônimo de atividade empresarial, mesmo considerando a característica da instituição de ser um órgão público, cuja essência está em atender as exigências sociais, a partir de formação de um quadro de funcionários estáveis. 

Assim, o objetivo é não deixar que os movimentos políticos, com alternâncias de cargos a cada quatro anos, afetem o desempenho dos interesses da sociedade. A meritocracia, ao contrário, significa que o funcionário público será escolhido a partir de um (outro) exame, mas cujos critérios foram estabelecidos pelos políticos empreendedores. 

Neste princípio de gestão, o governador sinalizou para a privatização de alguns órgãos estatais, proposta pela qual recebeu muitas críticas; os jornais destacaram ontem (19) a parceria entre a administração estadual e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), cujo objetivo, fundamentalmente, é atender os anseios do sistema meritocrático empresarial. 

No site da instituição (http://www.mbc.org.br/mbc/novo/) pode-se ler: "o Programa Modernizando a Gestão Pública auxilia o Setor Público a aumentar a capacidade de investimento por meio de ações como treinamento do corpo gerencial e colaboradores." Dois pontos: Goiás será avaliado por administração externa ao espaço cultural regional; neste sentido será necessário o treinamento do corpo gerencial e colaboradores. 

Eis um processo de disciplina dos funcionários públicos, os quais atenderão, depois da formação, a determinados referenciais de empreendimentos - a empresa enquanto modelo. O trabalho já começou.

Necessário avaliar que o Brasil tem más lembranças de ingerência externa. No período da febre das administrações que acreditavam que os resultados primorosos viriam de autoridades competentes dos grandes centros desenvolvidos, não de funcionário tupiniquins. Fernando Henrique Cardoso, do mesmo partido do governador, viu sua popularidade cair quando a apostas do FMI no país afetou negativamente a economia brasileira. Até hoje o ex-presidente e a cúpula do partido evitam os temas privatização e envolvimento externo. 

Na realidade o Consenso de Washington, na década de 90 representou a aceitação de um processo imperialista, o que culminou com o esgotamento das propostas tucanas. Confirmado depois, pela imprensa e opinião pública, que os países que aderiram ao movimento econômico norte americano tiveram os piores resultados em suas economias.

De fato, não quer dizer que as ações de Perillo levarão ao mesmo fim de FHC, poderá ter resultados positivos, entretanto, os exemplos anteriores não são mesmo de otimismo. Afinal, "prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém", diz o provérbio.

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