Se há espaço para fichas sujas na estrutura do poder, talvez seja o momento de avaliar o sistema como um todo.
POLÍTICA - Na atualidade alguns líderes políticos puseram em discussão o impedimento dos políticos fichas sujas, ou seja, aqueles com pendências na justiça, de participarem do pleito eleitoral, com votação adiada na Câmara dos Deputados. A rigor, seria uma medida que iria moralizar o território político brasileiro? A justiça reuniria condições de ser a balança entre o bem e o mal? Uma coisa é certa, a decisão de escolha não seria mais do cidadão, visto como incompetente, mas haveria outros parâmetros sistêmicos para definição de quem está apto para exercer um cargo político.
Nada contra a capacidade da justiça brasileira de estabelecer a ordem do sistema social, conforme julgamentos em tribunais, na tentativa de ser isenta e imparcial. Entretanto, torna-se necessário entender que a sociedade deve ter a competência para realizar sua própria escolha, de maneira soberana, ainda com o apoio dos homens que resguardam a lei. Deste modo, ao contrário, conforme o que se propõe, os operadores do direito fazem uma escolha prévia, a partir de seus instrumentos (nem sempre isento, não distante do universo político) para depois a sociedade dar o seu voto, decidir.
Além do mais, no Brasil há diferenças culturais em cada Estado, no qual a comunidade deverá ter os seus parâmetros de escolha conforme particularidades e entendimento. O homem do século XXI não pode ser considerando incapaz diante das grandes transformações tecnológicas e de conhecimento. Será que o sistema é tão complexo que os pobres mortais não pode entendê-lo, com clareza e necessita de mediadores?
A política certamente não é lugar de marginais, mas é a rigor um lugar de participação da sociedade, apesar de suas diferenças e interesses. Talvez a justiça não esteja ainda em condições de escolha, neste campo, em lugar da maioria. Ademais, por detrás de determinadas ações há quase sempre estratégias de manutenção de status quo. Se há espaço para fichas sujas na estrutura do poder, talvez seja o momento de avaliar o sistema como um todo.
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