Desinformação!

Talvez até mesmo o vizinho, ainda, seja uma boa oportunidade para se buscar informação.

MÍDIA - A cobertura nas eleições deste ano aponta para uma guerra de nervos entre os diversos meios de comunicação que decidiram seguir a lógica, segundo a qual a imparcialidade não existe, e cada empresa jornalística deve ser transparente quanto as suas opções partidárias. Uma discussão e tanto, pois o leitor com dificuldade para fazer comparações em diversos meios deverá realizar escolhas na grande mídia e nas comunidades eletrônicas. Talvez até mesmo o vizinho, ainda, seja uma boa oportunidade para se buscar informação. Como exemplo do problema: em Goiânia a festa promovida pelo candidato ao governo do Estado Marconi Perillo (PSDB) tem números desencontrados entre o Jornal Diário da Manhã que deu destaque para 40 mil pessoas no evento, enquanto o Jornal Opção enumera 16 mil, menos da metade. Quem fez corretamente a contagem?

O Jornal o Popular preferiu recorrer às fontes: “O senador (Marconi Perillo) disse que não tinha conta do número de presentes. O secretário-geral do PSDB, Sérgio Cardoso, falou em 30 mil pessoas. Segundo militares, havia entre 10 e 15 mil. O salão, que ficou lotado, tem capacidade para 7 mil pessoas, segundo a assessoria do Atlanta Music Hall. Desta forma, o número pode ainda mais reduzido, menos de 10 mil?

Num país conservador como o Brasil, cuja estrutura precisa ser mantida tem os veículos de comunicação como mediador para manutenção de uma ordem estabelecida que privilegie grupos sociais, os quais, a rigor, perduram no poder político e econômico. Desta forma, deverá haver um discurso muito concentrado sobre a lei e a ordem, as quais precisam existir desde que não avilta as diferenças sociais e a proposta de democracia, a partir do interesse do público. Não resta dúvida da importância dos meios de comunicação para sociedade moderna, entretanto, deve-se considerar o respeito com a audiência, os seus valores e direito a informação, no mínimo, isenta de interesses, principalmente, econômicos.

A falta de informação que leve a reflexão, e no final traz desinformação, possivelmente seja o motivo pela perda da audiência das tradicionais mídias, pois a construção de um mundo descontextualizado da realidade pode, às vezes, ser percebido por uma sociedade que tem o cotidiano como referência. Além do mais o que não falta no universo das tecnologias é contato virtual que pode resvalar num real, o que talvez minimize a dependência das informações institucionais, e talvez sirva como mais um lugar para saber dos acontecimentos diários numa sociedade complexa.

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