Bode expiatório, de novo

O senador Sarney certamente não é o primeiro a atacar os cofres públicos para interesses particulares


Política - A discussão sobre a crise no Senado volta novamente a levantar uma questão que sempre foi complicada para as pessoas de bom senso: a saída de um parlamentar resolve o problema político brasileiro? Afinal, ao longo da história, quantos homens eleitos sofreram críticas severas da imprensa e da população, sem, no entanto estabelecer uma ordem democrática no poder? De fato, ao que parece o problema não está exatamente, tão simplesmente em nomes, mas numa estrutura que continua privilegiando grupos que estão acima do interesse público.

Evidentemente que as críticas são necessárias e informar a opinião pública é indispensável, entretanto, cabe ressaltar a necessidade de se buscar discussões mais aprofundadas sobre os assuntos complexos como em casos que envolvem política. O senador Sarney certamente não é o primeiro a atacar os cofres públicos para interesses particulares, fato que se repete nos menores municípios brasileiros, sem punição, quase sempre, longe do olhar da grande imprensa. Renan Calheiros, nunca é muito lembrar, apesar das ainda recentes duras críticas da mídia e evidências de participação em enriquecimento com uso do poder parlamentar de maneira ilícita, continua no poder e dando as cartas.

Ademais, os nomes que aparecem nas páginas de jornais pegos em escândalos, muitas vezes, fazem parte de estratégias políticas de grupos que buscam atingir os adversários e galgar espaços no poder público. Passado o período de enfrentamentos por interesses, os antigos homens apedrejados passam a fazer parte das cúpulas que necessitam de apoio para enfrentar os novos rivais. Portanto, circunstancialmente a informação em excesso pode resultar em direcionar o olhar da opinião pública para determinados fins políticos momentâneos.

Além do mais, faz parte deste cenário o poder econômico, parceiro de primeira hora dos movimentos políticos, definidores de estruturas que privilegiam e geram resultados financeiros, advindos dos cofres públicos, com reflexos nos estados e municípios.

A solução está na formação de uma sociedade consciente que possa exigir o respeito com o público e a democracia - a qual deve atender a todos perenemente.

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