ESTRATÉGIAS PÓS-MOERNAS

O salto aos olhos neste momento o grande apoio popular dado a Barack Obama, conforme relato da imprensa, cerca de 80%. Assim, o país-império atinge um de seus ideais: não ser odiado como na, impopular, era Bush, o que poderá render uma relação menos conflituosa com o mundo.


A data da posse do novo presidente dos Estados Unidos se transformou numa grande apoteose, com transmissão que atingiu o mundo todo, ao vivo, sem deixar nenhum detalhe dos momentos da grande festa. Cabe no entanto não deixa de lado o racional e avaliar sem emoção as grandes questões que envolvem o momento atual do país-império nesta pós-modernidade. A princípio não se pode esquecer das estratégias econômicas, políticas e culturais que estão por trás das mudanças que envolvem a condução do sistema social mundial. De fato, não se pode afirmar que George Bush seja o grande culpado pela decadência do país americano e Barack Hussein Obama o grande salvador da pátria.

Escolher pode expiatório e deuses parece ser um lugar comum quando se quer evitar discutir a estrutura de um sistema que tem na sua formação instituições hegemônicas. Sobretudo, as grandes empresas, bancos, poder militar, organizações sociais. Os Estados Unidos, como todo país que se vê como império, têm seu tempo de prosperidade e decadência, como ocorreu com a Inglaterra, por exemplo. Os excessos cometidos na formação desta estrutura devem ser avaliados, afinal, não é possível imaginar um presidente ser eleito simplesmente pelo desejo dos cidadãos, sendo negros ou brancos. Por detrás da formação de um grupo dirigente há pessoas de poder financeiro que movimenta o espaço político. Não será diferente com nenhum presidente dos países mundiais capitalistas. Verdade é que Obama conta com apoio de grandes empresas, políticos e organizações que deram base para sua vitória, o que culminou no final com a aceitação da sociedade, formada por pessoas saturadas com um sistema imperialista criticado e odiado globalmente – um erro para uma economia imperialista.

Neste sentido é preciso analisar as estratégias, que muitas vezes, simplesmente, servem ao propósito de permitir mudanças para, no fim, manter a estrutura ou evitarem grandes perdas. A rigor, a decadência financeira dos Estados Unidos vem sendo formada ao longo dos últimos anos, com sucessivas crises do capitalismo, invitáveis, diga-se de passagem, devido à complexidade do próprio sistema conduzido por interesses de grupos, que, mesmo agindo no “coletivo” na defesa de um modelo, paradoxalmente, de maneira particular, cada um, busca enriquecimento egoisticamente.

O salto aos olhos neste momento o grande apoio popular dado a Barack Obama, conforme relato da imprensa, cerca de 80%. Assim, o país-império atinge um de seus ideais: não ser odiado como na, impopular, era Bush, o que poderá render uma relação menos conflituosa com o mundo. Mas será que com a troca de poder político o capital centralizador será menos hostil com os países pobres? Haverá mudanças no tratamento com os parceiros mundiais tidos estrategicamente como “eixo do mal”? As trocas econômicas envolvendo Estados Unidos e o resto do mundo não serão de imposição, algumas vezes com apoio militar – como é o caso do Iraque, Coréia do Norte, palestina e Cuba?

A torcida pelo sucesso social de Obama é claro nos quatro cantos do planeta. Inteligência e perfil de uma grande liderança são expressivos no novo presidente, entretanto, é preciso entender a dinâmica do capitalismo que de crise em crise vai construindo sua base para superar os entraves e manter-se na direção de mentes e corações. O que não se sabe é até quando a reação as mudanças vai ocorrer, pode ser este o momento de o mundo conhecer nova alternativa de sistema social. É aguardar para ver.

Em resumo, todavia, um império para continuar hegemônico precisa mudar suas estratégias de domínio e o seu discurso para manutenção de um sistema. Contudo, cabe aos leitores e debatedores procurar entender o que está por trás dos movimentos – verdade é que muitos intelectuais conhecem as nuances do poder, mas evitam a dissonância discursiva aparente. De fato, embarcar nas análises simplistas significa fazer parte de uma massa ainda passiva diante da realidade contemporânea, paradoxalmente, na era da informação.

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